Empresárias reforçam relevância do mercado de brechós

O aumento no preço de roupas, calçados e acessórios estimulou o impulsionamento no mercado de segunda mão no Brasil. Somente no primeiro trimestre deste ano, a demanda no setor de brechós cresceu em média 30% e especialistas afirmam expectativa de alavanque no ramo.

A procura pelo mercado cresceu devido à necessidade do consumidor de reduzir gastos em tempos de crise. Essas lojas, que estão buscando inovar de acordo com a necessidade dos clientes, surgiram também em sites e espaços  online, como por exemplo, em grupos no Facebook.

A administradora e dona do Brechó ABC, Irene Carrano, 22, que tem página no Facebook de venda e troca de peças, contou que com a crise, o grupo tem recebido mais postagens. “Todo dia a página recebe muitos posts. O objetivo foi criar um ambiente para compra de produtos à preços mais acessíveis do que em lojas de departamento.”

Somente em Goiânia, já foram computados mais de 100 estabelecimentos formais que trabalham com a comercialização de acessórios e roupas conservadas e com preços mais acessíveis. Desse total, quase metade das empresas do segmento iniciaram as atividades entre 2019 e 2022, ou seja, no período da pandemia.  

Claúdia Benevenuto, é uma das proprietárias de loja de brechós na capital e conta que o planejamento é abrir mais lojas de forma física e virtual.  “Nosso planejamento é abrir mais duas lojas até o fim deste ano. O mercado está pronto para isso, principalmente o digital”, revela.

A empresária é consumidora de brechós desde os 15 anos. “O público de brechó vem crescendo muito. Entretanto, há ainda alguns estigmas com relação ao uso de roupa usada. Só que trabalhamos com peças de qualidade com preços acessíveis. Há roupas com pouco uso que podem custar R$ 200, R$ 300, em um brechó, enquanto que na loja convencional, essas mesmas peças, dependendo da marca, chegam a mais de R$ 1 mil”, diz.

Segundo ela, as redes sociais também são fundamentais na divulgação das lojas da franquia. Somente no Instagram são quase 40 mil seguidores e parte das clientes que vão até o estabelecimentos conhecem a loja através das redes sociais.

Das redes sociais a um empreendimento bem-sucedido

Uma pesquisa do e-commerce ThredUp, apontou que é previsto que 77 bilhões de dólares sejam movimentados neste mercado até 2025, com os consumidores mirando em compras de maior valor agregado. Aqui no Brasil o brechó de luxo ‘Desapega’ é um exemplo de case que investiu no seguimento e teve início de forma digital.

Fundado pela empresária Natália Martinhão, o brechó teve faturamento de 3,5 milhões de reais em 2022, o que corresponde a 70% a mais que no ano anterior. De acordo com Natália isso se deu após a entrada no mercado paulista. “Nossa entrada na capital paulista fez com que atingíssemos mais público vendedor e comprador – dois elos importantes do nosso negócio”, enfatiza a empresária

A partir dessa abertura o brechó mudou de posicionamento deixando de ser apenas o maior brechó de luxo do sudeste para figurar entre os mais importantes brechós de luxo do Brasil. A empresa teve início quando após um tempo morando fora do país, Natália resolveu colocar suas roupas e acessórios à venda, informalmente, pelas redes sociais.

“Percebi que fazia sucesso e vendia bem, então minhas amigas me pediram ajuda e passei a vender as peças delas, também. Nasceu um negócio e eu nem me dei conta desse começo”, relembra.

Atualmente a empresa tem um acervo de 30 mil peças, aproximadamente. São roupas femininas e masculinas, calçados, bolsas e acessórios (como óculos, cintos, lenços e chapéus) de grifes variadas, das mais cobiçadas e de alto valor (como Hermés, Chanel, Prada, Gucci, Louis Vuitton) até as mais acessíveis (como Zara). A logística utilizada pelo brechó é própria, para garantir que o cliente receba o produto em condições ideais. Outro destaque são as estratégias entre as equipes de contabilidade, jurídico, gestão de pessoas e marketing.