Falta identificar uma vítima

A única vítima sobrevivente está sedada e respira com ajuda de aparelhos

Postado em: 29-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A única vítima sobrevivente está sedada e respira com ajuda de aparelhos

Rafael Melo


Foram liberados, no último sábado (26), os corpos dos adolescentes mortos pelo incêndio causado no Centro de Internação Provisório do 7º Batalhão de Polícia Militar, no Jardim Europa, região oeste de Goiânia. Dos nove corpos vítimas do incidente, um deles ainda não foi liberado por causa da dificuldade na identificação, pois teria sido o mais carbonizado. O sobrevivente que foi encaminhado para o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) está em estado grave e tenta se recuperar com a ajuda de aparelhos.

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Após a tragédia na sexta-feira (25), no período da tarde, no Centro de Internação, e também durante a madrugada no Instituto Médico Legal, todos os familiares dos jovens envolvidos foram acompanhados pelos assistentes sociais e psicólogos do Grupo Executivo da Criança e do Adolescente (Gecria), da Secretaria Cidadã. No local, o titular da Pasta, Murilo Mendonça, e a diretora do Gecria, Luzia Dora, determinaram que assistentes sociais e psicólogos passassem a madrugada, bem como o último sábado (26), no IML a fim de prestar assistência aos familiares.

De acordo com o responsável da Secretaria Cidadã, Murilo Mendonça, o intuito era amenizar a dor dos familiares, prestando informações sobre o velório e o sepultamento, considerando que muitos não sabiam como agir. “O governador José Eliton determinou que amparássemos os familiares, com assistência psicológica e também burocrática neste momento tão sensível para pais, mães e familiares de um modo geral”, informou Mendonça, que disponibilizou uma van para conduzir os familiares de uma das vítimas até o cemitério.


Entenda o caso

Por volta das 11h30 de sexta-feira (25), foi colocado fogo em um colchão de um alojamento. Na parte interna, os próprios adolescentes fizeram uma barreira com outros colchões, o que provocou o fogo e consequentemente as mortes.

Diante da situação, os próprios agentes socioeducativos da unidade realizaram o combate inicial ao fogo, utilizando os recursos de combate de incêndio da própria unidade, evitando que as chamas se propagassem por todas as instalações do local. O Corpo de Bombeiros foi acionado e atuou de forma imediata no combate ao incêndio. O local contava com extintores, hidrantes, mangueiras, caixas de abastecimento e reservatório de água específico para fornecimento de água aos hidrantes.

Em nota, o governo de Goiás reiterou o fato de que não houve rebelião no Centro de Internação. Afirmou ainda que o incêndio tratou-se de ato isolado, feito pelos próprios internos. A motivação do incidente está sendo apurada, tanto administrativa, quanto criminalmente, uma vez que não houve o menor indício de que poderia haver o incêndio. Todas as forças policiais estão envolvidas na apuração criminal.

A Superintendência de Política Técnico-Científica coletou materiais e elementos que vão subsidiar os laudos técnicos. A Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) e Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), de imediato deram início às providências iniciais. Há um prazo de 30 dias para que sejam determinadas as causas do incêndio.


O Centro de Internação

O CIP está instalado nas dependências do 7º Batalhão de Polícia Militar e segundo o Coordenador do Centro Educacional da Criança e do Adolescente, Publius Lentulus Alves da Rocha, a unidade tem capacidade para acomodar cerca de 50 adolescentes, mas haviam 80 jovens instalados no Centro. “Além da deficiência no quadro de técnicos para o devido atendimento, há também a inadequação do espaço físico. O prédio não atende as disposições da Lei Federal sobre o Sistema Nacional Socioeducativo, a instalação deveria ser em um estabelecimento educacional e nunca dentro de um batalhão de Polícia Militar”, esclarece.

No entanto, a direção do Grupo Executivo da Criança e do Adolescente (Gecria), informou que a unidade tem capacidade física e operacional de receber até 80 jovens. Com 103 servidores fixos da Secretaria Cidadã, o CIP recebe professores da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) para ministrar aulas aos internos. Fazem parte do quadro de profissionais da Secretaria Cidadã, psicólogos, assistentes sociais, enfermeira, técnicos de enfermagem, pedagogo, agentes socioeducativos e educadores sociais.

O Gecria reafirmou ainda que o CPI em questão tem seu funcionamento regular, apesar da estrutura arquitetônica não atender aos parâmetros legais. O Grupo também declarou que os adolescentes assistem a aulas com conteúdo didático das escolas da Rede Estadual, realizam trabalhos manuais, como artesanato, são estimulados a frequentar a biblioteca da unidade e possuem local para praticar esportes. Além disso, os internos recebem (opcionalmente) visitas de grupos religiosos de vários credos e também de seus familiares com frequência semanal. São assistidos por uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde a partir de demandas médicas, odontológicas e farmacêuticas, exatamente como pedem às leis que tratam o assunto. Nestes casos médicos, sempre monitorados pelo governo de Goiás. 

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