Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Carros novos mais baratos podem impactar mercado de veículos usados em Goiânia

Especialistas avaliam uma reação em cadeia gerada pela redução de preços.

Postado em: 23-06-2023 às 07h30
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Carros novos mais baratos podem impactar mercado de veículos usados em Goiânia
Especialistas avaliam uma reação em cadeia gerada pela redução de preços. | Foto: Reprodução

As medidas anunciadas pelo governo federal para baratear o preço dos carros de até R$ 120 mil têm movimentado o mercado de veículos novos. Como noticiado pela edição de quarta (22) do O Hoje, o programa de desconto do governo já gastou, em menos de um mês, cerca de 80% dos créditos tributários disponíveis, o que equivale a R$ 400 milhões dos R$ 500 milhões disponíveis pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O resultado é sinal da alta demanda repentina pelos veículos novos, o que deve impactar diretamente nos valores de carros seminovos. A avaliação é de especialistas ouvidos pela reportagem, que apontam para uma reação em cadeia gerada pela redução de preços.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos automóveis usados em Goiânia teve queda de -1,36% no acumulado de doze meses (junho de 2022 a maio de 2023), e de -1,66% em todo o Brasil.

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Por outro lado, a inflação dos veículos novos registra alta. O aumento de preços dos zero quilômetro (km) na capital foi de 4,29% no mesmo período e de 4,69% em todo o território nacional.

“No começo deste ano, os veículos usados já desvalorizaram cerca de 5%. Com essa possível redução [dos zero-km], eles vão ficar com preços próximos aos praticados no período pré-pandemia”, avalia o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Sales.

Cenário atual 

O mercado de usados e seminovos esteve em alta durante a pandemia, que com o aumento da inflação chegou a registrar valorização dos veículos usados. O dono de garagem, Márcio Luiz Belchior destaca que durante esse período houve falta de peças então os veículos não tinham no mercado e enfrentavam uma longa fila de espera e com isso os veículos usados seguiram a tendência dos veículos novos e também tiveram os preços elevados. 

Ainda de acordo com Márcio, após o período mais crítico da pandemia,  teve uma oferta grande de veículos novos e os usados não tiveram queda de preço o que resultou em baixa procura. 

“As vendas despencaram. O preço está alto e as vendas não estão acontecendo. Caiu muito as vendas por conta do valor que ainda está alto. Desde de janeiro o mercado está praticamente parado”, destaca

Para ele, o motivo das vendas abaixo do esperado é o juros alto e não conseguir fazer financiamento de veículo. 

“Esse dinheiro que o governo está colocando no mercado é porque as concessionárias estão todas lotadas, os pátios das montadoras estão lotados. Não se vende carro novo, não se vende carro usado então está tentando fazer com que os veículos baixem o valor senão não vende”.

Sobre o programa

Nesta semana, o Governo Federal prorrogou por mais 15 dias a exclusividade para pessoas físicas na compra de carro zero dentro do programa de descontos. Para as outras modalidades – compra de ônibus e caminhões –, as operações com pessoas jurídicas estão liberadas desde esta quarta-feira (21/6).

Para o ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, os resultados até agora confirmam o acerto da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O programa apoia a indústria automobilística ao mesmo tempo que facilita o acesso ao carro novo e alimenta o comércio de carros usados”, afirmou.

O programa de redução de preço dos automóveis e de incentivo à renovação da frota é uma ação de curto prazo, com objetivo de atenuar a crise em um setor que responde por 20% do PIB da indústria de transformação e está com 50% de sua capacidade instalada ociosa. Quando os recursos disponíveis se esgotarem (R$ 1,5 bilhão), o programa termina.

O desconto é direto ao consumidor. São R$ 500 milhões para carros, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. Nos carros, os descontos patrocinados pelo governo vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil e são válidos para veículos novos com preços de mercado até R$ 120 mil. As montadoras podem aplicar descontos adicionais por conta própria, como vem ocorrendo. No caso dos caminhões e ônibus, os descontos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.

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