Classe Hospitalar promove inclusão dos pacientes adultos no HDS

Implantado em junho de 2014 no Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), o projeto Classe Hospitalar já beneficiou vários pacientes do hospital

Postado em: 06-06-2018 às 14h15
Por: Márcio Souza
Imagem Ilustrando a Notícia: Classe Hospitalar promove inclusão dos pacientes adultos no HDS
Implantado em junho de 2014 no Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), o projeto Classe Hospitalar já beneficiou vários pacientes do hospital

Diagnosticada com hanseníase aos 14 anos, Messias Pereira
dos Santos foi internada, compulsoriamente, na antiga Colônia Santa Marta onde
ficou isolada da família e amigos. Hoje, aos 53 anos, Messias continua sendo
moradora no, agora, Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação
Santa Marta (HDS). Apaixonada pelo estudo, ela conseguiu realizar dois sonhos
na instituição, o de voltar para a sala de aula e o de poder trabalhar.

Através do projeto Classe Hospitalar, da Secretaria de
Educação de Goiás (Seduce), Messias e outros pacientes do hospital tiveram a
oportunidade de estudar, conhecer as palavras e os seus significados. Messias
frequenta as aulas na Classe Hospitalar há quatro anos e hoje é a monitora da
turma.

Continua após a publicidade

Com seu jaleco da Seduce, ela é a “funcionária” do projeto.
“Eu que organizo a sala de aula e ajudo a professora. As aulas são boas demais.
Não gosto dos finais de semana porque não temos aula”. Com duração de quatro
horas, as aulas são de segunda a sexta-feira.

A professora do projeto, Márcia Marques de Paula, é
contratada pela Secretaria de Educação de Senador Canedo que se juntou ao
projeto no HDS. Com 19 anos em sala de aula, Márcia afirma que “trabalhar com
os pacientes é engrandecedor”. Todos os alunos também são matriculados na rede
de ensino de Senador Canedo.

Ilaci de Moraes Cidra, de 59 anos, faz tratamento no HDS e
frequenta as aulas há dois anos. Ela gostou tanto de conhecer o mundo das
letras que acabou levando o esposo, Francisco Cidra, de 68 anos, para
participar do projeto. Para o seu Francisco, “a maior pobreza do homem é ser
analfabeto. Por isso quero ser rico, o que para mim é um dia saber ler e
escrever meu nome”.

Dona Geli Pereira Marques, de 70 anos, começou a estudar em
uma escola convencional (EJA), mas sem sucesso, sentia-se incapaz de aprender.
Com déficit cognitivo, ela encontrou na Classe Hospitalar o prazer da escrita e
da leitura. “Em uma consulta com meu médico geriatra aqui do HDS ele me
encaminhou para o projeto. Hoje sou muito feliz, pretendo estudar aqui até
quando me permitirem. Já sei escrever meu nome e amo minha professora”.

Classe Hospitalar no HDS

Implantado em junho de 2014 no Hospital Estadual de
Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), o projeto Classe
Hospitalar  já beneficiou vários
pacientes do hospital. A supervisora de reabilitação psicossocial do HDS,
Cledma Pereira Ludovico de Almeida, conheceu o projeto da Seduce no Centro
Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e foi a
responsável pela implantação no HDS.

“Durante os atendimentos aqui no HDS identificamos nos
nossos pacientes a necessidade de apoio educacional. A iniciativa Classe
Hospitalar já existia, mas sempre voltada para crianças e adolescentes.
Resolvemos inovar e atender os adultos que são pacientes do hospital”.

Para conseguir implantar o projeto no HDS foi preciso uma
parceria com a secretaria de educação de Senador Canedo. Todos os alunos são
matriculados na rede pública e realizam avaliações aplicadas pela professora do
projeto.

“Temos muito orgulho do Classe Hospitalar. Para muitos de
nossos pacientes, o projeto significa a oportunidade de uma vida melhor e mais
feliz”, finalizou Cledma.

Colônia Santa Marta

Fundada na década de 30 em Goiânia, a Colônia Santa Marta,
em Senador Canedo, era uma instituição criada pelo Governo do Estado para o
isolamento e tratamento de pessoas acometidas pela hanseníase. Na época, o
local era conhecido como leprosário.

Em consequência da nova política de atenção aos portadores
de hanseníase, e de diretrizes nacionais de desospitalização para estes
pacientes, em 1983, a Colônia Santa Marta foi transformada em Hospital Estadual
de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS Santa Marta).

Em dezembro de 2013, a Associação Goiana de Integralização e
Reabilitação (Agir) assumiu a gestão do hospital. Atualmente, o HDS é uma
unidade de atendimento ambulatorial e hospitalar de média complexidade com
objetivo de prestar assistência gratuita aos usuários do SUS. A unidade oferece
também atendimento aos ex-pacientes da extinta Colônia Santa Marta.

 

Veja Também