Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Instituições entram em alerta e PCC pode orquestrar ataques

Documento restrito reconhece ameaça de ataques contra instituições e cidades de Goiás

Postado em: 05-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Documento restrito reconhece ameaça de ataques contra instituições e cidades de Goiás

Rafael Melo


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Algumas instituições e servidores entraram em estado de alerta após a divulgação de um documento emitido pela Secretaria de Segurança Pública (SPP) no último domingo (03). O relatório, com caráter de acesso restrito, manifesta a possibilidade de ataques por parte da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra servidores da segurança pública, instituições financeiras, e empresas de transporte coletivo.

De acordo com o documento, a prática do incidente ocorre devido “à política adotada no que diz respeito ao regime dispensado aos presos na unidade prisional estadual sediada em Anápolis”. O relatório também ressalta um comunicado de alerta com atenção especial para as cidades das quais foram transferidos integrantes do PCC para Anápolis, tais como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Goianésia, Goiatuba, Morrinhos, Rio Verde, Catalão, Jataí, Itumbiara, Mineiros, bem como todas as cidades da região sul e sudeste do Estado de Goiás, locais onde existem predominância do integrantes da referida Organização Criminosa.

O relatório, emitido pela Gerência de Inteligência Estratégica da Secretaria de Segurança Pública (SSP), também recorda os casos de violência ocorridos em cidades do interior de Minas Gerais. As cidades do triângulo mineiro Uberlândia, Uberaba e Alfenas sofreram ataques ao transporte público com ônibus incendiado, bem como uma agência do Banco do Brasil que também foi incendiada. No entanto, ainda não é possível afirmar, com convicção, que os referidos ataques tenham sidos oriundos da organização criminosa Primeiro Comando Capital.

Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública de Goiás respondeu que elaborou o relatório a partir de informações recebidas sobre a possibilidade de ocorrência de atos de violência que poderiam colocar em risco a sociedade e alertou todas as forças para redobrarem a atenção no combate ao crime. O comunicado ressaltou também que as forças de segurança do Estado têm obtido êxito nas ações para coibir o avanço da criminalidade em nosso Estado, ponderando que os ataques ocorreram em outros Estados, não sendo registrados em Goiás.


Medo

O estado de alerta contra os ataques teria iniciado na sexta-feira (1) quando parte dos presidiários se rebelou por não ter água e carecer de qualidade na assistência oferecida, segundo os advogados. Após o banho de sol, alguns detentos se recusaram a voltar para as celas e entraram em conflito com agentes penitenciários. O Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) foi acionado e, na oportunidade, usaram balas de borracha e feriram 16 internos. Já no sábado (2), familiares e advogados de detentos que cumprem pena no Presídio de Anápolis ficaram o dia todo na porta da unidade em busca de informações sobre o estado de saúde de alguns presos.


Membros

Segundo os levantamentos da Superintendência de Inteligência Integrada, por meio da Gerência de Inteligência Estratégica, responsável por monitorar e acompanhar as facções criminosas presentes e atuantes no Estado de Goiás, em parceria com outras instituições, especialmente a Polícia Civil e a Superintendência Executiva de Administração, constam 577 membros do PCC presentes em 42 das 246 cidades do Estado de Goiás.

Para a lógica do crime, ter controle sobre as rotas de tráfico é tão importante quanto chefiar as alas penitenciárias. As disputas entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) são embates recorrentes, mas não se resumem aos confrontos internos constatados no controle dos presídios brasileiros. A última rebelião no complexo prisional de Aparecida de Goiânia, no início de 2018, resultou em nove mortes.

Em reunião realizada no início do ano em decorrência do caso, para discutir a crise do sistema prisional em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), havia declarado à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, a preocupação com a atuação desse tipo de organização criminosa em Goiás. “Há dois anos atrás, não tínhamos isso aqui de PCC. Hoje, de 30 cadeias, 40 têm”, disse o governador, na época. 

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