Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Praça Joaquim Lúcio, no Setor Campinas, passa por reformas

Local havia sido reformado em 2013, quando a prefeitura revitalizou sete praças da Capital

Postado em: 02-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Praça Joaquim Lúcio, no Setor Campinas, passa por reformas
Local havia sido reformado em 2013, quando a prefeitura revitalizou sete praças da Capital

Gabriel Araújo*

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A Praça Joaquim Lúcio, localizada no coração do Setor Campinas, está passando por reformas. O local, construído antes mesmo da criação de Goiânia, é um dos principais pontos históricos do bairro, que é 123 anos, o mais velho que a Capital. A obra está focada na reestruturação paisagística da praça e continua as podas realizadas no último mês.

O local foi palco de animadas festas carnavalescas nos anos de 1930 e 1940, passando por diversas revitalizações que começaram com a demolição do antigo coreto, que inicialmente deu lugar a uma estrutura mais moderna e, posteriormente, foi reconstruído tendo como base a planta original.

De acordo com o porteiro Luiz Eduardo, 39 anos, a melhor melhoria foi na visibilidade da praça. “Antes ninguém percebia o entorno da praça, tinha mais sombra e uma movimentação maior de moradores de rua. Eles podaram tudo e agora tá mais claro e seguro para a população. Tem muita coisa a melhorar ainda, mas já é um começo”, contou.

Já Luana Alves de Souza, 35 anos, lembra que muitos moradores de rua a abordavam pedido dinheiro e não podia trazer a filha devido a falta de segurança. “Melhorou muito, agora o pessoal da guarda fica aqui e não tem mais o pessoal chegando na gente o tempo todo”, afirmou.

Antiga reforma

Em agosto de 2013 a prefeitura realizou a reforma de sete praças na Capital. Na época a iluminação foi trocada e a parte estética recuperada. Somente na Praça Boaventura, no setor Vila Nova, cerca de 140 luminárias foram trocadas por lâmpadas de vapor de sódio de 150 watts, que representam uma melhor iluminação e menor gasto elétrico. 

A Praça Boaventura é uma homenagem da cidade ao pedreiro baiano Boaventura Moreira de Andrade, que morreu em novembro de 1965 e dedicou sua vida a ajudar pessoas humildes e foi eleito vereador na Capital por cinco mandatos.

Além disso, trabalhos foram realizados nas Praças Joaquim Lúcio, em Campinas, Circular, no Setor Sul, Léo Lynce, no Setor Oeste e Nova Suíça e da Paz, no Setor Cândida do Morai.

Revitalização

Como setor mais antigo da Capital, Campinas sofre com problemas estruturais em praças, pavimentos e locais históricos. Essa foi a observação do vereador Jorge Kajuru (PRP), que propôs no último mês de dezembro o projeto de revitalização do Setor Campinas, que segue parado na Câmara dos Vereadores. 

A iniciativa denominada de “Programa de Revitalização Urbana e Funcional do setor Campinas” foi pensada para ser desenvolvida pela administração municipal e busca melhorar a qualidade de vida na região. De acordo com o texto, o programa propõe contemplar ações de restauração do patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, a qualificação do mobiliário urbano e dos equipamentos sociais, a reorganização da malha viária e também do transporte público, a revitalização, conservação e limpeza de vias, prédios e áreas públicas, além da ampliação da oferta de vagas de estacionamento e estímulo ao desenvolvimento de atividades comerciais e prestadoras de serviços.

Conforme diz o texto, para viabilizar as ações, o Paço deve promover convênios e parcerias com entidades e empresas privadas, universidades, moradores e comércio local, em conformidade com o programa de Parcerias Público Privadas (PPP). Kajuru afirma que, apesar do valor histórico, o setor está sendo esquecido pelas políticas públicas. “Campinas guarda importante parte da história de Capital, mas que, com o passar dos anos, inúmeros problemas foram acumulados na região”, lembrou. 

A história do bairro mais antigo da cidade 

O Setor Campinas, que até 1935 era um município autônomo, completa 208 anos no próximo mês de julho. Surgiu como um povoado em 1810, passou à arraial após a vinda de mineradores que buscavam ouro às margens do ribeirão Anicuns e foi elevado a categoria de vila apenas em 1907, sendo território de jurisdição do que atualmente é a cidade de Trindade. 

O setor passou a ser município em 1914 e, quando foi decretado à nova Capital, Campinas foi anexada como bairro residencial. O atual setor sofreu com o crescimento populacional que logo ultrapassou o planejamento inicial de 50 mil pessoas para toda a cidade. As décadas seguintes, entre 1950 a 1970, foram o ponto inicial do acelerado processo especulativo imobiliário, com um grande fluxo de pessoas saindo da zona rural e passando a morar na cidade, e do rompimento com o projeto arquitetônico de Goiânia.

O crescimento econômico e social de Goiânia fez a população passar de 53 mil pessoas em 1950 para quase um milhão e meio este ano e afetou a forma como o planejamento urbano funciona em toda a cidade. 

Campinas, por ser firmar como região comercial, viu suas estruturas históricas sendo substituídas por comércios e bancos, sendo necessária a intervenção do Estado na preservação de prédios como o antigo Palace Hotel, localizado na esquina da Avenida 24 de Outubro com a Rua Geraldo Nei, em Campinas. O local foi tombado por uma lei municipal em 1991 e posteriormente transformado na Biblioteca Municipal Cora Coralina, que já passou por duas reformas, a primeira em 2000 e a segunda em 2007 e aguarda a conclusão da licitação para a terceira.

A Capital possui edifícios e uma região tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Museu Professor Zoroastro Artiaga, construído em 1942 pelo engenheiro polonês Kazimiers Bartoszevsky para sediar o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), o conjunto Arquitetônico e Urbanístico Art Déco do centro da cidade e o Centro Cultural Oscar Niemeyer são apenas alguns. Além disso, a prefeitura também possui locais tombados como patrimônio histórico e cultural, são casos da Antiga sede do Fórum e da Prefeitura Municipal de Campinas e do, já mencionado, antigo Palace Hotel.

Um dos edifícios históricos mais emblemáticos da Capital é a antiga Estação de Trem, que está localizada próxima à rodoviária de Goiânia e está passando por um processo de reforma total. O local foi inaugurado em 1950 e funcionou até a década de 1980, recebendo trens de cargas e passageiros da Estrada de Ferro Goyaz. Ela é um dos mais importantes edifícios representativos do Acervo arquitetônico e urbanístico Art Déco de Goiânia, tombado pelo Iphan desde 2002.  O pavimento central do edifício possui dois relevantes afrescos de autoria de Frei Nazareno Confaloni, pintor e muralista, reconhecido como pioneiro da arte moderna em Goiás.

Tombado em 2003, o Acervo Arquitetônico e Urbanístico Art Déco de Goiânia é um dos mais importantes e representativos do mundo. O conjunto possui 22 edifícios e monumentos públicos, concentrados no centro da cidade.

Goiânia foi planejada e construída por iniciativa do político goiano Pedro Ludovico Teixeira, durante a chamada Marcha para o Oeste, estratégia desenvolvida pelo governo de Getúlio Vargas para acelerar o desenvolvimento e incentivar a ocupação no Centro-Oeste do país. De acordo com o Iphan, o estilo art déco inspirou os primeiros prédios da cidade projetada pelo urbanista Attílio Corrêa Lima. O projeto foi criado inspirado na teoria das cidades-jardim, do urbanista inglês Ebenezer Howard e, inicialmente, foram abertas três avenidas principais que confluem para o Centro, onde foi erguido o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual. (Gabriel Araújo* é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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