Ataques em escolas pelo Brasil gera tensão social

Escola em Santa Tereza de Goiás sofre ataque de adolescente. Assunto abre espaço para reflexão sobre a segurança escolar no Brasil

Postado em: 12-04-2023 às 08h46
Por: Anna Letícia Azevedo
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Escola em Santa Tereza de Goiás sofre ataque de adolescente | Foto: Divulgação

Na manhã desta terça-feira (11/04), a cidade de Santa Tereza de Goiás, na região norte do estado, presenciou um cenário desolador, um adolescente entrou em uma escola e esfaqueou duas colegas. Este foi mais um episódio desolador tanto para as famílias dos alunos, quanto para o corpo docente, em que a sensação de insegurança toma o local que deveria proporcionar educação. Dessa forma, coloca em perspectiva o que deve ser analisado sobre a segurança em ambiente escolar e motivação para episódios de violência.

Em Santa Tereza, o adolescente de 13 anos, que atacou a Escola Estadual Doutor Marco Aurélio, foi contido por uma professora. De acordo com a Polícia Militar, ele portava facas, estiletes e uma machadinha. O Governo do Estado de Goiás, informou por meio de nota que “o aluno que promoveu o ataque não tem histórico de violência junto à comunidade escolar”. Além disso, ele encontra-se apreendido na delegacia da cidade.

Como também esclareceu sobre os protocolos que devem ser seguidos nestes casos: “é realizado um trabalho pelo Núcleo de Atendimento em Saúde da Seduc, que realiza a escuta ativa e rodas de conversas com estudantes em todo o estado. Projetos e ações são desenvolvidos pelas superintendências pedagógicas com foco em consolidar a cultura da paz no ambiente escolar.” Nesse sentido esclareceu que “Todos os sinais que possam sugerir uma ação criminosa em ambiente escolar são encaminhados às autoridades policiais”.

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Outros ataques

Em 07 de abril de 2011, o Brasil parou em luto pelo massacre em Realengo no Rio de Janeiro. A escola municipal Tasso da Silveira, foi palco do horror ocasionado por um ex-estudante que invadiu a escola, entrou em uma sala de aula com dois revólveres e disparou tiros contra as crianças. Neste incidente morreram doze crianças e mais treze ficaram feridas. 

Este episódio marcou a história nacional, apesar de não ser o único episódio desse tipo de violência, ficou conhecido como um evento isolado, que raramente se repetia. Porém esta realidade tem se modificado. Nos últimos anos o país vivenciou tragédias que tiraram vidas de crianças e adolescentes por todo país. 

Outro episódio marcante aconteceu no dia  20 de outubro de 2017, qundo um adolescente de 14 anos do Colégio Goyazes, que é filho de policiais militares,  levou para a escola uma pistola .40 da mãe e acabou deixando dois estudantes mortos e quatro feridos.

Conforme aponta um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram registradas 22 ocorrências desde 2002, este levantamento considerou apenas ataques, excluindo episódios de violência que tiveram princípios em brigas, por exemplo. 

Porém este levantamento é anterior ao ataque ocorrido no dia 6 deste mês em Blumenau, em que um homem invadiu uma creche e tirou a vida de quatro crianças e deixou várias outras feridas com uma machadinha. Como também o ocorrido em Santa Tereza de Goiás ontem. 

Ações de proteção

Os episódios de ataque tem aberto inúmeras especulações e debates sobre a segurança no ambiente escolar. Nesse sentido o questionamento acerca da presença de força policial em escolas para promover segurança. Como foi decidido pelo Governo de Santa Catarina que após o incidente de Blumenau decidiu estabelecer uma “ronda ostensiva de policiais militares na frente de todas as escolas da rede pública”. Como também a presença de guardas municipais para reforçar a segurança nas creches e escolas de Blumenau.

Sobre isto, a psicopedagoga Tetê Ribeiro afirma: “Não acredito que a força policial nas escolas seja o principal porque não adianta você ter lá um guarda municipal ou o policiamento se você tem uma escola que está sucateada em relação à estrutura por exemplo você tem muros que estão indo aos pedaços, você não tem ali salas amplas, com ventilação, iluminação, aeração você não tem banheiros que funcionam, você tem falta de professores porque estão adoecidos, então você precisa entender todo o contexto da comunidade escolar”.

Dessa forma, pontuando sobre o que deve ser considerado para promover a segurança no ambiente escolar. Ademais a psicopedagoga completou sobre os outros fatores no ambiente escolar que devem ser considerados. “Então em primeiro momento é necessário que seja entendido pelo profissional, pelas equipes diretivas das escolas, pelas secretarias municipais e estaduais de educação, pelo próprio Governo Federal, como está esse professor? Esses educadores, esses pedagogos que precisam também ser ouvidos”. Assim ela pontua sobre a substancialidade de olhar holístico sobre todo o corpo docente, para promover um ambiente de segurança nas escolas.

A Motivação

Para além das ações de correção e segurança é importante analisar a motivação, o que tem levado as pessoas a agirem de forma violenta. Sobre isto, a psicopedagoga incorpora uma reflexão: “Eu acho que é importante também falar sobre as famílias. A gente tem uma rotina de trabalho das famílias muito louca. Então, muitas vezes esses adolescentes, essas crianças ficam desassistidos e isso aqui não é para culpabilizar, apenas para trazer a reflexão”. 

Dessa forma, colocando em perspectiva a vida da criança e do adolescente para pensar sobre o que pode está impulsionando as ações. Assim ela pontua que crianças aprendem com histórias que os pais contam, vivências, e também podem ser influenciadas pelo uso de telas, pode apresentar um mundo desconhecido. Nesse sentido, afastando os filhos do contato com os pais e favorecendo para uma relação desbalanceada de confiança e diálogo. 

Assim, ela finaliza acerca da importância da atenção aos filhos por parte dos pais: ‘É importante que a gente fale que quando a raiva ela não é conversada, quando não se coloca pra fora, quando não se fala das suas frustrações, isso vai criando espaço lá dentro e aí quando esse adolescente encontra grupos que também tem a mesma raiva ali por causa dos pais, por causa de um monte de coisa, o que é eh eh do crescimento isso vai sendo alimentado e a minha questão, a grande pergunta que eu tenho é, quem está alimentando”. 

Governo do Estado de Goiás

Na tarde de ontem (11), o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), convocou uma reunião no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na praça Cívica em Goiânia, para discutir episódios de violência nas escolas de Goiás. Com a participação do vice-governador Daniel Vilela, a Secretária de Educação Fátima Gavioli, o Secretário de Segurança Pública Renato Brum, o presidente do Conselho Estadual de Educação Flávio de Castro e representantes do Tribunal de Justiça e Ministério Público.

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