Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Viaduto da T-63 continua sem intervenções após incêndio

Engenheira avalia estrutura e destaca necessidade das ações de prevenção por parte da Prefeitura

Postado em: 15-04-2023 às 09h15
Por: Everton Antunes
Imagem Ilustrando a Notícia: Viaduto da T-63 continua sem intervenções após incêndio
Na época, tanto a trincheira quanto o elevado do viaduto foram interditados para vistoria

Na madrugada de 15 de agosto de 2022, o Viaduto João Alves de Queiroz, localizado entre as avenidas T-63 e 85, no Setor Bueno, foi acometido por um incêndio, devido a um homem que manuseava fogo, na tentativa de encontrar uma porção de narcótico que havia perdido. À época, tanto a trincheira quanto o elevado do viaduto foram interditados para vistoria.  

Após perícias e restaurações da equipe de técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), as dependências e trajetos do viaduto foram regularizados dentro de uma semana e o trânsito foi liberado. Além disso, foi designada à Secretaria Municipal de Cultura (Secult) a realização de uma galeria de arte urbana nas dependências do trajeto. 

Em março, um motociclista denunciou, em vídeo, uma rachadura presente na junta de dilatação do viaduto, o qual foi vistoriado pela Seinfra, posteriormente. Diante desses casos, a docente e engenheira civil Ana Cristina Rodovalho aponta irregularidades na estrutura do viaduto, bem como pontua a necessidade de ações preventivas, em detrimento de medidas corretivas de acidentes.   

Continua após a publicidade

Desdobramentos

Na ocasião do incidente, equipes do Corpo de Bombeiros acudiram o incêndio com o trabalho de resfriamento do local e agentes da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) interditaram as vias, o que resultou em desvios nos dois sentidos da pista. Após perícias, a Defesa Civil declarou que a estrutura do viaduto não foi comprometida, mas seriam iniciadas medidas de restauração.  

Já no dia 19 de agosto, a SMM informou a liberação do tráfego na Avenida 85, somente na trincheira do viaduto – isto é, na parte inferior da via –, nos sentidos norte e sul. Por outro lado, o trânsito da parte elevada do Viaduto João Alves de Queiroz, foi regularizado uma semana após o ocorrido.   

Neste dia, em 22 de agosto, às 5h da manhã, agentes da SMM removeram os bloqueios do elevado. A Seinfra declarou, por meio de laudo, a retirada das placas de Material de Alumínio Composto (ACM) que integravam o viaduto e técnicos da pasta realizaram uma vistoria, a qual atestou a estabilidade e segurança da via, de acordo com a Prefeitura. 

“Liberamos, na madrugada desta segunda, o tráfego no elevado do Viaduto João Alves de Queiroz, após um trabalho minucioso da Seinfra. Nossos funcionários fizeram reparos no cabeamento externo dos pilares atingidos pelo fogo. Devolvemos o estado inicial da estrutura”, afirmou, na época, o secretário da Seinfra, Everton Schmaltz.

Ainda conforme a secretaria de infraestrutura, foi aplicada uma argamassa de alta resistência em dois pilares que tiveram danos superficiais. Ademais, nas dependências do viaduto, foi estipulado que a Secult empreenderia ações de intervenção artística, a fim de criar uma galeria de arte urbana.  

A esta reportagem, a pasta de cultura declara que já designou os artistas que estarão à frente do projeto e que espera condições climáticas favoráveis para iniciar as intervenções. “A Secretaria Municipal de Cultura informa que aguarda um tempo de estiagem para início do projeto Arte Urbana, no Viaduto da T-63, já que o excesso de chuvas dificulta a atuação dos artistas no local”, diz, em nota. 

Em março de 2023, condutores que passavam pela via denunciaram uma rachadura no viaduto, por meio de vídeo. A Seinfra foi ao local e alegou, em nota, que “as imagens do viaduto da T-63 mostram a chamada junta de dilatação, que é normal em estruturas de pontes, complexos viários e outras obras de engenharia”.

Sobre esse mecanismo, “sua função é permitir a dilatação e retração da estrutura, sem danificá-la. Portanto, não há nenhum risco para o viaduto”, explicou a pasta. A Sefin ainda informou que o tráfego foi interrompido pela SMM, de modo que fossem conduzidos reparos na junta de dilatação e, por fim, reforçou “que não há risco para a estrutura”.

Avaliações

Em relação à conduta do Poder Público, a engenheira afirma: “o que passa para a gente, como técnico, é que procuraram disfarçar o que estava lá no fundo. E disfarçou, ainda, com um gasto elevado, porque essas placas são caras”. A especialista explica que o material utilizado para cobrir as laterais do viaduto, na época do incidente, – o ACM – não é feito de alumínio puro, “então, o motivo de o fogo ter se alastrado é porque [o material] contém plástico na composição”.  

A respeito da rachadura denunciada por motoristas, Rodovalho estabelece que as juntas de dilatação se fazem “necessárias” nestas estruturas. Entretanto, “eu considero inadequado o serviço que a prefeitura fez, porque tapou a dilatação. Passamos [pelo viaduto] e vemos um remendo de asfalto, o que impede uma observação melhor do que está por baixo: ou seja, até mesmo para permitir avaliar com segurança o que foi projetado”, sustenta. 

Portanto, na opinião da professora, essa medida pode ser considerada “provisória”. Ela também salienta que esse cenário “pode oferecer riscos para a população: o asfalto velho pode começar a soltar do asfalto novo – não há aderência de forma satisfatória – e o carro, às vezes, precisa frear, ou fazer uma manobra no local, e causar um acidente”.

“Sabemos que a maioria das condições da Prefeitura são um provisório, que vira definitivo, e impede uma avaliação segura”, observa a docente. De acordo com ela, é necessário que o município invista em ações preventivas, de modo a antecipar acidentes.

Veja Também