Sucesso no Brasil e no exterior, jeans da Região da 44 movimenta extensa cadeia produtiva

Esse tecido, que também dá nome ao modelo de calças mais usado no mundo, possui uma data só para ele, 20 de maio

Postado em: 19-05-2023 às 09h08
Por: Redação
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Esse tecido, que também dá nome ao modelo de calças mais usado no mundo, possui uma data só para ele, 20 de maio | Fotos: Divulgação

Democrático, versátil e gerador de emprego e renda, não é à toa que o jeans nunca sai de moda. Desde o fim do século 18, com a descoberta do denim (tecido resistente muito usado por marinheiros e camponeses franceses), até os dias de hoje, com as modernas modelagens e lavagens estilizadas, já são mais de 230 anos de uma peça que tem ainda muito espaço no guarda-roupa de muita gente.

Esse tecido, que também dá nome ao modelo de calças mais usado no mundo, possui uma data só para ele, 20 de maio. O dia foi instituído em referência ao 20 de maio de 1873, quando foi patenteada a primeira calça jeans como conhecemos hoje, e que na época, por sua alta durabilidade, era muito usada por mineiros e trabalhadores durante a Corrida do Ouro no Velho Oeste dos Estados Unidos.

E se o jeans é sucesso no mundo todo, na Região da 44 em Goiânia, maior polo confeccionista e distribuidor de moda do Centro–Oeste e o segundo do Brasil, não é diferente. De acordo com estimativas da Associação Empresarial da Região da Rua da 44 (AER44), dos cerca de 16 mil pontos de vendas no polo, ao menos 20% deles são especializados na venda e confecção de peças jeans.

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“A confecção de calças e outras peças em jeans é um segmento à parte aqui na nossa região, não só pelos preços competitivos e variedades de modelos, mas porque a qualidade do nosso jeans é reconhecida no Brasil inteiro”, afirma o presidente da AER44, Lauro Naves.

A designer de moda e influenciadora Sabrina Alves confirma essa fama sobre as peças jeans vendidas na Região da 44, em especial as calças. “Um grande diferencial do jeans produzido aqui em Goiás, cuja uma boa parte é vendida na 44, é sua enorme variedade de modelagens, especialmente para o corpo feminino. As peças que produzimos aqui também usam uma matéria-prima de altíssima qualidade”, afirma a especialista em moda.

“Levanta bumbum”

Sabrina explica que um dos principais atrativos que fazem com que as calças jeans goianas sejam vendidas no Brasil inteiro é a famosa costura “levanta bumbum”. “Esse é de fato um segredinho do jeans que temos aqui. É uma peça que modela muito bem o corpo, principalmente das mulheres, e com conforto, que é o mais importante”.

A calça jeans está entre as peças de roupas que mais evoluíram, tanto na modelagem quanto nos tons e cores. Só no que se refere aos tons do denim e tipos lavagens, o jeans é classificado em no mínimo 15 categorias. Referente à modelagem, para mulheres, são mais de dez tipos, com destaque para os modelos Slim e Skinny, hoje entre as mais procurados. Na modelagem para os homens existem oito modelos entre os mais conhecidos, com destaque para a calça reta, bem tradicional, e a slim fit que também é bem procurada para eles.

Sabrina Alves destaca ainda que junto com a modelagem e seu design, o jeans também evoluiu muito nos últimos em seu processo fabril, que hoje em dia está muito mais sustentável. ”Acho que a produção do jeans é muito mais sustentável. Nós temos, por exemplo, nos processos de lavagem e tingimento o uso de ozônio e laser, o que reduz o consumo de água”, pontua influencer e designer.

Cadeia produtiva

Trabalhando com moda há dez anos, dos quais oito foram dedicados à produção de peças em jeans, o confeccionista e lojista da Região da 44, Wellington Oliveira, afirma que esse reconhecimento do jeans goiano como um produto de alta estética e qualidade no Brasil inteiro se deve a um processo de confecção feito em várias etapas e que agrega muita tecnologia.

“O processo fabril de uma calça jeans, por exemplo, envolve no mínimo cinco etapas de produção. Começa no corte, depois vem a parte da facção que é quando a peça é costurada e fechada. Em seguida temos o tavete, que é quando são feitas as aplicações de botões, zipers e reforço de costuras em alguns pontos da calça. Depois temos o processo de lavagem, que hoje em dia é uma das etapas da produção que mais agrega o uso da tecnologia, com alguns processos de lavagem sendo desenhados em computador e aplicado com o uso de laser”, explica o empresário.

Jeans em números

Produzindo mais de 20 mil peças por mês, Wellington explica que só o processo fabril de uma calça jeans envolve o trabalho de cerca de 60 pessoas. “É uma cadeia produtiva bem extensa. Para se ter uma ideia, só nossa parte de jeans, empregamos mais de 80 pessoas diretamente entre produção, venda e administração”, informa o empresário que além de vender para lojas do Brasil inteiro, já exporta para os Estados Unidos e muitos países da Europa.

Dados de uma pesquisa feita em 2021, pela consultoria Inteligência de Mercado (Iemi) e encomendada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), apontam que a indústria do jeans representa aproximadamente 30% do setor de vestuário, em termos de produção e geração de empregos. Em se tratando de postos de trabalho, seriam mais de 400 mil oportunidades geradas só no ano passado.

Conforme números da Abit, no ano de 2021, a moda jeans wear registrou um valor de produção de 14,2 bilhões de reais, referente a mais de 304 milhões de peças produzidas só naquele ano. Em 2022,o valor de produção do segmento ficou praticamente estável, registrando 14,3 bilhões de reais e o número de peça foi menor, chegando a 288 milhões de itens. Estima-se que existam no Brasil mais de 4.600 unidades produtivas de jeans.

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