Abrigos e pontos de ônibus apresentam risco à população

A situação precária dos abrigos e pontos de ônibus em Goiânia tem preocupado os moradores e apresentado riscos

Postado em: 19-04-2023 às 08h50
Por: Anna Letícia Azevedo
Imagem Ilustrando a Notícia: Abrigos e pontos de ônibus apresentam risco à população
A situação precária dos abrigos e pontos de ônibus em Goiânia tem preocupado os moradores e apresentado riscos | Foto: Wesley Costa/ Arquivo O HOJE

Pontos de ônibus sem abrigo nem cobertura ou sinalização, com pouca proteção a sol e chuva. Estas são algumas das reclamações mais recorrentes entre as pessoas que precisam utilizar o serviço de ônibus em Goiânia e Região Metropolitana. Nesse sentido a população fica à mercê dos efeitos do tempo e dos perigos que abrigos sem manutenção apresentam a suas vidas. Enquanto isso, as instituições responsáveis não apresentam soluções energéticas. 

Nesse sentido, uma pesquisa realizada pelo pesquisador e desenhista industrial, Rodrigo Balestra Ferreira de Paiva durante o mestrado em Projeto e Cidade da Universidade Federal de Goiás (UFG), aponta os principais problemas encontrados em pontos de ônibus na cidade. Ademais, ele constatou que em Goiânia, os pontos de ônibus são pouco acessíveis e faltam espaço para cadeirantes e assentos em número e dimensão razoáveis, além disso pontuou que a manutenção pe defeciente e as estruturas são sujas, com mau odor e perigosas. 

Problemas estruturais 

Dessa forma, alertando para o desafio enfrentado pelos moradores da cidade. Como o estudante Bartolomeu Pereira, estudante da UFG, que utiliza o serviço de transporte público diariamente na capital e presencia inúmeras estruturas comprometidas. “Tem uma ou outra estrutura que está bem comprometida inclusive tem um ponto de ônibus que às vezes eu eu pego eh na rotatória aqui próximo a UFG que ele é daqueles pontos antigos de concreto e ele está isolado porque a estrutura dele está bem danificada e corre aquele risco, do ponto de desfazer, quebrar e acabar machucando alguma pessoa ali”, relata ele. 

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O medo que o estudante descreve é vivenciado pela população goiana e fez uma vítima fatal em 08 de março deste ano, quando um abrigo de concreto caiu em cima do jovem Wellington Oliveira de 27 anos no Setor Jardim das Cascatas, em Aparecida de Goiânia. Na ocasião, o jovem passava embaixo do ponto na parte da manhã a caminho de uma padaria, quando ele caiu e tirou sua vida. 

Após alguns dias do acidente, no dia 22 de março, a Polícia Científica divulgou laudo que afirmava que a estrutura estava condenada desde 2021, e não havia sinalização no local ou interdição da área. Além disso, o laudo informou que os rompimentos na estrutura não aconteceram no dia do acidente e sim em momentos anteriores, o que ocorreu no dia 8, foi uma instabilidade que provocou a queda. 

Na época, a Prefeitura de Aparecida informou sobre a responsabilidade da manutenção de abrigos: “o sistema de transporte coletivo na Região Metropolitana é de responsabilidade e operado pelo Consórcio Rede Mob sob fiscalização da CMTC. Esclarece ainda que esse tipo de abrigo de concreto não foi instalado pela prefeitura”. Porém o CMTC, esclareceu por meio da divulgação de documento que a manutenção dos pontos de ônibus na cidade de Aparecida de Goiânia, são responsabilidade da prefeitura. “Resolução 084/2018, da CMTC, dispõe que manutenção, realocação e instalação dos pontos de ônibus são de responsabilidade das prefeituras”. 

Esta situação tomou um caráter de alerta para as entidades públicas, como o Ministério Público de Goiás que realizou uma reunião nesta terça-feira(11) com representantes do município de Aparecida de Goiânia, da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivos (CMTC) e da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) para a continuidade da articulação de providências conjuntas visando à segurança dos abrigos de passageiros de ônibus na cidade. O que ficou decidido foi que a Defesa Civil deve continuar realizando vistorias de todos os abrigos de passageiros de ônibus, ativos ou não, com prioridade em analisar as estruturas de concreto, com a interdição e retirada daqueles que apresentam situação precária.

Ausência de proteção 

O jornal O HOJE, por mais de uma vez, relatou a falta de abrigos em alguns locais de pontos de ônibus em Goiânia. Como no trecho da BR060 no setor Parque Oeste, já mencionado no dia 09 de março, em reportagem como relato da estudante Gabriela Diniz. “Além de não ter lugar de espera e nem sinalização, é super perigoso, porque os pontos são em uma BR”.

Além dessa, outras vezes esta reclamação foi noticiada e informada a Prefeitura Municipal de Goiânia, como em 2021, que o O Hoje denunciou o fato de 54% dos pontos de parada de ônibus na Grande Goiânia não possuírem abrigos. Ademais existem inúmeros locais em que o passageiro aguarda os ônibus a mercê de sol e chuva, como na Avenida Esperança na Vila Itatiaia, Rua Comendador Negrão de Lima no setor Negrão de Lima e avenida Cotovia no setor Santa Genoveva. 

Sobre isso, Bartolomeu Pereira mencionou que: “já precisei pegar duas vezes na rota do 105, na verdade na rota inteira do 105 tem vários pontos que não tem nenhuma placa, nenhum tipo de indicativo, mas um saber coletivo aquele local é considerado um ônibus, tem vários locais que não não tem nenhuma indicação de que é um ponto, mas é um ponto”. A linha de ônibus 105, o qual mencionada pelo estudante, realiza uma rota que sai do Terminal da Praça A e vai até o campus Samambaia da UFG. 

A respeito disso a CMTC, informou que: “Temos que no Brasil a maioria dos espaços para embarque e desembarque de passageiros ocorre somente com uma placa de sinalização. Normalmente, as placas têm formato octogonal, fixadas em tubo metálico ou em poste de iluminação pública”. O que não condiz com os relatos dos moradores da Região Metropolitana pois os locais em que não estão sendo encontrados os abrigos apresentam um grande volume de passageiros para embarque, como também não apresentam a sinalização adequada.

Manutenção 

Outra carência apontada pelo mestrando da UFG, Rodrigo Balestra e pelos moradores da Grande Goiânia é em relação a manutenção. Conforme relata Bartolomeu Pereira: “não vejo nenhum tipo de manutenção, seja pintura, seja um concreto que rachou e eles refazem, seja a cobertura do ponto que está faltando, algo do tipo, não tem nenhum tipo de manutenção, eles sempre deixam da forma como está. São poucos os pontos assim que eu vejo fora da área do seu dos que eu pego que tem manutenção”. 

Projeto 

Apesar de não ter uma data para início, a CMTC avisou ao Jornal O Hoje em primeira mão, que para Goiânia tem um projeto chamado “Um Ponto de Esperança”, parceria com a prefeitura. “Que consiste em usar a mão de obra carcerária Parceria da CMTC com a DGAP para a construção de abrigos, o projeto já está nos trâmites finais”, a assessoria explica.

Prefeitura 

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) – Prefeitura de Goiânia, informou que executa os projetos encaminhados pela CMTC relacionados à manutenção dos pontos de ônibus da capital. Nesse sentido completou: “Todos os ofícios encaminhados pela CMTC à Seinfra em que solicita mudança, retirada, demolição ou reforma dos pontos de ônibus de Goiânia foram executados em tempo hábil”. A Prefeitura de Aparecida de Goiânia foi procurada pelo Jornal O Hoje, para esclarecimentos sobre a manutenção dos abrigos e pontos de ônibus, porém não efetuaram uma respostas.

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