Classe Hospitalar promove inclusão dos pacientes adultos no HDS
Implantado em junho de 2014 no Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), o projeto Classe Hospitalar já beneficiou vários pacientes do hospital
Por: Márcio Souza
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Diagnosticada com hanseníase aos 14 anos, Messias Pereira
dos Santos foi internada, compulsoriamente, na antiga Colônia Santa Marta onde
ficou isolada da família e amigos. Hoje, aos 53 anos, Messias continua sendo
moradora no, agora, Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação
Santa Marta (HDS). Apaixonada pelo estudo, ela conseguiu realizar dois sonhos
na instituição, o de voltar para a sala de aula e o de poder trabalhar.
Através do projeto Classe Hospitalar, da Secretaria de
Educação de Goiás (Seduce), Messias e outros pacientes do hospital tiveram a
oportunidade de estudar, conhecer as palavras e os seus significados. Messias
frequenta as aulas na Classe Hospitalar há quatro anos e hoje é a monitora da
turma.
Com seu jaleco da Seduce, ela é a “funcionária” do projeto.
“Eu que organizo a sala de aula e ajudo a professora. As aulas são boas demais.
Não gosto dos finais de semana porque não temos aula”. Com duração de quatro
horas, as aulas são de segunda a sexta-feira.
A professora do projeto, Márcia Marques de Paula, é
contratada pela Secretaria de Educação de Senador Canedo que se juntou ao
projeto no HDS. Com 19 anos em sala de aula, Márcia afirma que “trabalhar com
os pacientes é engrandecedor”. Todos os alunos também são matriculados na rede
de ensino de Senador Canedo.
Ilaci de Moraes Cidra, de 59 anos, faz tratamento no HDS e
frequenta as aulas há dois anos. Ela gostou tanto de conhecer o mundo das
letras que acabou levando o esposo, Francisco Cidra, de 68 anos, para
participar do projeto. Para o seu Francisco, “a maior pobreza do homem é ser
analfabeto. Por isso quero ser rico, o que para mim é um dia saber ler e
escrever meu nome”.
Dona Geli Pereira Marques, de 70 anos, começou a estudar em
uma escola convencional (EJA), mas sem sucesso, sentia-se incapaz de aprender.
Com déficit cognitivo, ela encontrou na Classe Hospitalar o prazer da escrita e
da leitura. “Em uma consulta com meu médico geriatra aqui do HDS ele me
encaminhou para o projeto. Hoje sou muito feliz, pretendo estudar aqui até
quando me permitirem. Já sei escrever meu nome e amo minha professora”.
Classe Hospitalar no HDS
Implantado em junho de 2014 no Hospital Estadual de
Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), o projeto Classe
Hospitalar já beneficiou vários
pacientes do hospital. A supervisora de reabilitação psicossocial do HDS,
Cledma Pereira Ludovico de Almeida, conheceu o projeto da Seduce no Centro
Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e foi a
responsável pela implantação no HDS.
“Durante os atendimentos aqui no HDS identificamos nos
nossos pacientes a necessidade de apoio educacional. A iniciativa Classe
Hospitalar já existia, mas sempre voltada para crianças e adolescentes.
Resolvemos inovar e atender os adultos que são pacientes do hospital”.
Para conseguir implantar o projeto no HDS foi preciso uma
parceria com a secretaria de educação de Senador Canedo. Todos os alunos são
matriculados na rede pública e realizam avaliações aplicadas pela professora do
projeto.
“Temos muito orgulho do Classe Hospitalar. Para muitos de
nossos pacientes, o projeto significa a oportunidade de uma vida melhor e mais
feliz”, finalizou Cledma.
Colônia Santa Marta
Fundada na década de 30 em Goiânia, a Colônia Santa Marta,
em Senador Canedo, era uma instituição criada pelo Governo do Estado para o
isolamento e tratamento de pessoas acometidas pela hanseníase. Na época, o
local era conhecido como leprosário.
Em consequência da nova política de atenção aos portadores
de hanseníase, e de diretrizes nacionais de desospitalização para estes
pacientes, em 1983, a Colônia Santa Marta foi transformada em Hospital Estadual
de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS Santa Marta).
Em dezembro de 2013, a Associação Goiana de Integralização e
Reabilitação (Agir) assumiu a gestão do hospital. Atualmente, o HDS é uma
unidade de atendimento ambulatorial e hospitalar de média complexidade com
objetivo de prestar assistência gratuita aos usuários do SUS. A unidade oferece
também atendimento aos ex-pacientes da extinta Colônia Santa Marta.