Diversão de modelos em miniatura que foi levada a sério

Considerado por muitos como passatempo, a construção e manutenção de veículos em miniatura é uma das novas opções do mercado goiano

Postado em: 09-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Considerado por muitos como passatempo, a construção e manutenção de veículos em miniatura é uma das novas opções do mercado goiano

Gabriel Araújo*

O mercado de modelos em miniatura em Goiânia continua crescendo nos últimos anos. O aumento nas importações e na produção de peças brasileiras causaram uma queda nos preços e abriu oportunidades em um mercado antes restrito. Trabalhando com a construção e manutenção de modelos automotivos há mais de 20 anos, o mecânico Márcio Henrique Borges, de  47 anos, lembrou que o trabalho proporciona unir a paixão por carros e miniaturas. “Sempre fui apaixonado por carros de corrida, e quando vi o primeiro modelo já tentei aprender. No começo a gente usava peças de outros eletrônicos, hoje temos uma estrutura melhor e as peças estão mais baratas e com melhor qualidade”, contou.

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Ele, que antes de trabalhar com a mecânica de modelos atuava na área administrativa, conta que a mudança foi melhor que o esperado. “Sempre tinha trabalhado com administração, e um amigo me chamou para fazer essa parte de concerto eu aceitei de imediato. Na época já era mais do que eu ganhava com o antigo emprego”, finalizou.

Modelismo

O modelismo é a recriação, em escala reduzida, de pessoas, veículos, aeronaves e navios. Estas criações devem seguir modelos específicos e são utilizadas tanto para a diversão, quanto para práticas profissionais. 

Atualmente são considerados seis variações do modelismo, o aeromodelismo que reproduz aviões e planadores, o automodelismo tem a construção de carros antigos e modelos de corrida, o ferromodelismo já é a representação de locomotivas e trens, o helimodelismo busca construir helicópteros e o nautimodelismo, navios. Além da definição específica que utiliza somente plástico na construção, o plastimodelismo. Essa divisão é realizada de acordo com o tipo de produto recriado em menor escala. Os modelos são recriados de acordo com escalas específicas, normalmente seguindo definições lineares que servem de relação com o objeto real.

De acordo com dados das associações de modelismo no Brasil, ainda existem diferenças no tipo de prática escolhido pelos produtores. Para fins de lazer, destacam-se o ferromodelismo, o plastimodelismo, abrangendo modelos de aviões, navios e personagens (geralmente super-heróis ou vilões), além do modelismo rádio controlado. Já o uso de modelos e maquetes para levantamento de dados como flutuabilidade, resistências mecânicas, aerodinâmicas, hidrodinâmicas se destacam dentro de trabalhos de engenharia e arquitetura.


Brasil

O aeromodelismo chegou ao Brasil na década de 1930, quando a loja Casa Sloper, localizada na cidade do Rio de Janeiro, passou a vender material importado dos Estados Unidos. A prática logo se espalhou pela região sudeste e, em 1942, foi realizado o primeiro Campeonato Paulista de Aeromodelismo, no Campo de Marte, em São Paulo.

Os campeonatos e os clubes começaram a surgir por todo o país, o que culminou na criação da Associação Brasileira de Aeromodelismo em 1959. A partir de então, foram criados o Campeonato Brasileiro de Aeromodelismo e a primeira participação de brasileiros no I Campeonato Sul-Americano.

Em 1970, surgiu o clube de vôo livre “Aerobu“, além da chegada de novas tecnologias, como a introdução dos transistores, chips e circuitos impressos nos transmissores de rádio. Com o desenvolvimento, os preços dos produtos, muitos ainda importados, cairam e os praticantes de todas as formas de modelimos começaram a crescer em todas as regiões.

Apenas cinco anos depois da criação da associação brasileira, o primeiro piloto brasileiro a participar de um campeonato mundial se classificou entre os melhores do mundo. A história do aeromodelismo no Brasil ainda está sendo contada, mas foi somente com o reconhecimento do governo federal que a prática se tornou um negócio. Em 1987, durante a gestão Vitor Garutti, a Associação Brasileira considerou o aeromodelismo um esporte. 

Aeronaves também precisam obedecer a algumas regras 

No primeiro semestre do ano passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) criou regras para a operação de aeronaves não tripuladas, os populares drones. Segundo o órgão informou ao jornal O Hoje, a regulamentação busca melhorar os índices de segurança dos usuários e da população que está a sua volta. 

“O objetivo da Anac com as regras para uso de drones – dentre elas, a obrigatoriedade do cadastro para equipamentos com mais de 250 gramas – é que as operações ocorram dentro de um nível de segurança das pessoas e de bens de terceiros. Ao mesmo tempo, o normativo pretende contribuir para o desenvolvimento sustentável e seguro para esse segmento da aviação” afirmou a nota.

De acordo com o órgão, existem dois tipos de aeronaves não tripuladas que entram para a nova regulamentação, os aeromodelos, que são as aeronaves não tripuladas remotamente pilotadas usadas para recreação e lazer e as aeronaves remotamente pilotadas (RPA), que se trata de aeronaves não tripuladas utilizadas para outros fins como experimentais, comerciais ou institucionais.

As novas regras estipulam o cadastramento das aeronaves junto à Anac para aeromodelos com peso mínimo de decolagem de 250 gramas e para os produtos que operam em linha visual até 400 pés acima do nível do solo e, nesses casos, o piloto remoto do aeromodelo deverá possuir licença e habilitação. 

Além do cadastro, é necessário que o piloto tenha no mínimo 18 anos de idade e possuir um seguro com cobertura de danos a terceiros. Além disso, é preciso fazer uma avaliação de risco operacional e operar apenas em áreas distantes de terceiros, com no mínimo 30 metros horizontais.

No caso dos aeromodelos, a legislação existe desde 1986 e proíbe a utilização destes produtos em locais com grande quantidade populacional, próximos de aeroportos e acima de 400 pés acima da superfície terrestre.

Aeroportos

A utilização de aeromodelos e drones nos arredores de aeroportos vêm se tornando cada vez mais frequentes. No último ano o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, precisou interromper o pouso e a decolagem de aeronaves devido a um drone estar circulando em uma região próxima a pista. Em todo o mundo foram registrados 81 casos de aeroportos fechando devido a insegurança causada pelo uso indevido de aeronaves não tripuladas, o que representa um aumento em relação à 2015 e 2016, quando ocorreram 29 e 71 casos respectivamente.

O drone responsável pela parada no funcionamento de Congonhas, em novembro do ano passado, foi avistado por pilotos que estavam na etapa final de voo que informaram os controladores de voo, que notificaram as autoridades de segurança aérea e do aeroporto e decidiram interromper os pousos e as decolagens. Na tentativa de minimizar os riscos, as autoridades responsáveis pelos aeroportos estão testando tecnologias anti-drones, que visam identificar as aeronaves e rastrear seus pilotos. 

De acordo com o artigo 261 do código penal brasileiro, o operador do drone que fizer sobrevoo irregular pode pegar até cinco anos de prisão por colocar a aviação civil em risco. Este artigo tipifica como crime expor a perigo aeronave ou praticar qualquer ato a impedir ou dificultar navegação aérea. Além do drone, o artigo é usado para tentar coibir a soltura de balões. O caso pode render ainda um processo civil, caso as companhias aéreas queiram buscar ressarcimento pelos custos que tiveram por causa do uso indevido do drone. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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