Desmatamento e poluição devem elevar 1,5ºC da temperatura até 2027

Previsão é que um dos próximos 5 anos seja o mais quente desde o início dos registros

Postado em: 05-06-2023 às 08h02
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Desmatamento e poluição devem elevar 1,5ºC da temperatura até 2027
Estudo da Organização Meteorológica Mundial diz que há uma probabilidade de 66% de a média anual de aquecimento ultrapassar | Foto: Raimundo Rocha

O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado nesta segunda-feira (05/06) e foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972. É um dia dedicado à conscientização e ação global em prol da proteção do meio ambiente. Cada ano, o evento é organizado em torno de um tema específico, com o objetivo de promover ações concretas e engajar governos, empresas e cidadãos na busca por um futuro mais sustentável.

Nos próximos cinco anos, existem estimativas de que as temperaturas globais devem bater a marca dos registros atuais por causa dos gases que causam o efeito estufa e do fenômeno El Niño, que está ocorrendo naturalmente. O alerta é da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em relatório divulgado, a agência das Nações Unidas afirma que existe 98% de chance de um, dentre os próximos cinco anos, ser o mais quente desde o início de registros das temperaturas globais.

De acordo com o ambientalista Antônio Pasqualeto, a emissão de CO2, que é um dos principais gases do efeito estufa, contribui com mais de 50% dos fatores que levam ao aquecimento da temperatura. “A comunidade internacional está descrente de que a humanidade consiga conter o acréscimo da temperatura a um 1,5ºC, e nós fatalmente vamos enfrentar situações difíceis no mundo, como desastres de excesso de chuvas, secas, tornados, e problemas que a sociedade vai ter que lidar com a adaptação climática”, pontua o ambientalista.

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A coordenadora do movimento Lixo Zero de Goiás,Raquel Pires Sales, afirma que o estado já está na emergência climática, e que é necessário que a população pense em maneiras sustentáveis de proteção do meio ambiente. “Nós precisamos lembrar que podemos reduzir, repensar e reutilizar, impactando ativamente globalmente a indústria e as mudanças de dentro de casa. Então isso quando você vai fazer uma compra, escolha uma ecobag ou sacola sustentável, que são coisas simples, mas evitam o aumento da poluição por plástico”, analisa.

Para ajudar a combater o desmatamento e a emissão de gases que provocam o efeito estufa, a capital goiana vai receber o evento “Desafios e oportunidades para o setor empresarial e outros segmentos no ODS 6 em Goiás”. A ação é realizada pela Companhia de Abastecimento do Estado (Saneago) e o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). 

De acordo com a Saneago, o objetivo do evento é fomentar o avanço do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 6 – Água Potável e Saneamento – e da Agenda 2030 nas políticas públicas de saneamento dos estados brasileiros.  Além de representantes do Pacto Global da ONU no Brasil, também participam autoridades da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA); Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad); ONGs; e empresas privadas.

Pasqualeto destaca que tomar medidas de contenção do aumento de temperatura é essencial, pois caso contrário, mais doenças poderão afetar o corpo humano devido a alta intensidade do calor. “A gente sabe que uma febre quando chega a quarenta graus pode levar a óbito das pessoas. Nesse sentido, a alteração do clima no planeta leva a uma série de distúrbios orgânicos, principalmente a desnaturação proteica e a proliferação de alguns micro-organismos que até então não havia”, ressaltou.

Ações da Amma

Durante a Semana Mundial do Meio Ambiente algumas atividades serão realizadas, como a ação da blitz ambiental, demonstração de compostagem que pode ser usada em apartamento, adoção responsável e solidária, apresentações dos Anjos da Guarda e troca de recicláveis por mudas medicinais.

Nos parques, as ações contarão com brinquedos cantados, roda de conversa, trilha ambiental com estações, projeto tampatas, orientações sobre o que fazer com os resíduos, estação sensorial, obstáculos e desafios para estudantes de escolas municipais da capital. 

Visando melhorar a temperatura de bairros muito edificados, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) realizou o plantio de 150 mudas de árvores nativas do Cerrado e frutíferas em uma das vias menos arborizadas da capital, no setor mais quente de Goiânia, segundo pesquisa da UFG: a Rua Quintino Bocaiúva, em Campinas.  A ação corresponde à segunda etapa do Rearboriza Goiânia, e as espécies a serem plantadas foram indicadas por biólogos da Amma como as mais apropriadas para o local.

Serão plantadas mudas das espécies murta, resedá, fruta do leite, jabuticaba, pitanga, ipê de jardim, hibisco, calandra, ipê tabaco, ipê branco e jasmim do caribe. “As espécies escolhidas para o plantio foram definidas de acordo com a largura da calçada, tamanho de cada quadra, tipo de fiação elétrica e aspectos relacionados à acessibilidade, como a quantidade de rebaixamentos existentes”, explica o presidente da Amma, Luan Alves.

O plantio das árvores também irá contribuir para que o solo absorva água da chuva, tendo em vista que o setor Campinas é um dos que possui maior área impermeabilizada e, consequentemente, com maiores riscos de alagamento. A Amma também fará trabalhos de educação ambiental com comerciantes e a população local, além de orientá-los acerca do cuidado com as árvores na região. 

A Amma realizará os plantios na via com grades e compostagem, que consiste na mistura de folhas das podas de árvores de parques da Capital. No dia-a-dia, a população e os proprietários das calçadas auxiliarão na manutenção, com água e cuidados necessários, até que as mudas se tornem árvores.

De acordo com o superintendente de gestão ambiental e licenciamento, Ormando Pires, o objetivo da ação é fazer com que Goiânia recupere grande parte de sua arborização, com a ajuda da população. “É importante aprimorar a consciência ambiental das pessoas, e essa via será um exemplo de recuperação de um microclima e macroclima agradáveis para o goianiense”, conclui o superintendente.

Atualmente, Goiânia é considerada uma das cidades mais arborizadas do mundo. Em um cenário nacional, a cidade está em primeiro lugar neste requisito, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE). São mais de 900 mil árvores, de 382 espécies diferentes. A Capital é a primeira entre as cidades acima de um milhão de habitantes no Brasil com mais árvores, sendo a segunda mais arborizada do mundo. Perdendo apenas para Edmonton, no Canadá, que chegou à marca de concentração de 100 metros quadrados de árvores por habitante.

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