Área de Preservação em Aparecida sofre com descarte de lixo

Direção da Semma aponta que região deve receber um parque municipal, mas que trâmites legais não foram finalizados

Postado em: 31-03-2023 às 07h59
Por: Everton Antunes
Imagem Ilustrando a Notícia: Área de Preservação em Aparecida sofre com descarte de lixo
A situação é tão crítica que é possível ver o entulho e o lixo a partir dos satélites do Google | Foto: Ícaro Gonçalves/ O Hoje

Ontem, por volta das 11h da manhã, Plínio Magno passava de carro pela Alameda Hélio Antônio Alves, quando flagrou o momento exato do descarte de entulhos em uma Área de Preservação Permanente (APP), no Jardim Maria Inês, em Aparecida de Goiânia. Plínio é empresário, tem um negócio no bairro e conta que essa situação do despejo de lixo é “como enxugar gelo”.

A APP, que antes era anexa à antiga Estação de Tratamento de Esgoto da Vila Maria Inês, está localizada entre a Alameda Antônio Alves Neto e a Alameda Hélio Antônio Alves e tem sido alvo do descarte de lixo, mobílias e detritos de construção. A informação é apontada por Regis Inacio, diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semma).

Além do cenário de descarte irregular de lixo, o diretor da pasta informa que essa área deve receber um “parque municipal”. Entretanto, antes de “sair do papel”, a APP aguarda um processo de “permuta” do terreno para a prefeitura de Aparecida de Goiânia e a aquisição de verbas por meio do Novo Banco do Desenvolvimento (NBD) – o Banco do BRICS.

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“Empecilhos”

Em relação ao loteamento compreendido entre as duas vias do Jardim Maria Inês, o diretor diz que tem “projetos para executar um parque municipal neste local, mas essa área era particular, foi feita uma permuta com Aparecida de Goiânia”. “O proprietário já adquiriu a nova área mas ainda não a transferiu [para o município]”, diz Inácio. O diretor da Semma aponta que esse é um dos “empecilhos” que atrasam a execução do parque.

Regis afirma que esse processo já está “em fase de conclusão” e pondera: “imagino que o financiamento vai sair primeiro do que a permuta”. Por outro lado, Fábio Camargo, procurador geral do município, considera que esse processo será viabilizado “concomitantemente” ao empréstimo com o Banco do BRICS.

Entulhos  

Plínio comenta que o descarte de lixo nessa área é “recorrente” e que a vizinhança se mobilizou para construir cercas e erguer placas, “porém o problema persiste em acontecer, com frequência diária”. O empresário ainda denuncia: “A prefeitura faz a coleta, porém não é de forma regular. O fluxo de despejo no local é tão grande que limpam em um dia e, no outro, já tem lixo”.

Para Gerson Neto, presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA-GO), o descarte de lixo e entulho – tanto em Aparecida quanto em Goiânia – é um “problema crônico”. Ele reforça: “esse é um dos problemas ambientais sistêmicos e precisa ser combatido com planejamento, educação  ambiental, fiscalização e urbanização”.

Neto também sugere que medidas como a coleta eficaz do lixo, o fomento de políticas públicas e a fiscalização dessas áreas se façam necessárias para a resolução do despejo de entulhos. Segundo ele, esses terrenos “podem, inclusive, ser unidades produtivas de hortaliças e outros alimentos para a cidade”. O que não pode é ficarem abandonadas, servindo apenas como depósito clandestino de lixo”.

O presidente da ARCA-GO vê como “positiva” a presença de unidades de conservação no cenário urbano, contudo, de acordo com ele, há um “longo caminho” para efetivar essas obras de urbanização. “Se a área é particular, a prefeitura precisa exigir do proprietário que a mantenha limpa e que destine a alguma ocupação”, finaliza.

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