Segunda-feira, 01 de julho de 2024

BRF dá férias coletivas para 2 mil trabalhadores em Rio Verde

Decisão é reflexo da proibição de exportação de frangos da União Européia. Dispensa deve ocorrer de forma intercalada, por turno, a cada 30 dias

Postado em: 15-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Decisão é reflexo da proibição de exportação de frangos da União Européia. Dispensa deve ocorrer de forma intercalada, por turno, a cada 30 dias

Denise Soares

Desde ontem (14), 2,3 mil funcionários da linha de abate de aves da Brasil Foods (BRF), unidade de Rio Verde (GO), na região sudeste do Estado, estão de férias coletivas. Segundo comunicado oficial da BRF à imprensa, as férias coletivas ocorrem de forma intercalada, isto é, por turno de serviço. “A medida será aplicada em momentos distintos, já que a referida linha opera com três turnos. Portanto, as férias serão intercaladas, ou seja, enquanto dois turnos estiverem operando, um estará em férias.” A assessoria de imprensa da BRF não se pronunciou quanto aos riscos de demissão em massa ao fim das férias. Além de Rio Verde (GO), outras três unidades da organização no país concederam férias coletivas para os funcionários: Capinzal (SC), Carambeí (PR) e Toledo (PR).

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A decisão já havia sido anunciada pela BRF, no dia 4 de abril, após a União Européia (UE) proibir a exportação de aves de 12 frigoríficos da empresa, entre eles o de Rio Verde, em Goiás. Na época, em nota à imprensa, a companhia disse que iria ajustar a produção por causa do embargo. “Diante desta nova realidade, a BRF iniciará a revisão de seu planejamento de produção, que já considera o regime de férias coletivas em quatro de suas unidades: Capinzal (SC), Rio Verde (GO), Carambeí (PR) e Toledo (PR). Ainda é prematuro prever o impacto dessa revisão, dada a complexidade da cadeia produtiva na qual a BRF está inserida.” Em seguida, a empresa emitiu um novo comunicado informando que já tinha ajustes previstos em duas unidades de Goiás: Mineiros (GO) e Rio Verde (GO), além de Capinzal (SC) e Carambeí (PR), diante da suspensão temporária da exportação determinada em março pelo Ministério da Agricultura.

A BRF é dona das marcas Sadia e Perdigão e considerada a maior exportadora de frango do mundo, com cerca de 150 países clientes. A companhia possui mais de 50 fábricas e outros países e aproximadamente 100 mil funcionários. Além de movimentar o mercado, pela relação com produtores, fornecedores e prestadores de serviços.

Proibição

Em março, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) decidiu suspender temporariamente a produção e certificação sanitária de produtos de aves de 10 unidades da BRF que exportam do Brasil para a UE.  A suspensão foi um reflexo da Operação Carne Fraca da Polícia Federal (PF), deflagrada no dia 17 de março de 2017, com o objetivo de investigar indícios de enriquecimento ilícito e patrimônio incompatível com a renda; venda de carne fora dos padrões, vencida, acrescida de produtos para disfarçar a composição e conivência de chefes e técnicos do Mapa; bem como a participação no esquema dos laboratórios que deveriam averiguar a qualidade desses produtos.

No dia 3 de março deste ano, o ex-diretor-presidente global da BRF Pedro de Andrade Faria foi preso em São Paulo, na terceira fase da Operação, que passou a ser intitulada de Operação Trapaça. Além deste, outros 10 mandados de prisão temporária foram expedidos em desfavor de integrantes da empresa. As unidades da BRF em Carambeí (PR) e Rio Verde (GO), que produzem frango; em Mineiros (GO), que produz peru; e em Chapecó (SC), que produz ração, foram alvo da operação suspeitas de fraude nos laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria do tipo salmonela spp.

A decisão do MAPA de suspender temporariamente a produção e certificação sanitária de produtos de aves foi revogada no dia 18 de abril. No entanto, a repercussão da liberação é incerta, uma vez que a UE quer bloquear as exportações de unidades da BRF.

Peru

O jornal Hoje divulgou em primeira mão, na edição desta segunda-feira (14), a crise enfrentada pelos avicultores associados à Associação dos Avicultores da Perdigão (AVIP), em Mineiros (GO), devido aos impactos do embargo sofrido pela BRF. 

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