Unidade de Saúde Santa Helena sofre abandono da Prefeitura

Entre os problemas, pacientes e ex-funcionários apontam infraestrutura frágil e escassez de equipamentos

Postado em: 13-04-2023 às 08h05
Por: Everton Antunes
Imagem Ilustrando a Notícia: Unidade de Saúde Santa Helena sofre abandono da Prefeitura
Realização de consultas e exames são limitados ou ausentes por conta da falta de recurso e espaço adequado | Foto: Everton Antunes/ O Hoje

Mofo, insetos, goteiras, falta de insumos e infraestrutura: conforme relatos de pacientes e ex-funcionários do Centro de Saúde da Família (CSF) Santa Helena, localizado na Vila Paraíso, esse é o cenário em que se encontra o ambulatório. “O Centro de Saúde está realmente condenado”, afirma Meire Araújo, ex-funcionária.

“Várias vezes a gente passou por condições adversas no trabalho. Se chovia, gotejava, porque o telhado estava quebrado”, relata. Afastada há um ano e cinco meses, ela diz que trabalhou por cinco anos no ambulatório como recepcionista, mas, devido às condições do hospital, optou pela aposentadoria.

Além disso, usuários do ambulatório também denunciam a situação de “descaso”. Uma fonte que preferiu não ser identificada lamenta: “sou paciente há muito tempo e venho reparando o abandono da unidade de saúde: há muito mofo, goteira, o banheiro está ruim, as portas, quebradas e o mato está tomando conta”.

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Insumos

De acordo com a ex-funcionária do CSF, “o material humano do Centro de Saúde é excepcional: os diretores e funcionários se desdobram para dar conta de trabalhar nessa condição. Eles são realmente guerreiros”. No entanto, ela aponta que, ao longo do período em que trabalhou no ambulatório, a falta de materiais era recorrente. 

Diante disso, exames e atendimentos eram adiados, uma vez que os recursos são limitados ou ausentes. “Quantas e quantas vezes foi desmarcada a consulta de pacientes para fazer prevenção porque não havia material de coleta, então tinha que dispensar o paciente”, recorda. 

Meire também orienta que a escassez de bolsas de soro fisiológico era comum: “na época, não havia [soro]. O paciente vinha desidratado e não tinha nem como fornecê-lo porque não havia esse material. Não havia o básico”. Entre outros insumos, a aposentada conta que era preciso reaproveitar o material de papelaria, já que não contavam com reposição, e a paciente expõe que faltavam copos descartáveis. 

Morosidade

A usuária da unidade de saúde, que concedeu um depoimento a esta reportagem, explica que tenta realizar exames no Centro de Saúde há mais de dois meses. “Tentei marcar várias vezes, mas, quando fui fazer os exames, tiraram do posto os melhores médicos, havia três. Agora, tem um só e não está atendendo a demanda”, declara. 

Ela ainda menciona que buscou atendimento para o neto – que apresentava sintomas de febre e vômito –, mas foi orientada pela enfermeira a procurar outra unidade . “O médico que tinha vindo não podia atendê-lo. Isso é um descaso, uma falta de respeito com a saúde de uma criança”, considera.

Infraestrutura

Desde a sala de acolhimento dos pacientes até os consultórios e salas de vacina, Meire alega que, entre os principais problemas do ambulatório, o mofo – ocasionado pela presença de infiltrações e goteiras – causa desconforto tanto aos pacientes quanto à equipe do Santa Helena. Ela ainda expôs que a estrutura do CSF “está para cair”, uma vez que as paredes são feitas de “placas antigas, não é tijolo”. 

Na avaliação da ex-funcionária, é preciso “construir outro centro, porque ali não vai adiantar reforma”. Quanto aos móveis do hospital, ela chama atenção para o sucateamento e forma de armazená-los: “o material que é retirado de dentro do posto – armários e mesas quebradas –, eles colocavam lá no fundo e ali ficava”. 

Armazenados nas dependências do ambulatório, juntamente com a presença do “mato alto”, os móveis acumulam insetos e ratos e oferecem riscos aos servidores e usuários da unidade de saúde, estabelece Meire. A paciente do Santa Helena confirma esse cenário: “se você pisa na grama, é picado pelas formigas”. 

O Jornal O Hoje questionou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que por meio de nota, admite que o “Santa Helena, está entre as unidades que, por anos seguidos, ficaram sem manutenção adequada” Ao todo, a secretaria informa que, no primeiro grupo pendente de melhorias, figuram 36 ambulatórios, enquanto que a unidade de saúde do Setor Vila Paraíso, encontra-se na segunda etapa de “ampla reforma”.

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