Número de abandonos de animais cresce e adoção diminui

Segundo a SES-GO, estima-se que haja uma população em situação de rua de 1.133.219 cães e 113.890 gatos em Goiás

Postado em: 13-06-2023 às 08h32
Por: Larissa Oliveira
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Segundo a SES-GO, estima-se que haja uma população em situação de rua de 1.133.219 cães e 113.890 gatos em Goiás | Foto: Divulgação

Durante a pandemia da Covid-19, a adoção de cachorros e gatos aumentou. Segundo a pesquisa Radar Pet 2021, apresentada pela Comissão de Animais de Companhia, ligada a empresas de produtos de saúde para bichos de estimação, 30% dos pets foram adquiridos durante o período de isolamento social. Porém, com a flexibilização das medidas preventivas somadas a um dos maiores índices de inflação e desemprego no Brasil, houve um crescimento de abandonos e devoluções de animais aos abrigos.

De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, há cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, dos quais 10 milhões são gatos e 20 milhões, cães. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), estima-se que haja uma população em situação de rua de 1.133.219 cães e 113.890 gatos em Goiás. O diretor da Vigilância em Zoonoses em Goiânia, Murilo Reis, informou que não se sabe o número de animais errantes na capital, pois não trabalham com números “distorcidos e hipotéticos”.

Muitas pessoas não sabem, mas a maioria desses animais abandonados já teve uma família. A Sociedade Mineira Protetora dos Animais afirma que oito a cada dez animais já tiveram um lar anteriormente. Vale ressaltar que o abandono é considerado maus-tratos e está previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) que estabelece pena de três meses a um ano de prisão e multa. Porém, mesmo sendo crime, muitos donos abandonam devido a variados motivos, muitos deles supérfluos. 

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ONGs voluntárias

Liderados por pessoas sensibilizadas diante do abandono, muitas instituições se propõem a resgatar aqueles que não têm voz para pedir ajuda. Entretanto, elas não têm recursos e estrutura suficientes para amenizar um quadro que só piora desde o início da pandemia da Covid-19. Com a queda de adoções, os abrigos estão superlotados, um trabalho que reúne amor, dedicação e dificuldades financeiras. Doenças, fome e a falta de assistência veterinária completa são os principais desafios para salvar os animais.

Por mais que existam esforços, as ONGs não conseguem suprir toda a demanda de animais e, com isso, muitos carecem com a falta de cuidados em relação à saúde de forma geral. “Os abrigos são um remédio para a doença que é a falta de responsabilidade da sociedade para com os animais”, afirmou a vereadora ancorada na causa animal, Lucíola Cascão Correa. A vereadora enfatiza que a pandemia teve um papel fundamental no desamparo de cães e gatos.

“Há três anos o que mais existia eram animais de rua, hoje mudou esse cenário. É comum uma família nos procurar e dizer que não consegue custear os quatro cães ou que está de mudança para um lugar menor. As pessoas estão doando porque precisam escolher entre alimentar o filho ou o cachorro”, argumentou. Lucíola contribuiu para a criação do Recanto Anjos Peludos, organização de proteção aos animais que trabalha há mais de seis anos resgatando e cuidando de animais necessitados na cidade de Goiânia.

Escolha adotar

Segundo o veterinário Felipe Freitas, diante do cenário de abandono atual, a adoção de animais se torna primordial. “Sobretudo se também levarmos em consideração que muitas pessoas decidem comprá-los. Tristemente, o mercado que negocia a vida dos pets pode ser muito cruel com eles. Na maioria das vezes, os criadores e donos das fábricas de filhotes exploram os animais de raça, forçando-os a se reproduzirem incessantemente para gerar os filhotes que são comercializados”, afirmou em entrevista exclusiva ao O Hoje.

O veterinário explica ainda que, na maioria dos casos, nesses criadouros, os animais não recebem nenhum atendimento médico e vivem em ambiente com pouca ou nenhuma higiene, submetidos a situações degradantes. “Ao adotar, você não corre o risco de financiar este tipo de crueldade. Além de economizar dinheiro, não colabora com o aumento de um negócio no qual os animais são considerados mercadorias. Todos os animais são seres vivos com sentimentos. Mesmo que não sejam racionais, também sentem dor, fome, sede e frio. À vista disso, adotar se torna um gesto de amor”, enfatizou Felipe Freitas.

Adote adultos

Geralmente, muitos que pensam em adotar, querem um filhote, mas o especialista incentiva a adoção de animais mais velhos também. “Contudo, os adultos, além de também serem fofos e divertidos, já fornecem o conhecimento sobre a personalidade e o tamanho máximo deles. Ademais, a possibilidade de escolher a idade do animal adotado elimina as surpresas relacionadas à energia dele e ao tamanho máximo. Dependendo da idade, inclusive, o animal adotado já se encontra castrado, com as vacinas em dia e, muitas vezes, treinado para fazer xixi e cocô no lugar certo”, ressaltou Felipe.

O veterinário destaca que a maioria dos animais que estão para adoção não são filhotes. “Isso se deve ao fato dos centros de adoção conterem muitos animais abandonados. Em sua maioria, os abandonos ocorrem quando o animal está na fase adulta ou na velhice. Dessa forma, muitos desistem de arcar com os cuidados necessários para a saúde e preferem deixá-los desamparados. Portanto, ao adotar um animal adulto, ele receberá uma segunda chance”, disse Felipe Freitas.

Gatos também

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, 44,3% dos 65 milhões de domicílios possuem pelo menos um cachorro e 17,7% ao menos um gato. Mateus Monteiro Silva, de 26 anos, conta que ele e sua namorada possuem, ao todo, seis gatos. “Os gatos são conhecidos por darem menos trabalho aos seus tutores e serem companheiros carinhosos, brincalhões e fiéis. Assim como os cachorros, os gatos também são bastante amorosos”, afirmou. 

Mateus ressalta que gatos são caçadores habilidosos e fazem com que seus lares fiquem livres de insetos e roedores. “Muitas vezes, os felinos presenteiam seus donos com as presas abatidas, a fim de mostrar uma das vantagens de tê-los por perto. Tendo em vista que a expectativa de vida deles é de 12 a 18 anos, o tempo é mais que suficiente para criar um vínculo fortíssimo e considerá-los parte da família. Portanto, se você nunca teve um gato, considere dar uma chance para uma amizade felina”, enfatizou.

Mateus Monteiro também destaca que adotar é salvar uma vida. “Todos os pets merecem uma vida digna, regada com muito amor e proteção. Por esse motivo, o ato de adotar proporciona uma vida de mais qualidade para o animal. Porém, também exige muita responsabilidade, pois é uma vida que dependerá de você até o fim. Caso escolha adotar, informe-se e prepare-se antes e ame muito até o final”, concluiu.

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