Domingo, 28 de maio de 2023

Área de Preservação em Aparecida sofre com descarte de lixo

Direção da Semma aponta que região deve receber um parque municipal, mas que trâmites legais não foram finalizados

Postado em: 31-03-2023 às 07h59
Por: Everton Antunes
A situação é tão crítica que é possível ver o entulho e o lixo a partir dos satélites do Google | Foto: Ícaro Gonçalves/ O Hoje

Ontem, por volta das 11h da manhã, Plínio Magno passava de carro pela Alameda Hélio Antônio Alves, quando flagrou o momento exato do descarte de entulhos em uma Área de Preservação Permanente (APP), no Jardim Maria Inês, em Aparecida de Goiânia. Plínio é empresário, tem um negócio no bairro e conta que essa situação do despejo de lixo é “como enxugar gelo”.

A APP, que antes era anexa à antiga Estação de Tratamento de Esgoto da Vila Maria Inês, está localizada entre a Alameda Antônio Alves Neto e a Alameda Hélio Antônio Alves e tem sido alvo do descarte de lixo, mobílias e detritos de construção. A informação é apontada por Regis Inacio, diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semma).

Além do cenário de descarte irregular de lixo, o diretor da pasta informa que essa área deve receber um “parque municipal”. Entretanto, antes de “sair do papel”, a APP aguarda um processo de “permuta” do terreno para a prefeitura de Aparecida de Goiânia e a aquisição de verbas por meio do Novo Banco do Desenvolvimento (NBD) – o Banco do BRICS.

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“Empecilhos”

Em relação ao loteamento compreendido entre as duas vias do Jardim Maria Inês, o diretor diz que tem “projetos para executar um parque municipal neste local, mas essa área era particular, foi feita uma permuta com Aparecida de Goiânia”. “O proprietário já adquiriu a nova área mas ainda não a transferiu [para o município]”, diz Inácio. O diretor da Semma aponta que esse é um dos “empecilhos” que atrasam a execução do parque.

Regis afirma que esse processo já está “em fase de conclusão” e pondera: “imagino que o financiamento vai sair primeiro do que a permuta”. Por outro lado, Fábio Camargo, procurador geral do município, considera que esse processo será viabilizado “concomitantemente” ao empréstimo com o Banco do BRICS.

Entulhos  

Plínio comenta que o descarte de lixo nessa área é “recorrente” e que a vizinhança se mobilizou para construir cercas e erguer placas, “porém o problema persiste em acontecer, com frequência diária”. O empresário ainda denuncia: “A prefeitura faz a coleta, porém não é de forma regular. O fluxo de despejo no local é tão grande que limpam em um dia e, no outro, já tem lixo”.

Para Gerson Neto, presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (ARCA-GO), o descarte de lixo e entulho – tanto em Aparecida quanto em Goiânia – é um “problema crônico”. Ele reforça: “esse é um dos problemas ambientais sistêmicos e precisa ser combatido com planejamento, educação  ambiental, fiscalização e urbanização”.

Neto também sugere que medidas como a coleta eficaz do lixo, o fomento de políticas públicas e a fiscalização dessas áreas se façam necessárias para a resolução do despejo de entulhos. Segundo ele, esses terrenos “podem, inclusive, ser unidades produtivas de hortaliças e outros alimentos para a cidade”. O que não pode é ficarem abandonadas, servindo apenas como depósito clandestino de lixo”.

O presidente da ARCA-GO vê como “positiva” a presença de unidades de conservação no cenário urbano, contudo, de acordo com ele, há um “longo caminho” para efetivar essas obras de urbanização. “Se a área é particular, a prefeitura precisa exigir do proprietário que a mantenha limpa e que destine a alguma ocupação”, finaliza.

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