Goiás registra 10 óbitos por meningite em 2023

O estado teve registro de 59 casos da doença que pode causar a morte em até 24 horas após os sintomas iniciais ou deixar graves sequelas

Postado em: 11-05-2023 às 08h30
Por: Alexandre Paes
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O estado teve registro de 59 casos da doença que pode causar a morte em até 24 horas após os sintomas iniciais ou deixar graves sequelas. | Foto: Wagner Pereira

Recentemente, diversas notícias sobre o surto de meningite causaram preocupação na população brasileira. Mas a Secretaria de Estado da Saúde (Ses-GO) reforça a importância da vacinação contra a meningite diante do aumento no número de casos no País. A meningite pode ser causada por diferentes agentes, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. 

No Brasil, a meningite é considerada endêmica, o que significa que casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias eventuais. Em Goiás, a Ses-GO destaca que não há surto da doença. Até março de 2023, o estado já registrou 59 casos de meningite, dos quais 10 óbitos, de meningite de todas as etiologias e não somente das meningites com potencial de causar surtos ou epidemias, como a doença meningocócica e a meningite por Haemophilus Influenzae do sorotipo B. 

De acordo com o balanço do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, o estado de Goiás já imunizou 67,75% do público elegível. Segundo a Secretária de Saúde, a vacina meningocócica conjugada é oferecida pela rede pública em todas as unidades de vacinação das redes municipais, e está indicado para o público infantil a partir de 3 meses de idades, adolescentes (ACWY) e adultos na categoria de profissional de saúde, conforme indicações específicas no Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde (MS).

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“Seguimos reforçando que a vacina é a única forma segura de proteger as crianças. Tomando as doses nos prazos adequados podemos evitar surtos e evitar essa doença e outras que já estão até erradicadas do território brasileiro, como a poliomielite, que causa a paralisia infantil e pode evoluir para o óbito em casos mais graves”, ressalta Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da Ses-GO

Durante o ano de 2022, apenas 214.863 doses da vacina Meningocócica C e ACWY foram aplicadas em Goiás. Ao todo, cerca de 400 mil pessoas faziam parte do público-alvo, o que representa apenas 54,25% da cobertura vacinal alcançada no ano passado. 

A doença é um processo inflamatório que atinge as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, que pode gerar sequelas e levar ao óbito. As meningites bacterianas e virais são as mais preocupantes pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos. 

Transmissão

A transmissão da meningite bacteriana ocorre de pessoa a pessoa, por via respiratória, por meio de gotículas e secreções das vias aéreas superiores. No caso da meningite viral, além da transmissão respiratória, a transmissão via fecal-oral tem sido observada em alguns casos.

Segundo o infectologista e professor de Medicina do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, Robert Fabian Crespo Rosas, os pacientes devem ficar atentos aos sintomas iniciais da doença. “Os principais são febres, dores de cabeça, vômitos e sinais de irritação meníngea ao exame físico, que deve ser realizado por um profissional da saúde”, explica o infectologista.

Para a prevenção da doença, a vacinação é considerada a forma mais eficaz e consiste na administração de vacinas que protegem contra a meningite. A identificação e tratamento oportuno de casos e o rastreamento de contatos próximos com aplicação das intervenções necessárias também são importantes para evitar a ocorrência de surtos.

Robert destaca que “quando infectado, o tratamento vai depender da etiologia: no caso de ser de origem bacteriana deverá ser tratada com antibióticos (penicilinas), viral com antivirais (acyclovir) e as fungicas com antifúngicos (anfotericina B). Já o tratamento é curativo, porém podem ficar sequelas”, finaliza o médico.

Um comunicado da Ses-GO Informa a disponibilização temporária da vacina meningocócica C (conjugada) para toda a população não vacinada a partir de 15 anos de idade. A vacinação desse público se dará enquanto houver disponibilidade de doses em estoque nas Rede de Frio do Estado e Municipal.

Vacinação

Entre as vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que fazem parte do Programa Nacional de Imunização, temos: a vacina meningocócica conjugada sorogrupo C, que protege contra a doença meningocócica, causada pelo sorogrupo C; a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), efetiva contra as infecções invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. 

Também são ofertadas a vacina Pentavalente, que protege contra as infecções invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e ainda contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B; a BCG, que evita as formas graves da tuberculose; e a vacina meningocócica ACWY (conjugada), que está disponível na rede pública, para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. 

De acordo com o Coordenador das Enfermarias do Hospital Estadual de Doenças Tropicais (HDT), Luiz Felipe Silveira Sales, pacientes que são diagnosticados com a meningite devem iniciar o tratamento imediatamente. “Temos que iniciar o antibiótico e encaminhar o paciente para uma unidade especializada, porque as chances do paciente morrer ou evoluir para um caso grave é altíssima”, analisou o especialista.

Sales complementa com alerta para a população que a procura pela imunização é o melhor método de prevenção da doença. “A principal forma de prevenção é a vacinação. Mas caso uma pessoa tenha algum contato com um portador de meningite, ela terá a indicação de iniciar uma medicação preventiva também”, explicou. 

Bloqueio

Outra medida de prevenção e de controle da infecção por meningite é baseada na quimioprofilaxia com antibióticos. O tratamento é indicado somente para os contatos próximos de casos suspeitos de meningite por Haemophilus influenzae tipo B e doença meningocócica, sendo de responsabilidade do município onde ocorreu o caso realizar o bloqueio e orientações a todos os contatos próximos ao doente. 

Muito embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado, a quimioprofilaxia tem sido adotada como uma medida eficaz na prevenção de casos secundários e deve ser realizada o mais precocemente possível. Outras formas de prevenção contra a meningite incluem evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos. A notificação da doença é obrigatória por parte dos municípios goianos, que devem investigar os casos e realizar os bloqueios.

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