Feirantes pagam aluguel de até R$ 1.500 por espaço na Feira Hippie

O secretário de Desenvolvimento e Economia Criativa, Diogo Franco, apresentou novas mudanças no local

Postado em: 10-07-2023 às 08h23
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Feirantes pagam aluguel de até R$ 1.500 por espaço na Feira Hippie
A Feira Hippie é a maior feira da América Latina e está entre as mais antigas da capital | Fotos: Divulgação

Uma das feiras mais tradicionais de Goiânia, a Feira Hippie, passará por medidas de reestruturação e reorganização. O secretário de Desenvolvimento e Economia Criativa, Diogo Franco, apresentou novas mudanças no local que é reconhecido como um importante ponto de comércio e cultura econômica da capital do estado de Goiás e tem sido um espaço tradicional onde feirantes, prestadores de serviço e empreendedores locais têm a oportunidade de expor e vender seus produtos.

Ele realizou uma visita técnica ao local no último sábado (8) a convite da Associação de Lojistas e Feirantes da Região 44. Na ocasião, o secretário realizou uma inspeção na feira, com o objetivo de conhecer de perto as dificuldades enfrentadas pelos feirantes e ouvir as demandas da comunidade de lojistas.  

“Olha o que eu pude observar durante a visita, foi exatamente isso, as pessoas oprimidas, muitas coisas irregulares, coisas abomináveis como pessoas pagando aluguel por um espaço no local”, relatou Diogo Franco.

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De acordo com o secretário, atualmente uma rede que opera na feira, como proprietária do local, tem cobrado valores dos feirantes em troca de oferecer os melhores lugares para vendas. “Tem uma rede de aluguel lá dentro que alimenta inclusive políticos. Eu mesmo entrevistei pessoas e constatei juntamente com a nossa equipe, não foi ninguém que disse. Vários disseram que pagam aluguel de R$ 800,00 à R$ 1500,00. Foi muita coisa irregular, gente que já está lá há muitos anos foi expurgada dos melhores locais, já que lá eles têm locais que se dizem privilegiados e os novatos foram para esses locais, pagando aluguel para essa rede. Então eles tiraram os antigos à força e colocaram novos feirantes no lugar”, disse.

Por conta dessas problemáticas e desafios enfrentados pelos feirantes nos últimos tempos, em decorrência da falta de regulamentação e ordenamento, foi tomada a iniciativa das mudanças. Os problemas apontados têm impactado negativamente os feirantes e visitantes. 

As alterações apresentadas por Franco, consistem na regularização da Feira Hippie, já que o local é dos feirantes  e “eles estão na sua maioria oprimidos”. O secretário acredita que cerca de 90% querem ser regularizados. “ Então isso precisa ocorrer”, disse. Ele disse ainda que a intenção é garantir que todos estejam devidamente registrados e autorizados a exercerem suas atividades comerciais na feira. Segundo ele, a reestruturação e reorganização da Feira Hippie “são passos fundamentais para o seu fortalecimento e para a valorização dos feirantes e prestadores de serviço que fazem parte desse importante espaço comercial e cultural da cidade”.

O secretário ressalta ainda que o objetivo da nova reestruturação é “exatamente regularizar, fazer justiça, coibir as ilegalidades e arbitrariedade que hoje impera na feira”. Para ele o local está entregue ao “léu da sorte” e espera que o poder público, no caso a prefeitura,  responsável por administrar o local entregue paz e segurança aos feirantes que são os verdadeiros donos da Feira Hippie, já que o local não tem um dono específico e não faz parte de um grupo que à administra.

Durante a visita técnica, o secretário, juntamente com a equipe da Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa, tiveram a oportunidade de dialogar diretamente com os feirantes, ouvindo suas experiências, dificuldades e sugestões para aprimorar a feira e o plano de reestruturação surgiu a partir desse diálogo. 

Uma das mudanças propostas é a adoção de um sistema de alocação de bancas por meio de sorteio, que será feito de acordo com a precedência de antiguidade. “Os mais antigos, os mais que tem mais tempo lá na feira e que já têm a permissão, serão alvos do primeiro sorteio então serão sorteados primeiro”, explica o secretário. As pessoas que fizeram o protocolo até o ano de 2021 serão sorteadas em seguida e caso haja vagas remanescentes, a equipe irá organizar um terceiro sorteio, para aqueles que se cadastraram após o ano de 2021.

De acordo com a equipe, essa medida busca promover a igualdade de oportunidades entre os feirantes e eliminar possíveis privilégios e favorecimentos indevidos. O sorteio será realizado com a presença de órgão reguladores como Procon e Ministério Público. 

Feira Hippie faz parte da história da capital

Goiânia possui, segundo último levantamento, cerca de 122 feiras que possuem cadastro na Secretaria Municipal do Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec). A Feira Hippie é a maior feira da América Latina e está entre as mais antigas da capital. Sua história teve início na década de 60 quando alguns hippies levavam suas peças para exposição no Mutirama, em seguida passaram para a Praça Universitária e posteriormente para a Praça Cívica, até se fixarem na Praça do Trabalhador. 

A feira está localizada ao lado do Terminal Rodoviária e nas proximidades da Estação Ferroviária de Goiânia, onde é possível ver a Maria Fumaça, desativada na década de 70. 

O local chama a atenção por receber pessoas de vários estados do Brasil e até de outros países. E o movimento não é grande apenas durante as datas festivas, mas o ano todo por conta do preço acessível que possibilita muitas pessoas a comprarem roupas e outros itens para revender em outros lugares. 

Durante as compras os clientes e os comerciantes, contam com a Rádio Hippie, que desenvolve o trabalho de veicular promoções, achados e perdidos, músicas e notícias.

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