Estação fica pronta em dezembro

Gabriel Araújo* Continua após a publicidade A reforma da Estação Ferroviária, que teve início em meados do último mês de janeiro, segue

Postado em: 15-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Gabriel Araújo*


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A reforma da Estação Ferroviária, que teve início em meados do último mês de janeiro, segue dentro do prazo e deve ser concluída até o fim de 2018. A obra está orçada em R$ 5,8 milhões e contempla a restauração de toda a área histórica da Estação que, após as obras, deve ser transformada em centro cultural.

A ordem de trabalho, que deu início às obras, foi assinada em dezembro de 2017 pelo atual prefeito de Goiânia, Iris Resende, e contou com a participação de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo financiamento da reforma. 

Na época, a presidente do Instituto, Kátia Bogéa, afirmou que os investimentos na cidade já chegavam à casa dos R$ 50 milhões, todo gasto em obras históricas na Capital. “Goiânia tem o maior patrimônio Art Déco do Brasil, e a estação e um dos elementos artístico desse grande patrimônio”, afirmou.

De acordo com o Instituto, os trabalhos estão concentrados na intervenção de restauração estrutural do edifício e dos dois afrescos de Frei Nazareno Confaloni, além dos serviços de paisagismo e implantação de equipamentos urbanos no entorno do prédio. O local estava abandonado e era utilizado por usuários de drogas e moradores de rua.

A estação foi inaugurada em 1950, mas só passou a receber trens de cargas e passageiros da Estrada de Ferro Goyaz no ano de 1952. O local funcionou até a década de 1980, quando a área férrea da Capital passou para o município vizinho de Senador Canedo. O local é considerado um dos mais importantes edifícios representativos do acervo arquitetônico e urbanístico Art Déco de Goiânia, tombado pelo Iphan desde 2002.

Em matéria publicada na segunda edição de fevereiro deste ano do jornal O Hoje, a coordenadora técnica do Iphan, Beatriz Otto Santana, afirmou que a revitalização visa “a integridade da Estação Ferroviária de Goiânia e seu uso” pela população da Capital. Ainda de acordo com ela, não se deve pensar somente na restauração, e sim em formas de preservar o ambiente. “A preservação do patrimônio cultural não se finda com a execução das obras, mas é uma responsabilidade diária, de todos os cidadãos, e não apenas do Poder Público”, contou.

“Dessa forma, restaurar o edifício e retomar o seu uso é um importante passo na preservação do patrimônio cultural da cidade, pois representa o resgate de um marco tão significativo da identidade dos goianienses”, finalizou a coordenadora.


Projetos

A região da Praça do Trabalhador ainda conta com dois outros projetos de revitalização que estão em análise. O primeiro é o trabalho de um grupo de integrantes da Feira Hippie, que quer que o local passe por revitalização e o espaço deve passar a ser usado apenas uma vez por semana para lazer. Outra iniciativa foi apresentada ainda em 2015, e contava com um espaço revitalizado e área para estacionamento de 1,3 mil veículos. 

Discutido entre Prefeitura e Instituo do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o segundo projeto está em análise, caso seja aprovado, o projeto será executado com verbas federais. Apenas a reforma da Praça do Trabalhador deve ter orçamento em torno de R$ 3 milhões.


Ministério Público

A atual reforma se dá após o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás abrir inquérito para apurar supostas irregularidades cometidas pelo município de Goiânia nas obras de revitalização da Estação Ferroviária. O órgão afirmou que a prefeitura demorou a realizar a correção da documentação da proposta original de restauração da Estação Ferroviária, o que inviabilizou a inserção da cidade na divisão de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, previstos ainda em 2013. 

Na época, o MPF pediu à Superintendência Regional do Iphan em Goiás informações acerca da situação da Estação Ferroviária, especificamente quanto ao real estado de conservação e seu uso. Ainda solicitou à Secretaria Municipal de Cultura do Município de Goiânia mais informações sobre medidas tomadas para a restauração do imóvel, já que muitas atividades que estavam previstas em contrato não chegaram a ser postas em prática. 


A história de uma capital que se confunde com seus edifícios 

Goiânia está localizada no centro do estado de Goiás, em uma região indicada a dedo pelo fundador da cidade, à época interventor federal, Pedro Ludovico Teixeira. A última de três opções foi selecionada através de um relatório que apontou as melhores qualidades topográficas, hidrológicas e climáticas dentre elas, começou como maquete e nos anos de 1930 passou a ser construída em Art Déco. 

Às margens do córrego Botafogo a cidade ganhou vida. Começou pelas suas avenidas Goiás, Araguaia e Tocantins que convergem no ponto mais elevado do que hoje é o coração da cidade, a Praça Cívica. Lá, foi construído a sede do governo, o Palácio das Esmeraldas.

Goiânia está situada à sudoeste da capital do país, Brasília. 209 quilômetros de curvas separam estas duas cidades projetadas. Ao norte, onde se encontram os gigantescos campos de soja e milho, nascem as águas do rio Tocantins que adentram o estado de mesmo nome, emancipado de Goiás no ano de 1988. Águas também banham a divisa com Minas Gerais e pouco mais de 200 quilômetros, descendo rumo ao sul, pela BR-153 levam à cidade de Itumbiara e ao encontro com o rio Paranaíba.

Ao oeste, mais um importante rio é responsável pela fronteira entre este estado central e Mato Grosso, o rio Araguaia flui aos pés da cidade de Barra do Garças, a cerca de cinco horas de viagem em um percurso de pouco menos de quatrocentos quilômetros. A última divisa, a leste, é novamente com Minas Gerais, onde quatro horas separam seus viajantes em uma rodovia que leva o nome de fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek.

O centro da cidade é o ponto mais antigo, e mesmo passando por diversas mudanças ao logo dos anos, como a implantação de asfalto, construção de prédios e a chegada e saída de seus moradores, ainda possui um ar de nostalgia. O Grande Hotel ainda está de pé. Hoje é um museu voltado para sua história e, consequentemente, a história da capital. 

A principal avenida da cidade, Avenida Goiás, ainda é a mesma, claro que com algumas alterações que buscaram adaptá-la aos tempos modernos. A antiga estação não recebe um trem desde os anos de 1980 e, mesmo abandonada, remete aos tempos da construção imponente que foi no inicio dos anos de 1950.

Na esquina da Avenida Goiás com a Rua 2 está um destes prédios, o edifício já não tem utilidade há quase 20 anos, parte do patrimônio da União desde 9 de junho de 2003, o Edifício de 12 andares, localizado, no centro da Capital, não tem um futuro definido. A construção já pertenceu à Caixa Econômica Federal, foi sede de escritórios da prefeitura de Goiânia e passou pela responsabilidade do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) antes de ser encaminhado à Superintendência do Patrimônio da União em Goiás (SPU-GO) no início dos anos 2000.

De acordo com a SPU-GO, O TRE havia adquirido o edifício para a instalação de 10 cartórios eleitorais, mas desistiu do projeto e devolveu o local ao Patrimônio da União. Atualmente, está em tratativas, para instalação do SINE Goiânia, através de parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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