Mãe de 16 filhos consegue salário-maternidade em Monte Alegre de Goiás

A mulher foi contemplada com o benefício salário-maternidade, concedido em audiência por meio do projeto Justiça Ativa

Postado em: 03-07-2023 às 09h18
Por: Ícaro Gonçalves
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A mulher foi contemplada com o benefício salário-maternidade, concedido em audiência por meio do projeto Justiça Ativa | Fotos: Cecília Araújo

Uma mãe de 16 filhos, moradora do município de Monte Alegre, foi contemplada com o benefício salário-maternidade, concedido em audiência realizada pela juíza Érika Cavalcante por meio do projeto Justiça Ativa. O benefício é referente a apenas uma de suas filhas, Analice Correia Xavier da Silva, hoje com quatro anos.

Jucelina dos Remédios Xavier da Silva, lavradora de 45 anos, foi uma das centenas de beneficiadas pela segunda edição do projeto Justiça Ativa, idealizado pelo chefe do Poder Judiciário estadual, desembargador Carlos França, para ampliar o acesso à Justiça em comunidades distantes dos centros urbanos.

Além dos 14 filhos biológicos, Jucelina, apesar da pobreza, da fome, da moradia precária e da ausência de saneamento básico, não pensou duas vezes quando encontrou perdidas mais duas crianças que foram abandonadas pela mãe biológica e as adotou.

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A sobrevivência da família, que vive no assentamento Atalaia, se deve à agricultura de subsistência, criação de galinhas e pequenos bicos, cujas diárias valem de 30 a 40 reais. Além disso, uma das filhas, Maria Júlia, de 11 anos, recebe o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência.

“A vida é muito dura. Falta tudo. Comida, roupa para os meninos, não tenho banheiro, tudo é lavado na mão, com água que eu busco longe”, relatou ela, que ao ter o benefício concedido, abraçou a magistrada, emocionada com a possibilidade de ter uma vida melhor.

“Fora a cama que é da minha filha, onde ela dorme com minha neta, só temos um colchão de solteiro, onde três meninas deitam, e uma cama, onde eu durmo com a neném, de quatro meses. O resto dorme tudo no chão e aqui faz muito frio”, contou Jocelina, que, com a concessão do benefício, já faz planos para comprar comida, outras camas, roupas para as crianças, carentes de objetos pessoais, brinquedos e remédios, e para terminar de reformar a casinha, que e ela e marido levantaram com a ajuda de terceiros e o pagamento retroativo de uma aposentadoria por invalidez, cortada em 2016.

Como não pode estudar, em razão da cegueira de um olho – resultado de uma perfuração em decorrência de uma queda com uma tesoura na mão ainda bebê – Jocelina é exigente com as notas dos filhos e não se contenta com médias como 6 ou 7. Ela só pôde frequentar a escola por um curto período, pois além de ter dificuldade para ver, a família carecia de seus serviços e logo a escola fechou. “Eu fui para escola, mas não aprendi nada. Acho que se tivesse ido, minha vida seria diferente”, disse.

Previdenciário

A audiência de Joscelina foi uma das 80 previdenciárias realizadas em Monte Alegre, pelos juízes Érika Cavalcante e Gabriel Lisboa, e em Campos Belos, pelos juízes Carolina Gontijo Oliveira, Victor Alvares Cimini Ribeiro e Leonardo de Souza Santos, além daquelas de Família e Conciliação. Em Monte Alegre, além das audiências, a população contou com serviços de parceiros do Justiça Itinerante. Em Campos Belos, por ser a comarca sede, três magistrados e dois conciliadores fizeram um mutirão de audiências, que atraiu cerca 400 pessoas ao fórum da cidade nos dois dias de evento.

Com informações de Aline Leonardo, do Centro de Comunicação Social do TJGO

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