Após filho ser detido por ameaças de massacre, pais são presos com coleção de símbolos nazistas em casa

Os pais de um adolescente detido por fazer ameaças de massacre foram presos na noite de terça-feira (11/4), em Maquiné, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Segundo a Polícia Civil, o casal mantinha em casa uma coleção de símbolos de ódio, com bandeira, vestimentas e imagens de líderes nazi-facistas.

A investigação chegou até a residência do casal após monitorar trocas de mensagens por parte do adolescente de 14 anos nas redes sociais. Com o material das conversas e ameaças, a polícia obteve um mandado de busca e apreensão no imóvel.

Já no local, os policiais se depararam com bandeiras, gravuras dos ditadores Adolf Hitler, da Alemanha, e Benito Mussolini, da Itália, além de facas, canivetes e uma arma de fogo falsa. Uma bandeira apreendida teria sido dada de presente ao adolescente pelo próprio pai, conforme relato do diretor do Grupamento de Operações Especiais da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil.

“Entrevistando o pessoal na casa e com as informações que a gente já tinha acerca da investigação, a gente conseguiu descobrir que a bandeira que faz apologia ao nazismo, inclusive, teria sido dada pelo pai ao adolescente”, comenta o delegado Marco Antônio de Souza.

Apologia ao nazismo

Como definido pela Lei 7.716/1989, a apologia do nazismo usando símbolos nazistas, distribuindo emblemas ou fazendo propaganda desse regime é crime, com pena de dois a cinco anos de reclusão e multa.

Essa lei é respaldada pela própria Constituição, que classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível. Isso significa que o racismo pode ser julgado e sentenciado a qualquer momento, não importando quanto tempo já se passou desde a conduta.

Em Goiás

Na terça-feira (11/4), um adolescente de 13 anos foi apreendido após esfaquear duas colegas em uma escola de Santa Tereza de Goiás, região Norte de Goiás.

O ataque ocorreu dentro da Escola Estadual Doutor Marco Aurélio. De acordo com a Polícia Militar, o aluno portava facas, estilete e uma machadinha e foi contido por funcionários.

As vítimas foram encaminhadas para o Hospital Municipal Tarciso Liberte e não correm risco de morte. Após o ocorrido, o governador Ronaldo Caiado (UB) comentou o caso em entrevista. “Não é possível que um pai não consiga identificar um comportamento diferente. Se o filho tem um comportamento que, realmente, está preocupando ele [responsável], não custa nada informar a escola, a parte da assistência social, para que essas crianças e jovens possam ser acompanhados”, disse à Rádio Bandeirantes.

O governador ainda disse que teria ordenado a apreensão dos pais, embora não haja previsão para o ato sem a existência de flagrante. “Eu sei que não existe uma determinação federal para o fato em específico. Se eu for esperar a legislação federal, a situação pode tomar proporções muito maiores. Então, eu já determinei ao meu diretor-geral da Polícia Civil que realmente faça também a apreensão dos pais, que faça também um levantamento dentro da residência deles, para saber se existe alguma arma que a criança possa ter usado”, disse.

Mais tarde, ao portal UOL, a assessoria do governo de Goiás informou disse que o governador “usou o verbo ‘deter’ como força de expressão, no sentido de ouvir os pais e não de prender.

“O que não é aceitável são os pais, que têm obrigação de acompanhar as redes sociais de seus filhos, alegarem surpresa”, completou o governador em entrevista.