Nova vacina contra a dengue chega na rede privada de saúde de Goiânia

Somente nos primeiros seis meses de 2023, foram notificados 78.415 casos de dengue em Goiás

Postado em: 26-06-2023 às 08h30
Por: Larissa Oliveira
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Somente nos primeiros seis meses de 2023, foram notificados 78.415 casos de dengue em Goiás. | Foto: iStock

De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES -GO), somente nos primeiros seis meses de 2023, foram notificados 78.415 casos de dengue em Goiás. No ano passado, o número total de notificações chegou a 224.046. A quantidade alarmante de casos de dengue no estado e no país inteiro assustou os órgãos de saúde. Por conta disso, em março deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisou e aprovou a distribuição da nova vacina contra a dengue, a Qdenga. 

A partir da próxima semana, o imunizante será disponibilizado na rede particular de saúde de todo o país, inclusive nas clínicas particulares de Goiânia. A nova vacina foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e é a segunda autorizada no Brasil contra a dengue. Desde 2016, a Dengvaxia, do laboratório Sanofi Pasteur, já é registrada, mas tem indicação de uso apenas para quem já se infectou pelo vírus da dengue. Essa vacina tem eficácia contra a reinfecção, que pode se manifestar de forma mais agressiva.

Qdenga

De acordo com o médico infectologista Marcelo Daher, a Qdenga será autorizada tanto para pessoas que ainda não contraíram a doença quanto para pessoas que já tiveram dengue. “O esquema vacinal será de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações”, informou. Segundo o especialista, a partir do dia 1° de julho, a nova vacina poderá ser aplicada em crianças a partir de quatro anos. “No Brasil, o limite de idade é 60 anos”, disse. 

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Conforme Marcelo Daher explicou ao O Hoje, o clima do Brasil, e em especial de Goiás, é considerado propício para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. “Goiás bate recordes ano após ano no número de casos da doença e de mortes por dengue”, afirmou. O especialista informou que a Qdenga é feita aproveitando a própria estrutura do vírus da dengue tipo 2. “Mas também dá proteção para os outros tipos de dengue, de tipo um, três e quatro”, orientou. 

O infectologista ressalta que o imunizante é um avanço para a saúde. “Nos testes clínicos, ela se mostrou promissora e eficaz, diminuindo a incidência da doença e com a vantagem da redução significativa da gravidade dos casos e consequentemente as internações e óbitos por conta da doença”, afirmou. Segundo o médico, trata-se de uma vacina de vírus vivo, atenuado e não replicante. “Isso significa que ele não se multiplica no corpo, só induz uma alta proteção”, completou Marcelo Daher. 

Inclusão no SUS

Ainda segundo o infectologista, a partir do dia 1° de julho, a nova vacina estará disponível nas unidades de saúde particulares pelo preço médio de R$450 por dose. “A princípio, será aplicado apenas na rede privada, como clínicas, laboratórios e farmácias, mas provavelmente logo será realidade na rede pública pelo impacto social e econômico que vai trazer para o governo por conta da diminuição de casos, internações e óbito”, destacou Daher.

O especialista explicou que ainda não há prazo definido de inclusão no SUS. A disponibilização e aplicação da Qdenga no sistema aguarda liberação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). “Os trabalhos em relação a vacinação na rede pública também já estão sendo iniciados, mas é uma coisa que demora um pouco mais, pois é mais burocrático. Na rede pública, normalmente se coloca o que a gente chama de cortes de faixas etárias”, apontou Marcelo.

O médico explicou que, devido ao estabelecimento de cortes por idades, não é possível disponibilizar as vacinas para toda a população de uma vez só. No entanto, o infectologista destaca que existe sim uma perspectiva para que o sistema público de saúde obtenha as doses do novo imunizante contra a dengue em breve. “Existe também a possibilidade de uma nova vacina do Instituto Butantan. Talvez o Ministério da Saúde espere por essa vacina nacional”, afirmou Marcelo Daher. 

Dengue

De acordo com a médica infectologista Marianna Tassara, a dengue é uma doença viral aguda, transmitida pela picada da fêmea do mosquito do gênero Aedes aegypti, infectada pelo vírus. “Não há transmissão de pessoa para pessoa. A infecção por dengue pode ser assintomática ou variar até casos graves. Os sintomas são febre alta, dores musculares e articulares, dor atrás dos olhos, mal estar, dor de cabeça, rash cutâneo e coceira na pele”, explicou ao Hoje.

Nos casos graves, a especialista orientou que há dor abdominal, vômitos persistentes, pressão baixa, sangramentos volumosos, inchaço na barriga (ascite) e falta de ar. “Não existe tratamento específico. O melhor tratamento é o diagnóstico precoce para acompanhamento ambulatorial, orientação de medicamentos sintomáticos que podem ser usados e a correta hidratação. E encaminhamento para internação no momento correto, quando necessário”, informou Marianna Tassara.

Segundo a médica, o Brasil é um país recordista em mortes por dengue. “É de suma importância que o país adote a Qdenga no calendário nacional de vacinação, para reduzir a doença que causa surtos e superlotação nos postos de saúde, reduzir internações e óbitos, e também dias perdidos de trabalho pela morbidade da doença. Uma vez que a OMS prevê aumento da dengue e outras arboviroses nos próximos anos pelas mudanças climáticas que acarretam aumento na transmissão do vírus”, completou Marianna Tassara.

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