Bebê goiano com síndrome rara sobrevive a cirurgia feito pelo SUS

O recém-nascido possui a Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico, uma patologia com altos índices de mortalidade no mundo inteiro

Postado em: 08-07-2023 às 08h15
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Bebê goiano com síndrome rara sobrevive a cirurgia feito pelo SUS
A cirurgia inédita foi realizada no Hugol, uma vitória significativa para o estado de Goiás | Foto: Divulgação

Vicente de Paula Pires Rezende, de apenas 2 meses, já fez história. O recém-nascido é o primeiro paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) que sobrevive após a realização de procedimento híbrido para tratamento de cardiopatia congênita grave, em Goiás. 

O bebê nasceu com a Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico, uma patologia com altos índices de mortalidade no mundo inteiro. Com 2 dias de vida, já foi encaminhado para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde foi realizado o procedimento.

A cirurgia ocorreu no dia 20 de abril. Vicente ficou internado no hospital aos cuidados da equipe do Hugol e recebeu alta na última quinta-feira (7). Laura Barboza, cirurgiã cardíaca pediatra que realizou parte do procedimento, afirma que essa é uma vitória significativa para Goiás. “Ainda temos muito pela frente, mas estamos no caminho certo”, disse.

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Histórico

Vicente nasceu no dia 14 de abril, no Hospital Estadual da Mulher (Hemu), em Goiânia. De acordo com a mãe, Fabiane Silveira Pires, o diagnóstico da doença foi feito ainda no pré-natal. “Fiz todo o acompanhamento pelo SUS. Descobrimos que tinha algo errado com o coraçãozinho dele quando estava com umas 20 semanas de gestação”, contou Fabiane.

Com apenas 35 semanas e 5 dias, Vicente veio ao mundo. Nasceu com 2,8 kg e, devido ao baixo peso, foi recomendada a realização do procedimento híbrido com urgência. Dois dias após o nascimento, Vicente foi encaminhado ao Hugol, onde realizou a cirurgia.

A mãe de Vicente ficou extremamente feliz com o atendimento recebido. “A recuperação é devagar, mas a equipe foi maravilhosa. Todas as profissionais foram extremamente cuidadosas e carinhosas com meu filho. Só tenho a agradecer a equipe atenciosa do Hugol”, elogiou.

Síndrome rara

A Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico é uma condição rara em que o lado esquerdo do coração não se desenvolve e, com isso, o fluxo sanguíneo se torna insuficiente para atender as necessidades do corpo. Segundo a cirurgiã Laura, é uma patologia que acomete cerca de 2 a 3 em cada 10 mil bebês nascidos vivos.

É considerada uma síndrome gravíssima, com altos índices de mortalidade no mundo inteiro. Laura salienta a importância do diagnóstico precoce em casos graves. “O diagnóstico precoce foi essencial para o sucesso do caso. Assim que o Vicente nasceu, já foi encaminhado para o Hugol e a cirurgia foi realizada o mais rápido possível. Num caso raro como esse, a demora na realização do procedimento pode ser letal para o recém-nascido”, disse.

Vale ressaltar que o procedimento é paliativo, ou seja, não há cura. À medida que a criança cresce, outras cirurgias podem ser necessárias para garantir uma melhor qualidade de vida. No caso do Vicente, foi realizada nessa etapa inicial o procedimento híbrido e, posteriormente, foi realizada a cirurgia de Norwood, entre 3 e 6 meses de vida.

Essa primeira cirurgia mantém a circulação do recém-nascido funcionando de forma semelhante ao que acontecia no útero da mãe. “No procedimento híbrido é realizada bandagem das artérias pulmonares. O objetivo dessa bandagem é diminuir o fluxo de sangue para o pulmão. Em seguida é colocado um Stent no canal arterial. O Stent serve para manter o canal arterial aberto, fazendo com que o lado direito do coração leve o sangue, não só para o pulmão, mas para o resto do corpo”, explica a cirurgiã.

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