Efeitos da crise se agravam

Mesmo após acordo, parte do movimento dos caminhoneiros continua nas rodovias de Goiás e ato já agrava abastecimento da Capital

Postado em: 29-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mesmo após acordo, parte do movimento dos caminhoneiros continua nas rodovias de Goiás e ato já agrava abastecimento da Capital

Gabriel Araújo*


T­oda a Região Metropolitana de Goiânia ainda sofre as consequências da greve dos caminhoneiros no Estado, a paralisação completou oito dias ontem (28) e é responsável por problemas no abastecimento de combustíveis e alimentos na Grande Goiânia. O Governo Federal anunciou, no último domingo (27), uma redução de R$ 0,46 no litro do diesel pelos próximos 60 dias. Movimento perde força, mas segue em alguns trechos. 

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Conforme informado pelo presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de Goiás (Sinditac-GO), Vantuir José Rodrigues, as informações são repassadas aos motoristas sobre o posicionamento do órgão, mas nada garante o controle dos manifestantes. “Eu acredito que o governo vai nos atender, mas 95% não acreditam e só vão desobstruir após a votação e publicação no Diário Oficial. Não temos controle sobre todos”, disse.

A equipe do jornal O Hoje percorreu um trecho da BR-153 e encontrou motoristas reunidos e protestando em um posto na altura do km 516. Um dos motoristas, que preferiu não se identificar, afirmou que as reivindicações vão continuar. “Até que todos os nossos pedidos sejam atendidos temos de continuar. Não vamos parar até ter uma garantia do Governo Federal, chega de promessas”, contou.

Para Pedro Martins, que trabalha com transporte de cargas há mais de 20 anos, a greve foi à única forma encontrada pela classe de ser ouvida no âmbito nacional. “A gente tá reivindicando o que precisa para ter condições decentes de trabalho. Estamos liberando quem tem carga viva, mantimentos de hospitais e alimentos perecíveis”, completou. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pontos de paralisação são reunião de motoristas às margens das rodovias. 


Impacto maior é refletido nos combustível e alimentos 

Dados levantados pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto) aponta que cerca de 70% dos postos do Estado estavam sem combustível ontem (28). De acordo com o órgão, Rio Verde, Jataí, Catalão, Porangatu e Luziânia estão sem etanol e diesel. Somente em Goiânia, 90% dos postos estão sem etanol e 35% não têm nem gasolina nem etanol.

Além disso, o Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) suspendeu a venda de etanol no Estado devido a dificuldade em retirar o combustível já comprado de dentro das usinas.

Estudo realizado pelo Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro-Oeste (Sinergás) constatou que 5% das distribuidoras em Goiás já registram a falta de botijões de gás nesta segunda-feira (28). O principal problema acarretado pela falta de gás é, segundo o Sinergás o aumento no valor do botijão, que normalmente é R$ 80, mas já está passando dos R$ 100.

A Central de Abastecimento de Goiás (Ceasa) já enfrenta dificuldades na distribuição de gêneros alimentícios na capital desde a última sexta-feira (25). De acordo com o entreposto, o abastecimento está comprometido em cerca de 30% devido à paralisação dos motoristas e que todos os seguimentos de alimentação foram afetados, o que leva a um aumento no preço dos produtos.

Os produtos que dependem de transporte interestadual como mamão, cenoura, batata e abacate estão com o estoque baixo ou zerado. Apesar disso, produtos produzidos em regiões próximas da cidade estão com o estoque normal ou regular, como o tomate. Ontem (28) a caixa do tomate de 22 quilos foi vendida a R$ 50.

A diretoria da Ceasa-GO informou, por meio de nota, afirmou que está acompanhado as negociações entre o Governo Federal e os grevistas e que “espera uma solução rápida para normalizar o abastecimento”.

E um supermercado na região leste da Capital a equipe de reportagem do O Hoje encontrou uma variação nos preços de mais de 100% em relação à duas semanas. A batata inglesa que era encontrada por cerca de R$ 3 no último dia 13 custa agora R$ 7,99. 

O dentista Rui Vieira, de 52 anos, afirmou que os preços aumentaram e a qualidade caiu. “Agora prefiro nem comprar, a batata não está boa e, por esse preço, nem compensa”, contou.


Transporte público

A redução da frota de ônibus na Grade Goiânia continua por tempo indeterminado, afirmou a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). De acordo com a Companhia, a rede continua enfrentando dificuldades no abastecimento da frota de ônibus do transporte coletivo. No último fim de semana a frota de ônibus foi reduzida em 30% e, desde ontem a redução está mantida em 20% do total.

A companhia afirmou, na última sexta-feira (25), que as reduções são fixadas de acordo com as planilhas dos dias de menor movimento na rede (leia mais na página 10).

Os preços dos combustíveis são determinados pela Petrobras, que calcula o reajuste de acordo com a variação do valor do dólar no mercado internacional. Em Goiânia, o constate aumento nos valores cobrados pelo abastecimento já é preocupação para a RedeMob Consórcio, empresa responsável pela gestão dos terminais da rede metropolitana, que declarou esta semana que a alta no preço do óleo diesel pode acarretar outro reajuste no valor da tarifa do transporte público, podendo chegar a R$ 4,40 o valor cobrado na Região Metropolitana de Goiânia.

A empresa manifestou, em nota, expectativas por mudanças significativas nas políticas públicas relacionadas ao diesel, a fim de trazer mudanças para a realidade atual e para o restante de 2018.


Protestos

A paralisação dos caminhoneiros começou na última segunda-feira (21) e ocorre em rodovias de todo o país. Os motoristas cobram uma redução nos preços cobrados pelos combustíveis e a aprovação do Projeto de Lei 528 de 2015, que tramita na Câmara dos Vereadores e visa criar uma política de preços mínimos a serem cobrados no transporte rodoviário de cargas.

Logo após o início o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) determinou a liberação das rodovias em Goiás. De acordo com a decisão do juiz Ronnie Paes Sandre, as manifestações são abusivas a partir do momento que em que cidadãos são impedidos de circular livremente pelo estado. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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