Moradores de Campinas relatam descaso com edifício tombado

Nomeada em homenagem à autora vilaboense de ‘Estórias da Casa Velha da Ponte’, a Biblioteca Municipal Cora Coralina – edifício que também abrigou o antigo Palace Hotel –, no Setor Campinas, enfrenta, de acordo com os moradores, estado de “deterioração”. Fechado para reparos no último dia 24 pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult), o prédio passa por estudos e projetos para reformas. 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), alega que houve tentativas de revitalização do edifício desde 2020, mas o projeto sequer foi iniciado. Por outro lado, ao ser questionada, a Secult informou que “está, junto ao Iphan, elaborando o projeto de reparação da Biblioteca Cora Coralina, localizada em Campinas, de forma que o atendimento ao público possa ser retomado o mais breve possível”.  

“Os alunos dos colégios próximos deixam de ter contato com parte da história que este prédio tombado pelo Iphan pode conter”, afirma o presidente da Associação Amigos de Campinas, Eudisnei de Lima. Desde fios expostos e vazamentos até rachaduras, os residentes do bairro de Campinas expõem reclamações sobre a infraestrutura do prédio e sugerem a modernização da biblioteca.   

Histórico

Ao jornal O Hoje, o Iphan disse, também em nota, que acompanha o estado de conservação da Biblioteca Municipal Cora Coralina – seja em fiscalizações de rotina, seja em cobrança ao município pela restauração do patrimônio cultural. O instituto ainda adiciona que as movimentações de reforma do prédio iniciaram-se há, pelo menos, pouco mais de dois anos. 

“Em julho de 2020, o Iphan aprovou um projeto de restauração completa do imóvel enviado pela prefeitura, contudo, o prazo de validade do parecer findou em julho de 2022 e a obra não foi executada”, argumentou. Já em outubro de 2022, o Iphan alega que a prefeitura solicitou uma autorização, a fim de executar reparos na parte elétrica do edifício. 

Segundo o Iphan, o pedido visou substituir lâmpadas , tomadas e interruptores e a manutenção foi aprovada no mesmo mês. Porém, “até o momento, nada fora executado e não fomos informamos da previsão para início dos serviços”, explicou o instituto.

Relatos

Atualmente, Adelton Alves é aposentado, mas foi professor do Colégio Estadual Assis Chateaubriand e reside em Campinas. Ele conta que sempre utilizou a biblioteca e que o espaço também alocou diversos eventos, como o aniversário do setor. 

O aposentado faz queixas sobre a estrutura do edifício: “não está tendo conservação há bastante tempo. Eu reclamava do conforto tanto dos usuários como dos recursos humanos para as pessoas que trabalhavam lá”. Além disso, o presidente da Associação Amigos de Campinas também relata problemas no espaço público tombado. 

“Mesmo em funcionamento era visível a deterioração da parte elétrica, hidráulica e estrutural: fios expostos com emendas grotescas, vazamentos de todas as ordens e rachaduras”, aponta. Para ele, esse cenário “não condiz com uma instituição voltada à cultura e educação”.

Na avaliação do professor, o prédio deve ser modernizado – quer pela incremento de internet, quer pela instalação de computadores para uso dos moradores de Campinas. É necessário “estimular a comunidade através da internet. Ali deveria funcionar, também, uma escola de computação. Infelizmente, [o prédio] está deteriorado”