Rendimento per capita avança depois de um dos piores momentos para a economia no país

Para especialista, Goiás apresentou crescimento abaixo da média nacional

Postado em: 13-05-2023 às 09h32
Por: Anna Letícia Azevedo
Imagem Ilustrando a Notícia: Rendimento per capita avança depois de um dos piores momentos para a economia no país
O agronegócio também viveu uma fase muito virtuosa, se beneficiando dos preços internacionais das commodities e do câmbio desvalorizado do Brasil, afirma economista | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Brasil, sempre foi um país marcado pela desigualdade social, e com a pandemia de Covid-19 sofreu forte impacto na economia, fazendo com que em 2021 o país tivesse o pior rendimento domiciliar per capita em nove anos. Mas conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira (11/05), em 2022 o rendimento domiciliar per capita teve um aumento de 6,9% em comparação ao ano anterior, já o estado de Goiás não apresentou números tão otimistas. Porém esses números não marcam uma virada em relação a desigualdade social enraizada no país.

Nesse sentido, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país alcançou o feito de ter o rendimento médio mensal real domiciliar per capita no valor de R$ 1.586, um cenário de recuperação em relação ao ano anterior de R$ 1.484, o menor valor desde 2012. Dessa forma, apontando que a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita aumentou 7,7% em relação a 2021. Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), informa que no ano de 2022, o Auxílio Brasil e uma melhoria nas oportunidades de emprego em comparação com o ano anterior, contribuíram para esta recuperação de rendimentos dos brasileiros.

Porém, o economista Aurélio Troncoso, Coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas (CEPEM) – ALFA, explica o que significa este aumento de rendimentos na prática diária na sociedade. “Esse crescimento salarial é pequeno em relação ao que a gente viu que aumentou, o custo de vida aumentou, ficou mais caro. Tanto é que é depois pandemia o aumento substancial que teve em todos os tipos de produtos. Então você vê que o custo de vida ficou mais caro”. Dessa forma, acentuando a desproporcionalidade entre o aumento salarial e gastos da população.

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Assim como em Goiás, a desigualdade acentuada ainda afeta a população. “Inclusive Goiás cresceu menos que o Brasil. Nós tivemos um crescimento menor “, aponta o economista. “O processo inflacionário que nós tivemos logo depois da pandemia todos os aumentos, esse crescimento não foi substancial e não foi um aumento para poder repor a perda salarial”, completa ele em relação aos índices otimistas apontados pelo IBGE.

Desigualdade Social

Para além dos números divulgados pela Pnad, também deve ser analisado o Índice de Gini, utilizado para medir o grau de concentração de renda e apontar a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Esse apesar de demonstrar uma elevação no rendimento médio da população que ganham menos em relação a que ganha mais no país, não significa que o país em termos gerais, diminuiu a desigualdade social.

Conforme explica o Economista da Câmara Municipal de Goiânia, Everaldo Leite, “a redução da taxa de desemprego não significa melhoria em termos de desigualdade social. Entre os trabalhadores, o índice de Gini pode apresentar uma menor desigualdade, porque a maior parte dos trabalhadores está recebendo salários com valores próximos à renda média, que é muito baixa em todo o país, além de estar trabalhando em atividades pouco complexas ou precárias. Entretanto, a desigualdade social continua crescendo em função da distância cada vez maior entre a base da pirâmide social e o topo”.

Ele explica ainda que as pessoas que estão na base da pirâmide são aquelas com os salários que não se elevam em função do nível alto de desemprego que ainda caracteriza nosso mercado. Já aquelas que estão no topo são os que atuam na área financeira e nos segmentos do agronegócio, que estão obtendo rendas cada vez maiores.

Além disso, Everaldo Leite, explica como ocorre a manutenção dessa pirâmide social no país. “A renda do topo da pirâmide social cresceu significativamente nos últimos anos, inclusive no período mais severo da pandemia. O aumento expressivo da taxa de juros beneficiou fortemente os bancos, que investem em títulos públicos, aumentando os seus lucros e fazendo crescer a renda dos acionistas de modo espantoso. O agronegócio também viveu uma fase muito virtuosa, se beneficiando dos preços internacionais das commodities e do câmbio desvalorizado do Brasil”.

Sobre isto, Aurélio Troncoso aponta que a solução está no investimento em ensino diversificado de qualidade no país. “As pessoas que não tem mão de obra especializada é um quantitativo muito, mas muito maior do que aqueles que estudaram. Então esse aumento daqueles que ganham mais são aqueles que têm hoje no mercado de trabalho uma função específica daquilo que ele estudou”, afirma o especialista.

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