Polícia vê inconsistência em caso de namorada que atirou em bombeiro

O caso aconteceu em Trindade na madrugada da última terça-feira (07/03)

Postado em: 11-03-2023 às 09h00
Por: Anna Letícia Azevedo
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O caso aconteceu em Trindade na madrugada da última terça-feira (07/03) | Foto: Divulgação

O delegado que investiga o caso de um bombeiro militar baleado pela namorada aponta inconsistências no depoimento da mulher. Rafael Moreira, 34 anos, levou dois tiros da namorada Franciele Moreno, 21, com quem namorava há dois meses. A jovem acusou a vítima de violência doméstica e justificou os disparos como legítima defesa. Porém, de acordo com despacho do Delegado de Polícia Bernardo Comunale, não havia provas do confronto físico que a jovem alegou. 

O caso aconteceu em Trindade na madrugada da última terça-feira (07/03). A suspeita afirma que o namorado a agrediu naquela noite, e após ser ameaçada de morte, pegou a arma dele e desferiu dois tiros nele como autodefesa. Em seguida, ela contatou a polícia com um telefone emprestado e acionou a polícia e bombeiro militar, quando as autoridades chegaram ao local Franciele estava na rua pedindo socorro e para salvarem a vida de Rafael.

O primeiro disparo atingiu a vítima no tórax e o derrubou da cadeira, quando interrogada sobre já ter manuseado armas, Franciele afirmou que não sabia, mas em casa tem arma de airsoft e era acostumada. A pistola, que tem registro no nome da vítima, foi apreendida. Em depoimento, ela afirmou “não está arrependida, que não iria apanhar mais”, reforçando a acusação de que já havia sofrido violência doméstica anteriormente. 

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A suspeita foi presa em flagrante, mas liberada após a realização da acusação de violência doméstica contra Rafael. Ela está sob medida cautelar, com a obrigação do fornecimento de um endereço e número de telefone. Porém ao não permanecer no endereço ela quebrou a medida. Como também a defesa da vítima realizou um pedido de mandado de prisão, pois afirmam que Franciele está assediando a família dele e também tentando reaver telefone, documentos e a permissão para entrar na casa. 

Inconsistências

Ao chegar à delegacia de polícia Franciele afirmou ter sofrido violência doméstica e registrou a ocorrência, além de pedir uma medida protetiva, estas foram realizadas. No laudo da Polícia Técnico-Científica do Estado de Goiás, consta que ela apresentava “lesões corporais recentes consequentes a meio de ação contundente compatíveis com o fato e cronologia narrados”. Dessa forma reforçando as alegações que ela apresentou.

Em seu depoimento afirmou que Rafael virou de costas para pegar uma faca e nesse momento ameaçou ela de morte. Nesse instante deixando a arma em um móvel próximo a ela, assim surgiu a oportunidade dela pegar a pistola e disparar contra ele. 

Porém, na faca não foram encontradas marcas que reforçassem o depoimento e  conforme o despacho, elaborado pelo Delegado de Polícia Bernardo Comunale: “as lesões apresentadas pela autuada, embora recentes, não são contemporâneas ao fato, mas de um ou dois dias antes”. Como também completou que “a versão apresentada pela autuada apresenta contradições e indica a possibilidade de um desfecho diferente do ococrrido”.

Sendo assim, o documento elaborado pelo delegado negou as alegações de Franciele para o dia do ocorrido. Como também a discordâncias em relação a narração, de acordo com a defesa da vítima, a arma estava no quarto que é próximo a porta de saída e ela poderia ter saído da casa. Além disso, Rafael estava sentado em uma cadeira no final do cômodo, e os disparos foram à “queima roupa” ou seja a uma curta distância.

Assim sendo o delegado acrescentou ao despacho “não vislumbro essa ter agido sob o manto da excludente da ilicitude da legítima defesa”. Dessa forma, indicando que Franciele não agiu em legítima defesa ao disparar dois tiros em Rafael. 

A advogada de Rafael, informou que ainda não tiveram contato com a defesa da suspeita e aguardam pela ocasião para promover o diálogo. Além disso, afirmam o desconhecimento da violência que Franciele cometeu, uma vez que não havia indícios de agressões por parte da vítima.

Estado de saúde

Rafael encontra-se em estado grave no Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL). Como o médico informou, o paciente não apresenta sinais de melhora e não responde a estímulos. Ademais, ele sofreu perfuração no pulmão e está com bala alojada na região cervical da coluna vertebral, precisa realizar cirurgia com urgência mas apresenta um quadro com muitas complicações. “O médico alega que ele não irá sobreviver”, informou a defesa da família.

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