Solo de Aparecida de Goiânia é propício a erosões

Especialista afirma que formação do solo de Aparecida favorece o surgimento de erosões

Postado em: 24-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Especialista afirma que formação do solo de Aparecida favorece o surgimento de erosões

Marcus Vinícius Beck*

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O solo de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital, favorece a formação de erosões. Em entrevista ao O Hoje na tarde de ontem, o geólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Roberto Malheiros, explicou que é possível encontrar vários tipos de erosão no município, já que a formação geológica da região é uma mistura de arenoso e argiloso. O estudioso afirmou ainda que a captação da água da chuva é uma aliadas das crateras que tomam conta de vários pontos da cidade. 

“O problema da erosão começa justamente com a retirada da proteção do solo. Esse processo é visto em várias fases, e começa com uma pequena erosão até chegar ao ponto em que elas se tornam enormes”, diz o geólogo. De acordo com ele, é preciso que a água seja usada com moderação nesse local. “Outra forma de diminuir o processo de erosão é usar com moderação os licitadores de energia. Hoje, um dos grandes problemas não só de Aparecida, mas de outros municípios goianos, está relacionado aos mananciais”.

Já a engenheira civil, Marta Pereira da Luz, frisou que a ocupação das áreas vizinhas aos reservatórios pode ser considerada a causas da erosão. “A partir das informações colhidas, elaboramos mapas de risco e suscetibilidade ao processo erosivo dos locais atingidos. Os mesmos poderão ser utilizados para estudos de implantação de novos reservatórios, na determinação prévia de áreas com maior potencial de geração de sedimentos e no direcionamento de ações governamentais para minimizar o problema”, diz.

O aposentado Abelardo da Silva, 74, relatou que um enorme buraco está incomodando a população da Vila Brasília desde o ano passado. Segundo ele, não houve qualquer tipo de ação por parte da Secretaria de Meio Ambiente (Semma) para conter o crescimento da erosão, o que provocou sensação de abandono aos moradores.“Ela vem caminhando rapidamente no rumo das casas”, afirma o morador do setor. “Quando o tempo está feio, armado para chuva, tenho medo de que a erosão aumente mais, porque a água da chuva é perigosa”, completa. 

A reportagem procurou o secretário de Meio Ambiente de Aparecida de Goiânia, Ezídio Barbosa, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento desta edição. 

Problema antigo

Em dezembro do ano passado, O Hoje mostrou que moradores do Recanto das Emboabas, em Aparecida de Goiânia, estavam à mercê de uma erosão que colocava em risco várias residências. De acordo com relatos de moradores, o buraco caminhou 150 metros nos últimos dois anos, mas quase não houve nenhuma ação efetiva do Poder Público nos últimos dias para contê-lo. Na ocasião, ao ser indagada pela reportagem, a prefeitura disse que a demanda da população já vinha sendo atendida há tempos. 

Se no Setor Recanto das Emboabas o problema da erosão existe há quase quatro anos, o mesmo não se pode dizer do Setor Retiro do Bosque, em Aparecida de Goiânia. Desde a fundação do bairro, no início da década passada, moradores relatam problemas neste sentido. Porém, nada foi feito e, desde então, queixas passaram a fazer parte do cotidiano de quem vive por lá. O ápice das reclamações aconteceu em dezembro do ano passado, quando um Volkswagen Gol caiu em uma cratera de 20 metros. 

Legislação

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) instituiu as Áreas de Preservação Permanente na última versão do Código Florestal, em maio de 2012. De acordo com o órgão, essas áreas buscam proteger o solo e corpos d´água de ocupação inadequada, além de prevenção de inundações e exurradas. “A função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas verdades situadas no perímetro urbano e nas suas proximidades”, diz a pasta. 

Ainda conforme o Ministério, o não surgimento destas anomalias no solo é prejudicial tanto para o meio ambiente quanto para as populações dos centros urbanos. “Os efeitos indesejáveis do processo de urbanização sem planejamento, como a ocupação irregular e o uso indevido dessas áreas, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais. Isso causa graves problemas nas cidades e exige um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APP nas cidades”, finaliza.  

Cidade teve primeiro Plano Diretor somente em 2017 

O município de Aparecida de Goiânia não tinha um Plano Diretor até 2017. Em pesquisa divulgada pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) na semana passada, o geógrafo Wesley da Silva Belizário disse que a cidade possuía apenas instrumentos legais, como as Leis n° Lei Nº 548 de 12/10/85, Plano Plurianual do Município de Aparecida de Goiânia, Lei Municipal Nº 1.707, além da lei de postura, lei de parcelamento e código de Edificações, que era responsável por nortear a gestão do município.

O Plano Diretor do município contou como estudo subsidiário o Diagnóstico Básico sobre o município. “Esse documento contem os dados levantados e as análises urbanas e ambientais sobre o território e sua ocupação, cujo objetivo foi embasar a composição de diretrizes para o desenvolvimento urbano e ambiental nos princípios da sustentabilidade, e fundamentar os demais documentos que compõem o Plano Diretor”, explica o geógrafo. 

No momento, a grande preocupação é a preservação das nascentes em Aparecida de Goiânia. O Hoje mostrou na última sexta-feira (20) que a água é tida como um recurso de alto valor econômico e social. A equipe visitou a nascente do córrego Santa Rita e percebeu que ela está morrendo. De acordo com Wesley da Silva Belizário, é necessário que seja feito um trabalho de recuperação delas. “É preciso uma mudança urgente na forma como a população”. 

Água 

A lei federal define o uso prioritário da água para o consumo humano e limpeza de animais. A Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) indicou ao Estado que medidas urgentes para conter a situação de escassez hídrica eram necessárias.

O regime de chuvas vem diminuindo nos últimos 20 anos nas Bacias dos Rios Meia Ponte e João Leite, e a expectativa de precipitação pluviométrica para o período de fevereiro a setembro deste ano aponta para uma grande probabilidade de chuvas abaixo da média. O Governo afirmou que a medida visa evitar uma nova crise de abastecimento de água, como a que ocorreu na Região Metropolitana de Goiânia enfrentou nos meses de setembro a outubro de 2017, quando ocorreram limitações no fornecimento de água em alguns setores da capital. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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