Motos elétricas: O que está por trás da promessa de economia e sustentabilidade

A presença das motos elétricas, que prometem uma solução ecológica e econômica, ainda levanta questionamentos sobre o licenciamento

Postado em: 23-03-2023 às 08h28
Por: Anna Letícia Azevedo
Imagem Ilustrando a Notícia: Motos elétricas: O que está por trás da promessa de economia e sustentabilidade
Alternativa sustentável é utilizada em sua maioria para passeio pelas classes mais altas da sociedade | Foto: Divulgação

Está cada vez mais comum, em Goiânia, sair nas ruas e encontrar com as motos elétricas. O meio de transporte se popularizou entre as classes mais altas da sociedade e vem ganhando cada vez mais público .Isto se dá pela praticidade e economia impressa na manutenção e regularização. Porém ainda há uma inconsciência em relação a fiscalização devida desses veículos em relação a emplacamento e exigências legais.

Em Goiânia o perfil dos compradores de moto elétrica, ainda é majoritariamente pertencente a classe mais alta da sociedade, para trazer uma nova praticidade a vida, como informa Honny Lima, proprietário da loja Scooter. “Os clientes utilizam como segundo veículo, ir à padaria, mercearia e empregos mais próximos”. Porém ele afirma que desde Janeiro o público tem se diversificado e que atualmente “30% dos clientes são de classes mais baixas”.

Nesse espectro, a especialista em direito do trabalho e professora Daniela de Paula, que adquiriu uma moto elétrica há um ano, mesmo tendo um carro, revelou sua motivação: “economia”. Isto, relacionado não somente ao valor do veículo, como também a manutenção. De acordo com a advogada, “o custo de energia ela faz 40km com cerca de 80 centavos de energia. Acredito que cerca de 20/30 reais por mês de energia”, explicou ela, sobre a economia que tem tido.

Continua após a publicidade

Regularização e Licenciamento

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), ainda não há uma regra fixa para o tipo de veículo. “No caso dos cicloelétricos, os órgão máximo executivo de trânsito ainda não encontrou uma forma para registrá-los. Motivo pelo qual, eles circulam sem placas e não pagam licenciamento”. É importante ressaltar que cicloelétricos, são ciclomotores com motor elétrico de potência máxima de 4 kW.

Porém a Resolução do Contran n°947 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) atribui que “Todos os ciclomotores sem placas e qualquer tipo de registro, surpreendidos na via pública pela fiscalização de trânsito, devem ser, doravante, autuados no artigo 230, inciso V”. Nesse sentido, apesar de já existir e ser estabelecida uma conjectura sobre a regularidade dos meios de transportes, ainda vivem em uma zona nebulosa pela falta de conhecimento da obrigatoriedade.

Em Goiânia não há ainda um posicionamento municipal acerca do assunto, e existe um clima de expectativa no aguardo da nova resolução que deve ser publicada este ano. Para Honny Lima, “o Detran de Goiás está coerente pois aguarda a nova resolução do Contran que trará mais clareza em relação às regras de emplacamento para cada veiculo”.

Entretanto, o Detran-GO, há regras que os condutores devem seguir. “Usar capacete de segurança (piloto e passageiro), além de serem obrigados a possuir Autorização para Conduzir Ciclomotor  – ACC. A ACC pode ser substituída pela Carteira Nacional de Habilitação, categoria “A””.

Este é o caso da Daniela de Paula, que tem a CNH categoria A para conduzir sua moto elétrica em Goiânia. Para os condutores que desejam obter a ACC, basta solicitar no site do Detran e realizar o processo conforme indicado. Já para a Carteira de Habilitação basta procurar um Centro de Formação de Condutores de sua preferência.

Enquanto, para a obtenção do licenciamento e emplacamento adequado, afirma Honny: “Não se tem como emplacar pois não são homologadas a maioria delas (scooter elétrica)”. Dessa forma corroborando para a nebulosidade em relação à regulação dos meios de transporte

Outra obrigatoriedade que perpassa também pela segurança está na via em que o condutor deve permanecer. A mesma resolução do CTB, afirma que os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento, ou acostamento, caso não haja ciclofaixas ou ciclovias. Mais um déficit presente na infraestrutura da capital do estado.

Nesse sentido, no início do mês, quando perguntado acerca das ciclofaixas e ciclovias em Goiânia, Jean Damas, diretor de transportes da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), afirmou que existe um pacote de contratação para obras de ampliação e manutenção das vias e que, “todas as ciclovias serão conectadas à rede”.

Ecologia e Trânsito

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 4 milhões de pessoas morrem prematuramente no mundo em decorrência da poluição do ar. Dessa forma fazendo um alerta em relação aos poluentes concentrados nas regiões metropolitanas provenientes da queima de combustíveis e descarga de automóveis. Estes, compostos por substâncias tóxicas tanto para o meio ambiente como para a saúde da população, como por exemplo o monóxido de carbono (CO).

Em Goiânia, de acordo com o IBGE, existem cerca de 1.291.865 veículos, o que representa uma alta descarga de gases na atmosfera. Como também ilustra a sobrecarga no trânsito da cidade causada principalmente pelos  651.759 automóveis.

Para fugir dessa realidade, muitas pessoas como Daniela de Paula estão optando por trocar o carro por um meio de transporte menos poluente e com mais vantagens para enfrentar o trânsito. “Bem mais prático no trânsito, possibilitando chegar mais rápido nos destinos inclusive no horário de pico”, finalizou.

Veja Também