Leilão de ônibus elétricos acontece nesta segunda-feira

Especialistas preveem melhorias, mas sugerem cuidados e adaptações dos terminais e plataformas para a receber a frota de veículos

Postado em: 27-03-2023 às 08h05
Por: Everton Antunes
Imagem Ilustrando a Notícia: Leilão de ônibus elétricos acontece nesta segunda-feira
Pregão requisita 114 novos ônibus articulados e 100% elétricos | Foto: Divulgação

Na manhã desta segunda-feira (27), a Metrobus Transporte Coletivo S/A (METROBUS) dá início ao Pregão Eletrônico Nº 045/2022, que requisita 114 novos ônibus – articulados e 100% elétricos –, a fim de renovar a frota de veículos do Eixo Anhanguera e extensões. O valor global estimado do serviço é de mais de R$1.5 bilhão, pelo período de 16 anos.

Além disso, conforme previsto no edital de licitação, caberá às companhias “toda a infraestrutura necessária para operação dos mesmos, assim como a manutenção integral dos veículos, dos carregadores e da infraestrutura de recarga e suporte”. O valor unitário mensal do serviço é de mais de R$74 mil.

Repercussões

Inicialmente previsto para maio de 2022, o leilão foi adiado duas vezes. A primeira, após recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) – o qual alertou sobre a viabilidade financeira entre aluguel ou compra dos veículos – e, pela segunda vez – em junho de 2022 –, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) emitiu uma medida cautelar que impedia o prosseguimento do serviço. 

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Quatro meses depois, o conselheiro do TCE-GO Helder Valin suspendeu a medida, o que permitiu o andamento do processo de locação dos ônibus elétricos, contanto que os apontamentos feitos pelo tribunal fossem cumpridos. Entre as medidas, figurava a impossibilidade do pregoeiro considerar propostas superiores ao valor máximo de mais de R$1.4 bilhões, em qualquer percentual.

Melhorias

Na visão João Pedro Souza, professor do curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Goiás (UFG), o fomento ao projeto representa melhorias. O processo de eletrificação da frota do transporte público traz consigo inúmeros benefícios, principalmente para o meio ambiente, pois além de reduzir a emissão de carbono na atmosfera, colabora para a melhoria da qualidade do ar”, explica. 

O professor ainda orienta que a nova frota confere não somente benefícios do ponto de vista ambiental mas também dá conforto aos passageiros. “Os ônibus elétricos costumam ter aceleração contínua e automática, sem necessidade de troca de marcha, o que melhora a estabilidade do veículo e o conforto dos usuários, especialmente idosos e pessoas com necessidades especiais”, estabelece.

Precauções 

Para o engenheiro de transportes Marcos Rothen, Goiânia segue uma “tendência mundial” de diminuição das emissões de gases nocivos para o meio ambiente. Rothen, contudo, ressalta: “embora eles já sejam utilizados em diversas cidades do mundo, em Goiânia, não se tem qualquer experiência. É importante que os ônibus tenham uma manutenção adequada durante todo o tempo que estiverem em uso”.

Como primeiro passo dessa garantia de conservação da frota, o engenheiro de transportes considera “importante” o fato de o edital exigir das companhias o custeio de operação dos ônibus – isto é, os equipamentos e a infraestrutura. Ele também avalia “possíveis problemas” decorrentes do implemento dos ônibus elétricos. 

“A Metrobus utiliza ônibus bi-articulados e os ônibus elétricos são articulados. Assim, será necessário um aumento do número de viagens, já que o [ônibus] articulado transporta, pelo menos, 30% a menos que o bi-articulado”, diz. Por exemplo, se um ônibus bi-articulado comporta 150 passageiros por viagem, são precisos 10 ônibus para transportar 1.500 passageiros; se um ônibus articulado transporta 100 usuários, são necessárias 15 viagens para levar a mesma quantia. 

Outro problema apontado por Rothen é a diferença de altura entre as plataformas e os veículos. “O piso elevado e o embarque nas estações e terminais é feito por uma plataforma elevada e, por outro lado, os articulados elétricos deverão ser de piso baixo, ou seja o embarque é feio no nível da rua, sem a necessidade da plataforma”, observa. 

Eixo Anhanguera 

De acordo com o engenheiro de transportes, o Eixo Anhanguera é muito importante para a qualidade de vida da população da capital e Região Metropolitana de Goiânia. Em paralelo à modernização da frota de ônibus, Rothen sinaliza que os 28 quilômetros de malha viária também precisam de manutenção, pois as irregularidades do asfalto podem comprometer os veículos. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), informa que o recapeamento da Avenida Anhanguera foi dividido em três etapas. Do terminal Praça da Bíblia até o Terminal Praça A, finalizado em dezembro de 2022; a segunda etapa, concluída há dois meses, do Terminal Novo Mundo até o Terminal Praça da Bíblia.

Por fim, a terceira etapa, que abrange o trecho entre o Terminal Praça A e o Terminal Padre Pelágio, apresenta 87,7% da malha executada, segundo a pasta. “Com previsão inicial de término para junho de 2023, o trecho três deve ser concluído na primeira quinzena de abril”, determina a Seinfra.

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