Inflação muda hábito de compra do consumidor

Lista de compras do mês cai em desuso, e só se leva para casa o que está na promoção

Postado em: 18-04-2023 às 08h30
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Inflação muda hábito de compra do consumidor
Lista de compras do mês cai em desuso, e só se leva para casa o que está na promoção | Foto: Divulgação

Com a alta nos preços dos alimentos, muitos brasileiros têm mudado os produtos que entram nos carrinhos de compras, e isso tem levado os supermercados a alterarem suas promoções e criarem estratégias para acompanhar a demanda dos consumidores. Muitas prateleiras passaram a dar destaque para rótulos mais baratos, e parte desses produtos são itens de marca própria dos hipermercados. 

Para caber no bolso dos clientes, uma rede de hipermercados de Goiânia investiu em marcas próprias e congelou preços. Itens mais baratos agora são colocados no alto das prateleiras, uma estratégia para ficar na altura dos olhos dos compradores. Já os mais caros desceram ou até sumiram das gôndolas, já que o preço salgado impede sua comercialização.

Uma pesquisa identificou as principais alterações nos carrinhos de compras de 2021 para 2022. Entre as mudanças, constatou que em higiene, beleza e limpeza a troca de marcas é mais recorrente. O levantamento revelou que, de um ano para o outro, a preferência pela linha econômica de desodorantes aumentou 39%, e a de alvejantes, 29%, por exemplo.

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Para alguns produtos de mercearia doce ou bebidas, setores mais fortes de vendas, a pesquisa verificou que os consumidores costumam manter suas preferências. Já em outros casos, como a carne, o jeito é substituir o alimento por lanches com frios, ou mesmo comprar o que está mais “barato”, como ovos ou carnes de segunda.

“Nos itens básicos, os produtos que mais têm sofrido impacto da inflação são a farinha, óleo, café e feijão. O consumidor costuma equilibrar entre diminuir o volume ou migrar para marcas mais baratas, mas não deixa de comprar”, pontuou a diretora da Divisão da Kantar, Aurélia Vicente.

Um hipermercado de Goiânia não somente percebeu a mudança de interesses do consumidor como viu sua marca própria crescer. “Os preços altos dos rótulos tradicionais levaram os clientes a experimentar os da linha própria da rede, que têm mais de 4.500 itens. As vendas desses produtos cresceram 50% nos últimos dois anos e, hoje, correspondem a quase 20% da venda total do grupo” afirmou o gerente Lucas Simões.

Para se encaixar nesta realidade, mais de 60% dos supermercados substituíram mercadorias de marcas caras por outras que pesam menos no bolso em alimentação, higiene e limpeza. Isso se reflete diretamente na forma como os produtos são oferecidos e no modo como são dispostos nas prateleiras.

“O jeito é levar o que está na promoção”

Na cesta de compras da dona de casa Antônia Araújo, de 53 anos, a marca tradicional de sabão em pó foi substituída por uma inferior, mais barata. O tomate e a cenoura saíram do cardápio em virtude dos altos preços, e as carnes e os legumes só entram no carrinho quando há boas promoções.

“Compra de mês eu parei de fazer. Agora, vou vendo os anúncios na TV e, conforme vou precisando e o preço está bom, venho ao mercado e só levo comigo o produto da promoção. As vezes compensa mais do que comprar tudo de uma vez” contou.

A aposentada Maria Auxiliadora Souza, de 66 anos, segue o mesmo pensamento de Antônia, e prefere não comprar quando os preços estão altos. “Como sou viúva e moro sozinha, priorizo comprar as marcas que eu gosto, mas, se está muito caro, simplesmente não compro. Esses dias atrás deixei de comprar cebola roxa devido o quilo custar mais de 8 reais”, concluiu.

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