Poeira, barulho e fuga de clientes

Avenida São Paulo é uma das mais importantes de Aparecida de Goiânia, por onde passam cerca de 50 mil veículos por dia

Postado em: 06-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Avenida São Paulo é uma das mais importantes de Aparecida de Goiânia, por onde passam cerca de 50 mil veículos por dia

Gabriel Araújo*

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A Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia, está com um trecho com paralisação total do tráfego. O cruzamento com a Avenida Rudá ficará interditado por 10 dias para o trabalho de estruturação das vias de acesso. Esta etapa das obras consiste na retirada de parte das calçadas e do canteiro central para que sejam construídas as vias de acesso ao viaduto e o rebaixamento da avenida nos trechos entre a Avenida Rudá e a 4ª Radial.

A prefeitura da Aparecida criou duas opções de desvio na região das obras. Para quem se dirigir no sentido Setor Pedro Ludovico pode contornar pela rua Oiapoque, pegar Rua Pindorama, cruzar a Avenida Rudá até a Rua Nova Olinda e retornará à Avenida São Paulo. Quem estiver na Quarta Radial, sentido Correios pode continuar até a rotatória da Avenida Rio Verde, pegar a Rua Tapajós e seguir pela Avenida das Bandeiras até a Rua Oiapoque, para então retornar à Avenida São Paulo.

As secretarias de Infraestrutura e Mobilidade e Defesa Social de Aparecida de Goiânia ainda estudam uma obra na rotatória dos Correios, área na divisa entre Aparecida e a Capital. Os órgãos afirmam ser necessária a intervenção logo após o fim da construção do viaduto devido ao grande fluxo de veículos. Por ser na divisa entre os municípios, o secretário afirmou que uma reunião entre as secretarias de trânsito e obras dos municípios deve ocorrer nas próximas semanas para que soluções sejam propostas.

De acordo com o secretário de infraestrutura, Mário Vilela, as obras devem desafogar o trânsito na via e no entorno. “O viaduto vai ajudar, mas ainda é preciso realizar uma obra em relação à rótula que fica entre as duas cidades, para conseguir desobstruir de vez o trânsito na região”, contou.

Fases

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goiânia, a primeira fase da obra, iniciada no último mês de janeiro, consistiu na remoção das árvores do canteiro central, pela própria secretaria, e no recuo dos postes pela Enel Distribuição Goiás para a ampliação da via.

Na época foram retiradas cerca de 80 árvores no canteiro central da avenida. A prefeitura de Aparecida de Goiânia afirmou que a reurbanização do trecho da Avenida São Paulo seria realizada e a mesma quantidade de árvores seria replantada. O órgão ainda lembrou que as espécies retiradas não tinham ligação com o bioma Cerrado, e por isso não era necessário o replantio de uma quantidade superior do que o retirado.

De acordo com a Constituição Federal, por meio do código florestal e da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, determina que a responsabilidade na preservação de árvores em perímetros urbanos seja dos municípios. “No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observa-se o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo”, afirma o texto.

Para legislação municipal, as atividades de podas e remoções de árvores só poderão ser executadas pelo Órgão municipal competente, sendo proibida a retirada sem a autorização da Amma e o infrator sujeito às penalidades previstas em lei. Além disso, o município deve gerir e controlar infestação de erva-de-passarinho, cupins, lagartas e outras pragas, prioritariamente em árvores com infestação inicial e em vegetais mais expressivos.

A segunda fase consiste justamente no fechamento da via para a construção da trincheira e do viaduto. Esta fase já está em operação há 21 dias, e tem previsão de termino em cinco meses. O secretário afirmou à reportagem, no último mês de março, que as obras estão previstas para terminarem até outubro deste ano, seis meses após o início. “Temos a intenção de realizar toda a obra durante período de estiagem para evitar o aumento dos transtornos que normalmente ocorrem no período chuvoso”, pontuou.

Congestionamentos

A região é uma importante via de ligação entre as principais áreas de Aparecida e vem sofrendo com constantes congestionamentos. Para o secretário de Infraestrutura do município, Mário Vilela, a obra busca melhorar o fluxo de veículos na região, diminuindo assim os transtornos causados pelo trânsito. “Esta obra tem o intuito de resolver um dos principais gargalos do trânsito da Região Metropolitana, liberando o tráfego da Avenida São Paulo, que é uma das principais avenidas da Grande Goiânia”, completou.

A obra deve custar ao Poder Público pouco mais de R$ 13 milhões que devem vir do Tesouro Nacional. O projeto ainda prevê a implantação de um sistema de drenagem e captação da água das chuvas, além da construção de vias de acesso no entorno do viaduto. 

Comércio de Aparecida perde força com fechamento da via 

Empresários que trabalham na região da obra reclamam da falta de clientes, poeira e demora na conclusão da obra. Com a paralisação do fluxo de carros não é mais possível receber ou enviar os produtos vendidos. O comerciante Ferraz Silva, 39 anos, reclama da demora na conclusão da obra. “Perdi uns 90% dos clientes porque não consigo enviar as mercadorias, é difícil vender quando os clientes não conseguem nem ver a loja”, afirmou.

Pouco antes do início das obras, quando a prefeitura de Aparecida de Goiânia anunciou que fecharia todo o fluxo de carro da via, a reportagem do O Hoje visitou a região para ouvir os moradores. Na época, o empresário Orci Francisco da Silva, que trabalha com a venda de veículos há mais de 27 anos na região afirmou não acreditar que as obras fossem concluídas em menos de um ano. “Acho que vai pelo menos um ano ai, só espero que não se torne um BRT como no setor Pedro Ludovico, em Goiânia”, lembrou. 

Da Silva ainda lembrou a preocupação com a queda nas vendas, já que a paralisação vai impedir a chegada de carros nas lojas. “A obra já gerou a saída de empresas daqui, não tem como trabalhar sem ter cliente. Acho que seria melhor fazer por etapas, primeiro um lado e depois o outro”, concluiu.

Outra empresária, que decidiu não se identificar e trabalha com a venda de alimentos próximo ao local da obra afirmou que não conseguiu informações concretas sobre as ações. “Um fiscal vem e fala uma coisa e aparece outro falando algo completamente diferente”, disse. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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