Faltam doadores de sangue na capital

Somente 1,6% da população pertence ao grupo de pessoas que doam regularmente no Brasil

Postado em: 25-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Somente 1,6% da população pertence ao grupo de pessoas que doam regularmente no Brasil

Rafael Melo


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Dados do Ministério da Saúde mostram que, atualmente, 1,6% da população doa sangue, o que significa um índice de 16 doadores para cada grupo de mil habitantes. Jovens com idade entre 18 e 29 nos, segundo a pasta, são maioria e respondem por 42% do total de doações registradas no país. Esse percentual de doadores (1,6%) está dentro dos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS) – de pelo menos 1% da população – segundo o ministério. 

Nesta época do ano é comum uma baixa nos estoques de sangue em razão da proximidade das férias escolares e das festas de São João, além da chegada do inverno. No mês de junho também é celebrado o dia Mundial do Doador de Sangue. A campanha desenvolvida em 2018 em vários países pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), tem como tema central “Seja solidário. Doe Sangue. Compartilhe vida.” A iniciativa destaca valores humanos fundamentais como altruísmo, respeito, empatia e generosidade. 

Em Goiás, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio do Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Dr. Nion Albernaz (Hemoceg), também participa da campanha com o propósito de conclamar as pessoas a doarem sangue e conscientizá-las sobre a necessidade de transformar o gesto em uma ação de rotina, com mais doações voluntárias regulares para garantir a qualidade, a segurança e a disponibilidade do sangue e seus derivados.

“As transfusões de sangue e de seus componentes ajudam a salvar milhões de vidas todos os anos. Contribuem também para que os pacientes com doenças potencialmente mortais vivam por mais tempo e com melhor qualidade de vida, além de possibilitarem intervenções médicas e cirúrgicas complexas. As transfusões têm uma função vital no atendimento materno-infantil, na gravidez e na resposta de emergência no caso de desastres naturais ou causados pelos seres humanos”, destaca a Secretaria. 

Para doar sangue é necessário que o voluntário tenha boas condições de saúde, tenha de 16 anos a 69 anos de idade e peso superior a 50 quilos. Todos os interessados são submetidos à triagem, na qual é feita uma entrevista. Homens podem doar sangue de dois em dois meses, já as mulheres podem realizar a doação a cada três meses.


Doadores

No Brasil, em 2017, 3,3 milhões de pessoas doaram sangue e 2,8 milhões fizeram transfusão sanguínea no país. Do total de doadores, 60% são homens. O país conta com um total de 32 hemocentros coordenadores e 2.034 serviços de hemoterapia. A previsão para 2018 é de investimentos na ordem de R$ 1,3 bilhão na rede de sangue e hemoderivados.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), das 112,5 milhões de doações coletadas em todo o mundo, cerca da metade é registrada em países de alta renda, onde vive apenas 19% da população global. A taxa registrada nessas localidades, segundo a entidade, é de 32,1 doações para cada grupo de mil pessoas, contra 14,9 em países de renda média alta; 7,8 em países de renda média baixa; e 4,6 em países de baixa renda. 

Ainda de acordo com a OMS, nas regiões mais pobres do mundo, até 65% das transfusões de sangue são destinadas a crianças menores de 5 anos. Já em países de alta renda, idosos com mais de 65 anos respondem pelo maior número de transfusões (76%). Dados da organização mostram aumento de 10,7 milhões de doações voluntárias entre 2008 e 2013. Ao todo, 74 países coletaram mais de 90% de seu estoque dessa forma. Entretanto, 71 países coletaram mais de 50% por meio de doações de parentes ou doações pagas.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), desde 2015, apenas 45% do sangue para transfusões coletado na América Latina e no Caribe foram obtidos por meio de doação voluntária. Embora o número represente um aumento de 38,5% em relação a 2013, ainda é muito menor do que a meta de 100% recomendada pela OMS.  “A Opas pede aos países das Américas que redobrem os esforços para melhorar os sistemas baseados na doação de sangue voluntária e não remunerada. Isso pode evitar milhões de mortes a cada ano, incluindo as por hemorragia pós-parto, acidentes de trânsito e várias formas de câncer”, adverte a entidade. 


Hemocentro de Goiânia carece de doadores voluntários 

O Hemocentro Coordenador Estadual de Goiás Dr. Nion Albernaz (Hemoceg) é composta por 190 serviços de saúde localizados em todo o Estado e abastece toda a rede de assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás. Além da unidade localizada em Goiânia, as ações de coleta, análise e distribuição do sangue são desenvolvidas pelos Hemocentros Regionais, localizados em Ceres, Catalão, Rio Verde e Jataí. Há, ainda, as Unidades de Coleta e Transfusão sediadas em Iporá, Formosa, Quirinópolis e Porangatu.

Para o diretor administrativo do Hemoceg, Arione de Paula, as doações de sangue são extremamente importantes nesta época do ano, período em que aumenta em torno de 30% a demanda. “Em função das festas juninas, alta temporada de férias e também da Copa do Mundo, período em que normalmente aumentam os índices de acidentes e de outras ocorrências graves, a doação de sangue é uma atitude imprescindível para salvar vidas”, alerta o diretor. Segundo ele, a unidade tem capacidade para receber 250 doadores por dia e, ultimamente, o Hemocentro tem recebido uma faixa de 90 pessoas por dia. “O voluntário contribui doando 400 mls de sangue de forma segura. Nossa capacidade de armazenamento é de 1.800 bolsas, mas, infelizmente, temos somente cerca de 300 bolsas armazenadas no momento”, esclarece.

A estudante de enfermagem, Denise Cristina Amaral, 30, conta que doa sangue a cada três meses desde quando completou a maior idade e reitera a necessidade da ação de forma voluntária. “Muitas pessoas têm o hábito de doar sangue apenas em momentos ruins, quando algum familiar ou pessoa próxima precisa, mas temos que lembrar que todo dia alguém precisa de doação devido à escassez nos bancos de sangue”, aponta Denise. Para Carlos Alexandre Ferreira, 42 anos, a iniciativa é uma oportunidade de contribuir com a sociedade de modo geral. “Minha primeira doação foi em 2007. Depois disso, tenho doado cerca de duas vezes por ano. O Hemocentro conta com ótimos profissionais e um bom atendimento; eu recomendo”, afirma Carlos. 

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