Goiânia perde cerca de 80 árvores durante construção de via

Segundo a Amma, a população deve trabalhar em parceria com o pode público para que menos árvores sofram com retiradas irresponsáveis

Postado em: 18-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segundo a Amma, a população deve trabalhar em parceria com o pode público para que menos árvores sofram com retiradas irresponsáveis

Gabriel Araújo*

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Apesar de toda a legislação para a proteção de árvores na Capital, com iniciativas de compensação ambiental e tombamentos de patrimônios naturais, a Grande Goiânia perde árvores. Foram retiradas nesta semana cerca de 80 árvores em Aparecida de Goiânia para a construção de uma nova via e a população reclama. Árvores são fonte de sombra e temperaturas mais amenas, são pontos utilizados na construção da Capital e de extrema importância no desenvolvimento de uma cidade.

De acordo com a gerente de arborização da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Patrícia Sahium, o órgão realiza análises para definir se uma árvore pode, ou não, ser retirada. “O técnico realiza uma análise biológica da árvore. Ele analisa a qualidade e a possibilidade de doenças, podendo encontrar espécimes com necrose e outros problemas que interferem na segurança”, completou.

Para o vendedor ambulante Luciano Nonato, de 44 anos, trabalhar sob a sombra de uma árvore facilita o dia. “Essa árvore é uma benção, sem isso aqui não dava para trabalhar. Uma árvore dessas é a melhor coisa que a gente tem aqui, sempre mais fresco”, concluiu.

Segundo a Amma, a população deve trabalhar em parceria com o pode público para que menos árvores sofram com retiradas. “A população também tem responsabilidade sobre as árvores. Quando pragas aparecem como fungos é preciso participação para evitar que a árvore acabe sofrendo com doenças”, afirmou Patrícia.

Legislação

De acordo com a Constituição Federal, por meio do código florestal e da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, determina que a responsabilidade na preservação de árvores em perímetros urbanos seja dos municípios. “No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observa-se o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo”, afirma o texto.

Segundo informado pela Amma, as árvores só podem ser retiradas em caso de possíveis riscos à população. Nestes casos é preciso de uma análise técnica realizada pelo órgão que mostre os problemas relacionados à saúde da árvore.

Para a legislação municipal, as atividades de podas e remoções de árvores só poderão ser executadas pelo órgão municipal competente, sendo proibida a retirada sem a autorização da Amma e o infrator sujeito às penalidades previstas em lei. Além disso, o município deve gerir e controlar infestação de erva-de-passarinho, cupins, lagartas e outras pragas, prioritariamente em árvores com infestação inicial e em vegetais mais expressivos.

Tombamentos

A árvore tombada como patrimônio natural municipal localizada no canteiro central da Av. Goiás Norte continua de pé. A gameleira, que quando adulta atinge até 20 metros de altura e dois metros de diâmetro, se destaca na paisagem da construção do Bus Rapid Transit (BRT). 

De acordo com pesquisa da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) uma árvore isolada pode transpirar, em média, 400 litros de água por dia, produzindo um efeito refrescante equivalente a 5 condicionadores de ar com capacidade de 2.500 kcal cada, funcionando 20 horas por dia. No caso das gameleiras, essa capacidade pode aumentar para 3.000 mil litros de água por dia. Somente a presença de uma árvore pode contribuir para uma redução da temperatura média de 1 a 4ºC.

Dentre outros locais tombados pelo governo municipal estão o Bosque do Botafogo, o Jardim Botânico, o Parque Areião, o Bosque dos Buritis, o Parque Lago das Rosas, o Parque Flamboyant e o Parque Vaca Brava. Todas estas áreas estão protegidas por leis municipais e pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental.

Árvore Histórica

Durante a construção da Capital, no início dos anos de 1930, o então interventor federal Pedro Ludovico Teixeira despachava documentos de uma árvore localizada na Rua 24, no Centro da Capital. A amoreira, localizada entre dois casarões, era o local escolhido pelo interventor para tratar de questões governamentais durante seu tempo no canteiro de obras. Apesar disso, a árvore foi retirada do local e, no momento, pode-se encontrar um pequeno prédio com um conjunto de pontos comerciais.

A árvore era considerada um patrimônio do município pela representatividade na história da Capital, e até chegou a ser tombada no 4º Registro de Imóveis no final da última década. Segundo o documento, a árvore serviu de acampamento “para iniciar a construção da capital goiana, ali procedendo a despachos administrativos, reuniões com auxiliares, organização de frentes de serviços em atos de governo. E edificou no local o primeiro imóvel de madeira, que ficou conhecido como o 1º. Palácio sede do Governo de Goiás”. 

Retiradas de árvores Aparecida de Goiânia preocupa moradores  

As obras na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia, já causam reclamações para a população. Empresários da região temem que a retirada de árvores possa elevar a temperatura da região, além da possível paralisação total do tráfego de veículos possa prejudicar o comércio e diminuir ainda mais a rentabilidade. 

Na última quinta-feira (14) a Secretaria de Mobilidade e Defesa Social do município iniciou a paralisação parcial da avenida e a retirada de árvores para as obras de preparação da implantação do viaduto.

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia afirmou que as obras estão previstas para começar na próxima segunda-feira (21). Com o orçamento em torno de R$ 13,5 milhões, as obras devem terminar em seis meses. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goiânia, a primeira fase da obra, consiste na remoção das árvores do canteiro central, pela própria secretaria, e no recuo dos postes pela Enel Distribuição Goiás (Enel) para a ampliação da via.

A Segunda fase consiste justamente no fechamento da via para a construção da trincheira e do viaduto. A previsão é de início no próximo mês, logo após o fim da primeira fase, e de término em seis meses.

A região é uma importante via de ligação entre as principais áreas de Aparecida e vem sofrendo com constantes congestionamentos. Para o secretário de Infraestrutura do município, Mário Vilela, a obra busca melhorar o fluxo de veículos na região, diminuindo assim os transtornos causados pelo trânsito.Esta obra tem o intuito de resolver um dos principais gargalos do trânsito da Região Metropolitana, liberando o tráfego da Avenida São Paulo, que é uma das principais avenidas da Grande Goiânia”, completou.


O projeto ainda prevê a implantação de um sistema de drenagem e captação da água das chuvas, além da construção de vias de acesso no entorno do viaduto. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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