Brasil é o primeiro país a oferecer testes rápidos para Hanseníase

Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 150 mil testes para o Sistema Único de Saúde (SUS)

Postado em: 29-03-2023 às 08h09
Por: Anna Letícia Azevedo
Imagem Ilustrando a Notícia: Brasil é o primeiro país a oferecer testes rápidos para Hanseníase
As unidades dos testes foram destinadas às pessoas que tiveram contato com outras pessoas com casos confirmados da doença | Foto: Divulgação/ Freepik

O teste rápido desenvolvido na Universidade Federal de Goiás, em parceria com setor privado, faz parte da Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030, proposta pelo Governo Federal. Dessa forma o teste fará com que os diagnósticos sejam mais rápidos o que possibilita o início do tratamento. Além disso, demonstra a importância dos investimentos em pesquisa no país, que viabilizam conquistas para a saúde pública. 

O Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 150 mil testes para o Sistema Único de Saúde (SUS), em janeiro, durante a cerimônia de abertura do seminário “Hanseníase no Brasil: da evidência à prática”. Nesta ocasião, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ainda pontuou sobre a importância do incentivo à pesquisa no Brasil: “Hoje, o Ministério da Saúde anuncia a entrega dos testes que são fruto de pesquisas realizadas por instituições brasileiras. O teste rápido pela Universidade Federal de Goiás e o PCR pela Fiocruz e Institutos de Biologia Molecular do Paraná”.

Como também Angélica Espinosa, representante da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVS/MS), pontuou sobre a importância da luta contra a doença, que vai além da saúde fisiológica até um estigma cultural. “Não é apenas a doença que é negligenciada, mas também as pessoas. Por isso esse seminário é tão importante. O esforço conjunto no combate à infeção é essencial para vencer uma doença que, historicamente, é carregada de estigma”.

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As unidades dos testes foram destinadas às pessoas que tiveram contato e prolongado com outras pessoas com casos confirmados da doença, estes ainda estavam em duas categorias: o teste rápido (sorológico) e o teste de biologia molecular (qPCR). Estas modalidades foram incluídas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Hanseníase desde o ano passado. 

O teste que recebeu o nome de Bioclin Fast Ml Flow Hanseníase foi desenvolvido pela professora Samira Buhrer, pesquisadora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, com uma equipe de colaboradores, no Laboratório de Desenvolvimento e Produção de Testes Rápidos (LDPTR). 

Nesse sentido ele funciona por meio de um pequeno volume de amostra de sangue ou soro do paciente, baseado na reação antígeno/anticorpo. Assim, após esta coleta ocorre a análise do material, para a identificação do anticorpo IgM, que leva a formação de uma linha vermelha e apresenta o diagnóstico positivo para a presença da doença. 

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, informou que na capital os testes ainda estão no período de implementação no município, e quando esta for finalizada repassará mais informações. 

O que é Hanseníase?

Existem registros de casos de Hanseníase que remontam os períodos bíblicos, com relatos de casos desde 600 a.C. Nessa época a doença era chamada de “lepra”, nome que convencionou-se chamar até recentemente, e que carrega um preconceito social, causado pelas manifestações de manchas na pele, pessoas que tinham a doença a anos atrás eram isoladas do convívio. Entretanto o tratamento da patologia e os estudos desenvolvidos na área tem a cada dia mais conseguido diminuir essa repressão.

Conforme a Sociedade Brasileira de Patologia, a Hanseníase é uma doença que se manifesta na pele e geralmente apresenta manchas na pele, com diminuição local da sensibilidade à dor, ao toque, ao calor e ao frio, além de diminuição da força. Além disso, é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen. A transmissão se dá por meio do contato prolongado com pessoas portadoras da doença. 

No Brasil, o tratamento é disponibilizado pelo SUS e após o diagnóstico o paciente pode receber a medicação de forma gratuita. O que ocorrerá de forma mais ágil por meio do teste rápido. Outro ponto importante a ressaltar é que o país tem a incidência de 30 mil novos casos anuais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país na América com maior incidência de casos da doença.

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