Férias aumentam em 25% casos de acidentes com crianças em casa

Queimaduras, quedas de degraus e afogamentos são as ocorrências mais comuns durante esse período

Postado em: 07-07-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Corpo de bombeiros orienta que é preciso atenção redobrada para que os pequenos possam se divertir em segurança | Foto: Reprodução

O período de férias escolares requer atenção redobrada para evitar possíveis acidentes domésticos com as crianças. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria apontam que, por ano, são registrados 200 mil acidentes domésticos envolvendo crianças. Como as crianças ficam mais tempo em casa, o número aumenta em 25%, principalmente casos de queimaduras, quedas e afogamentos.

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) orienta que durante o mês de julho, alguns cuidados devem ser adotados, já que o tempo ocioso desperta curiosidade nos pequenos. “Para garantir que nenhum imprevisto atrapalhe a diversão, é preciso que os pais, familiares e responsáveis estejam atentos e adotem medidas preventivas para evitar acidentes, que em 80% das vezes acontece no quintal ou dentro das casas”, destaca a capitã Priscila Pires.

“A prevenção consiste em medidas protetivas mecânicas e vigilância. Sempre aliar uma medida à outra para aumentar a chance de prevenção. Redes, telas e grades de proteção em janelas, escadas e piscinas, além de colocar protetores de tomada são imprescindíveis em ambientes com crianças. Eles são curiosos e não sabem dos riscos”, orienta a médica pediatra Bianca Xavier.

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Ela também destacou a importância de um adulto sempre supervisionar o que a criança está fazendo. “Devemos evitar que a criança tenha acesso à cozinha da casa sem a devida vigilância de um responsável. Os banhos de piscina também só devem acontecer sob a supervisão de um adulto e com uso de boias apropriadas”.

A pediatra revelou que é muito comum as crianças ingerirem medicamentos controlados. “Isso acontece porque o adulto da casa faz uso do medicamento que, na maioria das vezes, é deixado de fácil acesso. É importante sempre manter medicamentos, produtos de limpeza e de higiene fora do alcance das crianças”, observa.

Alta dos acidentes 

No Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), de janeiro de 2020 até este junho de 2023, foram realizados 2.201 atendimentos de crianças envolvidas em algumas das situações mencionadas acima. A grande maioria sofreu queda, com 2.081 registros, 113 foram atropeladas, cinco sofreram afogamento e duas, intoxicação.

Já devido ao seu perfil, o Hospital Estadual da Criança e do Adolescentes (Hecad) soma mais de 1,3 mil casos apenas neste ano. Desse total, a maior parte (582) envolve acidente com algum corpo estranho (como grãos de cereal inseridos no ouvido, por exemplo), seguido de traumas que ocasionaram algum tipo de lesão e/ou fratura (563).

Um dos casos mais recentes no Hecad é o do Heitor, de 6 anos, trazido de Varjão para passar por cirurgia no braço direito. A mãe, Lúcia de Fátima Moreira, conta que o menino quebrou o braço enquanto brincava em um escorregador da creche que frequenta. “Estou sempre atenta, e nas férias ficarei ainda mais, não deixo ele sozinho, e nem ir pra rua”, conta.

Situação de emergência 

Mas, se mesmo diante de tantas precauções, algum problema acontecer, a capitã do corpo de bombeiros explica que os primeiros cuidados devem ser tomados com vítimas de acidentes domésticos. “Crianças que sofrerem acidentes leves como pequenas queimaduras, quedas da própria altura sem perda de consciência, pequenos cortes sem profundidade, devem ser levadas ao posto de saúde do bairro”, orienta Pires. 

“Já casos graves como ingestão ou sufocamento com corpo estranho, ferimentos extensos com sangramento, afogamentos e quedas com perda de consciência, a orientação é acionar o Samu ou os bombeiros pelo 193, ou levar à urgência pediátrica mais próxima”, complementou a socorrista.

Os acidentes por mordedura de animais, a exemplo de cães e gatos, devem ser lavados abundantemente e, em seguida, procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima em busca de orientações sobre soro/vacina antirrábica e observação do animal. Os casos graves devem ser levados à urgência. O CBMGO destaca que para evitar surpresas indesejáveis, algumas medidas de segurança podem ser adotadas em todas as faixas etárias, como por exemplo:

Medidas de segurança

  • Proteja todas as tomadas e interruptores para evitar choques e queimaduras.
  • Na cozinha, utilize, de preferência, as bocas de trás do fogão e não deixe os cabos de panela para fora.
  • Instale travas de segurança em gavetas e armários.
  • Se tiver persianas com cordas nas janelas, instale uma trava de segurança nos cordões.
  • Não deixe nenhum objeto pendurado ou com fio para fora para evitar que a criança puxe e derrube o objeto em cima dela.
  • Mantenha o balde ou a bacia com água ou produto de limpeza longe do alcance das crianças.
  • Coloque os medicamentos e produtos de limpeza em frascos identificados, em armários fechados e inacessíveis para os pequenos.
  • Faça uso de telas ou grades em janelas e vãos que estejam desprotegidos, como laterais de escadas. E não deixe a criança sem a presença de um adulto em hipótese alguma.
  • Crianças brincando na água, seja na praia ou na piscina, precisam de um adulto supervisionando de forma ativa e constante. “Lembrando que o colete salva-vidas é o equipamento mais seguro para evitar afogamento porque os outros são brinquedos infláveis”, esclarece. “Eles passam uma falsa sensação de segurança, mas podem estourar ou virar a qualquer momento”, avisa a especialista.
  • Nunca deixe a criança com o uso de dispositivo de retenção, como bebê-conforto ou cadeirinha, perto da água, pois elas podem cair ou serem lançadas sem querer por outra criança.
  • É fundamental supervisionar a alimentação das crianças mais novas, evitando alimentos muito pequenos, redondos e/ou muito duros para que não se engasguem. “Dessa forma, conseguimos garantir que elas aproveitem as férias com bastante segurança”, finaliza.

Fonte: CBMGO

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