Motoristas de aplicativos de Goiânia reclamam de condições de trabalho

A manifestação contou com uma carreata, que começou no estacionamento do estádio Serra Dourada, passou pela Praça Tamandaré e Praça Cívica, e se encerrou no Cepal do Setor Sul

Postado em: 16-05-2023 às 08h22
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Motoristas de aplicativos de Goiânia reclamam de condições de trabalho
A manifestação contou com uma carreata, que começou no estacionamento do estádio Serra Dourada, passou pela Praça Tamandaré e Praça Cívica, e se encerrou no Cepal do Setor Sul | Foto: Larissa Oliveira

Nesta segunda-feira (15/5), motoristas de app’s como Uber, 99 Pop e Indrive fizeram uma paralisação dos serviços de corrida por 24 horas na capital goiana. O protesto visou a reivindicação de melhorias na remuneração dos trabalhadores pelas plataformas. 

De acordo com último levantamento, são mais de 22 mil motoristas de aplicativo e pelo menos 6 mil entregadores cadastrados em aplicativos em Goiânia. A manifestação contou com uma carreata, que começou no estacionamento do estádio Serra Dourada, passou pela Praça Tamandaré e Praça Cívica, e se encerrou no Cepal do Setor Sul. 

A paralisação foi convocada por meio das redes sociais por influenciadores digitais e aconteceu em diversas cidades de todo o país. O protesto consistiu no desligamento dos aplicativos durante um dia inteiro, ou seja, um “Day Off” por parte dos trabalhadores. Nesse período, a recomendação foi que os motoristas ficassem em casa, descansando e com suas famílias. Segundo o representante dos profissionais de aplicativos, Miguel Veloso, o objetivo da manifestação não foi prejudicar os passageiros.

Continua após a publicidade

“A manifestação nacional não pretendia prejudicar o usuário, mas sim superar dificuldades, pois os motoristas estão sendo prejudicados”, explicou o representante. Miguel afirma que, na região metropolitana de Goiânia, há cerca de 17 mil motoristas de carro e 3.500 de moto registrados. O representante da categoria disse que quase 80% dos motoristas da capital aderiram à paralisação. “Os que optaram por continuar trabalhando encontraram uma demanda muito alta e difícil de atender sozinhos”, afirma Veloso. 

Principais reivindicações

A reportagem do jornal O Hoje esteve presente no Cepal do Setor Sul, durante a paralisação dos motoristas de aplicativo de Goiânia. Dentre as reivindicações, os profissionais pediram reajustes no valor da tarifa mínima, no valor por quilômetro rodado e no valor por tempo excedido. “Nós reivindicamos uma tarifa mínima de dez reais e também o reajuste do valor do quilômetro e do tempo. Hoje, a Uber é a principal plataforma brasileira e mundial, ela fixou esses valores e ela não reajusta”, afirmou Lucas Rafael Dias.

Lucas é um dos líderes da manifestação e mostrou vários exemplos de valores oferecidos pelo aplicativo aos motoristas da capital. “Nos vidros de alguns carros nós colocamos prints de valores de tarifa ruim. O valor que vemos na tela é o que nós vamos ganhar. Então o motorista está ganhando aquele valor ali fixo e não altera”, explica. Segundo Diego Fernandes Silva Maia, outro líder do protesto, a reivindicação principal é o valor da tarifa. “Hoje, o motorista recebe uma diária mínima de R$5,50”, relata ele.

Além de aumentar o valor da tarifa mínima para dez reais, os profissionais também clamam por reajustes nos valores recebidos, levando em consideração a quilometragem e o tempo gastos. “Um exemplo, se você pega uma viagem de dez minutos e você gasta vinte por conta do trânsito ou algum acidente, não vai reajustar o valor da corrida. Você não ganha a mais pelo tempo a mais que foi gasto. E hoje nós ganhamos até um real por quilômetro rodado. Então exigimos valores e tarifas maiores”, pede Lucas Rafael.

Sem resultados

Segundo os líderes da paralisação, as empresas de aplicativo de transporte tiveram ciência da manifestação, mas ainda não deram um retorno significativo. “A Uber já se posicionou, deu apoio ao movimento, mas disse que vão passar as reclamações para os superiores, porque não é aqui em Goiânia que se resolve. É a única coisa que eles falam”, afirma Lucas Rafael Dias. O motorista de aplicativo também conta que foi realizada uma reunião com o prefeito Rogério Cruz durante o protesto.

“Depois de remarcar duas vezes, o prefeito se reuniu com a categoria”, conta Lucas. O encontro teve o intuito de pedir apoio e auxílio à Prefeitura de Goiânia no que diz respeito às atribuições legais previstas para a mobilidade dentro da capital. “Existe um decreto que não é colocado em prática. Então assim, também dependemos do prefeito”, afirma Lucas. O decreto o qual ele se refere é o Decreto n° 2.890, de 06 de outubro de 2017, que estabelece normas para o uso viário urbano, mediante a utilização de aplicativo de Operadora de Tecnologia. Entretanto, informações sobre o que foi discutido ainda não foram divulgadas.

Como os atos de manifestação foram publicados e compartilhados nas redes sociais, muitas pessoas questionaram a necessidade do movimento. “O povo já não está andando de uber assim, imagina subindo a tarifa. Eles têm é que diminuir a taxa absurda do passageiro”, afirmou Helton de Jesus, usuários de aplicativos de transporte. O motorista Diego Fernandes Silva Maia explicou que o movimento não espera que haja um aumento de tarifas para o usuário, mas uma padronização do valor repassado aos profissionais. 

“Com uma padronização, os aplicativos têm, além de uma concorrência justa, um repasse justo para os motoristas, devido ao valor dos combustíveis e manutenção dos veículos”, afirmou Diego. Segundo ele, desde o início da profissão, estão reivindicando melhorias. “Tem seis anos que nós estamos aqui lutando para as melhorias, não só valores, mas também direitos. Nós temos vários motoristas hoje que estão sendo bloqueados pelas plataformas sem defesa prévia. Então precisamos sim de ajuda”, conclui.

Veja Também