Asma atinge cerca de 10% da população brasileira

As crises de asma podem ser causadas ou intensificadas por ácaros da poeira, mofo, polens, infecção respiratória por vírus e demais fatores

Postado em: 02-05-2023 às 08h02
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Asma atinge cerca de 10% da população brasileira
Os principais sintomas são falta de ar, chiado no peito, tosse, sensação de cansaço e dor no peito | Foto: Divulgação

Nesta terça-feira (02/05) é o Dia Mundial da Asma, que este ano traz como tema central “Cuidado de Todos com Asma”. A maioria das mortes que ocorrem pela doença está relacionada com a falta de tratamento adequado e em países pobres e em desenvolvimento.

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias e atinge cerca de 10% da população brasileira. A doença ainda é causa de morte no Brasil. As crises de asma podem ser causadas ou intensificadas por diversos fatores como ácaros da poeira, mofo, polens, infecção respiratória por vírus, excesso de peso, rinite, refluxo gastroesofágico, medicamentos e predisposição genética.

Estima-se que 23,2% da população vive com a doença, e a incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões do País. Apenas na Atenção Primária, a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), foram registrados 1,3 milhões de atendimentos no ano passado – aproximadamente 231 mil consultas a mais que em 2021 (1,1 milhão).

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Entre maio e junho de 2021, os atendimentos de asma tiveram o maior pico (cerca de 158 mil). “A partir de julho, o número de consultas de pacientes com asma diminuiu significativamente nas unidades básicas de saúde (UBS), o que provavelmente está relacionado ao aumento da vacinação, já que asma é uma comorbidade para a covid-19”, ressalta a diretora do Departamento de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Juliana Rezende.

Ela lembra que o SUS está preparado para atender os casos. “O Brasil é um dos poucos países do mundo a disponibilizar gratuitamente o tratamento para a doença”, reforça. Neste Dia Mundial de Combate a Asma, o Ministério da Saúde reúne informações úteis para cidadãos e profissionais de saúde.

Agravamento da doença

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a fumaça do cigarro é prejudicial mesmo quando a pessoa não faz uso direto de tabaco, mas convive de maneira próxima com os cigarros de outras pessoas – é o caso dos fumantes passivos, que podem ter aumento na inflamação dos brônquios por conta dessas situações. Além disso, o tabaco prejudica a saúde pulmonar de forma geral, e pode desenvolver ou agravar outras doenças pulmonares.

Outro fator de risco para a asma é a obesidade (com prevalência de 25,9% na população adulta, sendo que o excesso de peso já atinge mais de 60% dos maiores de 18 anos). Ela está relacionada ao agravamento de sintomas de asma, inclusive causando hiperresponsividade brônquica, inflamações sistêmicas e níveis séricos de citocinas pró-inflamatórias elevados. Dessa forma, indivíduos obesos apresentam respostas piores ao tratamento e têm mais dificuldade para controlar os sintomas. 

Embora a relação de causa e efeito entre os dois agravos ainda não seja totalmente compreendida, estudos apontam que o início tardio da asma cresce de maneira expressiva quando o índice de massa corpórea (IMC) das pessoas é maior ou igual a 30. Ou seja, o controle saudável do peso também pode ajudar na prevenção do quadro.

O sedentarismo também tem influência direta sobre a asma. A inatividade física, associada a mudanças no estilo de vida atual, está diretamente relacionada ao desenvolvimento e agravamento de doenças crônicas, inclusive as respiratórias. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pessoas insuficientemente ativas fisicamente têm maior risco de mortalidade (são cerca de 3,2 milhões de óbitos em todo o mundo). 

O combate ao sedentarismo também entra como uma ação de prevenção e controle da asma. No caso de quem já tem a doença, cabe ressaltar a importância do acompanhamento médico para orientações sobre a capacidade respiratória adequada ao exercício escolhido de forma segura.

Por último, para prevenir a asma em bebês, a principal recomendação é incentivo ao aleitamento materno. O leite humano oferece fator protetor para evitar o desenvolvimento de problemas respiratórios em crianças

Onde procurar atendimento?

Caso a pessoa esteja com sintomas de asma ou qualquer dificuldade respiratória não-emergencial, é indicado procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de sua residência – a Atenção Primária à Saúde (APS) ordena a rede, sendo o primeiro contato preferencial entre a população e o SUS. O diagnóstico ocorre a partir dos exames físico e de função pulmonar (espirometria) combinados com a história clínica do indivíduo. Em crianças de até cinco anos, apenas o diagnóstico clínico, a partir da dificuldade na realização de provas funcionais, é suficiente.

“Embora a asma não tenha cura, ela pode ser controlada com o tratamento adequado. Isso envolve o uso de medicamentos prescritos pelo especialista e o seguimento do tratamento composto por corticosteroides inalados para controle da inflamação brônquica, redução de sintomas e das crises. Essas medicações não devem ser abandonadas, nem tampouco retiradas do tratamento do paciente com asma sem a devida supervisão médica. A falta de controle da doença pode resultar em crises graves e levar até à morte”, alerta o Coordenador do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) Dr. Gustavo Wandalsen. 

Já o tratamento não medicamentoso incluem orientações de educação em saúde para evitar o contato com substâncias que desencadeiam crises (alérgenos); identificar os sintomas da asma; e como agir em casos de crises. As UBS também são capacitadas para oferecer ações de prevenção de agravos e de promoção da saúde (por meio de atividades individuais e coletivas) e acompanhamento longitudinal dos casos suspeitos ou já diagnosticados, oferecendo atenção integral para a população.

Para os gestores e profissionais de saúde, o Ministério da Saúde observa, ainda, que, para ser efetiva, a assistência à asma deve considerar fatores socioeconômicos, psicossociais e culturais, além do nível de tratamento disponibilizado localmente.

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