Disco Vinil, uma história de amor espalhada pelo mundo inteiro

Seu chiado e som único é motivo de deleite para seus fãs

Postado em: 19-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Seu chiado e som único é motivo de deleite para seus fãs

Raunner Vinícius Soares* 

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O disco de vinil, de goma-laca, como conhecemos foi inventado em 1930, e até hoje desperta paixão nos adoradores no mundo inteiro. Seu chiado e som único é motivo de deleite para seus fãs. Um desses é Cleopas Lourenço, que se define como, também, um apaixonado pela boa música, de muitos gêneros e origens diferentes. Sua história com a música é intrínseca a história pessoal, e as lembranças felizes levam a olhares tristes de um passado onde trabalhava numa grande empresa de discos de vinil, sendo eles, sua vida, seu motivo de felicidade ainda hoje.

O entusiasta sempre gostou da melodia dos clássicos internacionais, até aquele momento da sua juventude quando era empregado numa loja de sapatos, não conhecia tão bem o sertanejo. Então, em dezembro de 1979 começou a trabalhar na maior empresa de discos vinil de Goiás à época, Discatel, que tinha no diferencial uma política trabalhista atrativa por, segundo ele, oferecer cursos profissionalizantes na área aos empregados, e passou a ter maior contato com vários estilos que não conhecia, se encantou pelo vinil naquele momento. Apresar de seu gosto eclético referente ao estilo, prefere as músicas mais antigas, anos 60, 70, 80 e 90.

Todo disco novo que chegava na loja fazia questão de separar para acrescentar a sua coleção. Cleopas fala que, “os amigos pegavam, e ainda pegam no meu pé nessa questão. Era só chegar um disco que o Cleopinha já pegava”.

Na Discatel trabalhou até 1995 quando pediu as contas, posteriormente, abriu seu próprio negócio, um sebo, onde, até hoje, compra e vende discos usados em sua casa, fora seu acervo pessoal. Junto a esta atividade toca em festas temáticas como DJ. Além de promover eventos onde confessa que, “não levo meus discos para tocar nas festas, gosto de preservar”.

Durante os 39 anos acumulou mais de 7 mil discos, que vai de sertanejo ao rock, acumulou muitas raridades como, porém, a que ele mais preza é a coleção clássica que é de rotação 78 da gravadora RCA Records, material de carvão, não no plástico como o vinil mais moderno. “Esta é a coleção mais antiga que tenho”. “O vinil, para quem gosta, é uma terapia, um grande prazer eu chegar em casa e ver meus discos expostos”, enfatiza.

Encontros e amigos

Quando um amigo vai para sua casa, Cleopas gosta de colocar o disco da preferência deste. As conversas sobre os ritmos misturam com as histórias daquela época. “Quando fala em sertanejo raiz retrata a história de um amigo que morreu, da fazenda, dos animais, disputas, orgulho ferido, totalmente diferente das músicas de hoje, cheias de duplo sentido e bobagens”.

As músicas de discoteca, animadas, que levam todos para a pista fazem ele se lembrar dos tempos de juventude, mulheres, amores, amigos, e até mesmo, família. “A visita tem preferência”.

História do Vinil

O vinil foi inventado pelo Húngaro Peter Carl Goldmark, que, na verdade, aperfeiçoou o disco de 78 rotações por minuto feito de goma-laca, uma resina dura e flexível útil para envernizar pisos e móveis, em 1930. Porém, o primeiro DJ foi o Alemão Emile Berliner, que usava bolachas metálicas como mídia para o gramofone, sua invenção que servia para reproduzir sons gravados.

Retomando ao vinil, Carl Goldmark, trabalhava para a gravadora americana Columbia Records, que queria criar discos mais duráveis e com mais músicas. Como o vinil era mais maleável e resistente que a goma-laca, suportava a gravação de sulcos menores e mais precisos. Com isso, o número de linhas no disco aumentou e a rotação diminuiu para 33 RPM. Resultado: enquanto o disco de laca quebrava fácil e gravava apenas 4 minutos de música, o de vinil continha mais de 20 – 10 minutos em cada lado.

Comércio

Em Goiânia, hoje, um disco pode ser vendido de R$5 a R$1.500 mil dependo da raridade, e o principal, do comprador e o seu interesse por certa relíquia. A pesquisa também é um fator importante para a compra e venda. Devido ao tempo de fabricação, e as poucas fábricas que existem hoje os vinis estão cada vez mais difíceis de encontrar. A falta de demanda pesa bastante diz o saudosista. “Mesmo as pessoas que colecionavam estão optando pelo CD e pen drive, hoje para ter mais segurança no armazenamento das músicas.”

Nesta década, a Nielsen SoundScan, sistema de informações que contabiliza os resultados dos mercados fonográficos americano e canadense, apontou que, só na primeira metade de 2013, o crescimento da venda dos discos de vinil nesses territórios foi de 33,5%. Existe hoje, nos Estados Unidos, uma projeção de que, ao fim do ano, esses representantes de um formato tido como ultrapassado e pouco prático tenham vendido 5,8 milhões de unidades, contra 4,6 milhões em 2012 (um crescimento de 27,9%). E no Reino Unido, onde as pequenas lojas de discos têm hoje nas bolachas de plástico uma parcela significativa de suas vendas (36% do total), o aumento, nos primeiros três meses de 2013, foi de 78%. (Raunner Vinicius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

Os 10 discos mais vendidos no Brasil até hoje: 

10º) Terra Samba ao vivo e a cores (1998) – 2.450.411

A banda de samba/pagode/axé se formou em 1991, mas foi em 1997/98 que estourou. Esse disco traz a versão ao vivo para a música “Liberar Geral”, que diz (umas 30 vezes): “Nada mal/ Curtir o Terra Samba não é nada mal/ Que legal/ É só entrar no clima e liberaaaar geral”.

9º) Mamonas Assassinas (1995) – 2.468.830

Foi o álbum de estreia e o único de estúdio da banda, que morreu em um acidente de avião em março do ano seguinte (1996). Em 1998 e 2006 foram lançados discos com versões ao vivo das músicas do primeiro.

8º) Xou da Xuxa (Xuxa, 1986) – 2.689.000

Foi o terceiro álbum de estúdio da Rainha dos Baixinhos, lançado junto com o programa de mesmo nome. Ela aparece na capa com uma blusa rosa transparente, o que causou certa polêmica na época. A clássica “Parabéns da Xuxa” (aquela do “Hoje vai ter uma feeesta…”), que sempre rolava em festas infantis, está lá.

7º) Um sonhador (Leandro e Leonardo, 1998) – 2.732.735

Lançado no ano em que Leandro morreu, o disco traz algumas das músicas mais famosas da dupla.

6º) Xegundo Xou da Xuxa (Xuxa, 1987) – 2.754.000

Depois de “bolo, guaraná e muito doce pra você”, Xuxa lançou o Xegundo Xou da Xuxa. Esse disco tem a música “Festa do Estica e Puxa” e “O Circo”, famosa nas festinhas com palhaços irritantes (quem não lembra de “Vem a foca com a bola no nariz, o elefante bancando o chafariz. Vem a macacada toda de uma vez”?).

5º) Xou da Xuxa 4 (Xuxa, 1989) – 2.920.000

Está ali “Tindolelê”, um clássico da infância cheio de onomatopeias misteriosas: “Eu quero ver/ Tindolelê/ Nheco nheco/ Xique xique/ Balancê”.

4º) Só Pra Contrariar (1997) – 2.984.384

Quarto álbum de estúdio do grupo de samba/pagode de Uberlândia. Tem a música “Mineirinho”, que quase todo mundo dançava nos churrascos da vida. Com o sucesso, eles foram convidados a gravar um álbum em espanhol, que vendeu 700 mil cópias nos países latinos.

3º) Leandro e Leonardo (1990) – 3.145.814

“Pensa em mim/ Chore por mim/ Liga pra mim/ Não, não liga pra eeeeele….”. E comemore com eles. O clássico “Pensa em mim” ajudou o quarto álbum de estúdio da dupla a ocupar a terceira posição entre os mais vendidos.

2º) Xou da Xuxa 3 (Xuxa, 1988) – 3.216.000

O disco da Xuxa mais bem posicionado no ranking do top 10 dos mais vendidos. “Ilariê” e “Brincar de Índio” ajudaram o Xou da Xuxa 3 a desbancar os outros três álbuns do TOP 10. O hit “Ilariê” ficou em 1º lugar por 12 semanas nas paradas brasileiras.

1º) Músicas para louvar o Senhor (Padre Marcelo Rossi, 1998) – 3.228.468

E o disco mais vendido…. é divino. Com esse álbum, o primeiro da carreira de Marcelo Rossi, o padre do movimento Renovação Carismática Católica passou a frequentar religiosamente os programas de auditório para cantar seus sucessos e mostrar coreografias. Ele já gravou outros 8 álbuns em estúdio desde então. 

Curiosidades  

Fábricas no Mundo hoje

Apenas 28 países no mundo possuem fábricas de vinil, portanto, é uma atividade industrial bastante escassa com 84 fábricas ao todo e no continente africano não existe nenhuma na América do Norte e Central são 39 fábricas (sendo 33 nos EUA, 04 no Canadá e uma no México e outra na Jamaica); na América do Sul, 05 (Brasil, Argentina e Chile); na África, não existe nenhuma em funcionamento; na Ásia, também são 05 (China, Coreia do Sul, Vietnã, Japão e Hong Kong); na Europa, 34 (com fábricas na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estônia, França, Holanda, Itália, Irlanda, Polônia, Reino Unido, Rússia, República Tcheca e Suécia) e na Oceania, apenas uma na Austrália. No total são 84 fábricas em funcionamento.

Espaço 

A sonda Voyager é um programa espacial que tem como objetivo explorar o espaço. Na estrutura da sonda tem um disco de ouro que contêm sons e imagens selecionados como amostra da diversidade de vida e culturas da Terra e são dirigidos a qualquer forma de vida extraterrestre (ou seres humanos do futuro distante) que os encontrem. O conteúdo dos discos foi selecionado por um comitê da NASA chefiado por Carl Sagan, também, apresentador da série de ciências para jovens Cosmos de 1980.  

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