A partir de 2024, reforço da vacina contra poliomielite será injetável

A atualização faz parte da ação de multivacinação do Ministério da Saúde, que planeja retomar as altas coberturas vacinais em todo o país

Postado em: 10-07-2023 às 08h36
Por: Larissa Oliveira
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Saúde recomendou que a vacinação contra a poliomielite deve ser reforçada no Brasil após ter sido confirmado um caso da doença no Peru| Foto: iStock

Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, a vacina injetável contra poliomielite é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida. O reforço deve ocorrer aos 15 meses de idade e, atualmente, é oferecido através da versão popularmente conhecida como gotinha. A partir de 2024, o Ministério da Saúde informou que o reforço não será mais fornecido na versão oral. Após completarem as três primeiras doses da vacina, as crianças brasileiras irão tomar um único reforço com a versão inativada e injetável do imunizante. 

De acordo com o Ministério da Saúde, a dose de reforço aplicada atualmente aos quatro anos não será mais necessária. O esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização. A decisão foi tomada após considerarem os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre a proteção contra a doença. 

Vale ressaltar que essa atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como “gotinha”. O Ministério da Saúde considera que a mudança representa um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal em todo o território nacional. O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo o país, participando das ações de imunização e campanhas do Governo Federal. 

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Multivacinação

Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde lançou a mobilização nacional “Vacina é vida. Vacina é para todos”. A mensagem tem o objetivo de sensibilizar e engajar toda a sociedade para a retomada das altas coberturas vacinais no Brasil, principalmente entre as crianças. A meta do Governo Federal é retomar a confiança da população nos imunizantes para que o país volte a ser referência internacional em vacinação, atingindo a meta de 90% de cobertura em todas as vacinas. 

O Ministério da Saúde planeja checar as cadernetas de vacinação de menores de 15 anos para atualizá-las com as doses faltantes. Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a retomada das altas coberturas vacinas é uma prioridade do governo federal. “Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, explicou. 

Para desenvolver a ação de multivacinação, o Ministério da Saúde vai repassar mais de R$ 151 milhões para estados e municípios investirem em todas as vacinas do calendário nacional. A portaria com a destinação dos recursos será publicada nas próximas semanas. Melhorar o planejamento das ações de vacinação tem o objetivo de combater o risco de reintrodução de doenças que já foram eliminadas pela imunização, como a poliomielite, por exemplo. 

Poliomielite 

De acordo com a biomédica Carolina de Fátima, a poliomielite também é conhecida como paralisia infantil. “É uma doença infectocontagiosa transmitida pelo poliovírus que vive no intestino. Embora ocorra com maior frequência em crianças menores de 4 anos, adultos também podem ser contaminados. A pessoa infectada pode desenvolver dores nas articulações, pé torto, crescimento assimétrico das pernas, osteoporose, paralisia, dificuldade na fala e atrofia muscular”, explicou. 

O Ministério da Saúde recomendou que a vacinação contra a poliomielite deve ser reforçada no Brasil após ter sido confirmado um caso da doença no Peru. Desde 1989, não houve nenhum caso de pólio no Brasil. Entretanto, em 2022, a Comissão Regional de Certificação para a erradicação da poliomielite na região das Américas classificou o Brasil como região de “muito risco” para novos casos da doença. Além disso, as coberturas vacinais contra a pólio sofreram quedas sucessivas nos últimos anos.

No ano passado, a cobertura nacional ficou em 77,19%, longe da meta de 95% para essa vacina. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), pouco mais da metade dos goianos se vacinaram em 2022. A cobertura de vacinas contra poliomielite foi de 57,46%. Ainda segundo a SES, a vacinação de crianças menores de 5 anos vem caindo desde 2019. Por conta disso, a entidade de saúde destacou que a mobilização para retomar as altas coberturas vacinais no país é fundamental.

Importância

Para auxiliar no processo de retomada, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) criou uma plataforma para verificar quantas crianças menores de 2 anos estão com a vacinação atrasada. De acordo com a entidade, nenhuma das vacinas para crianças nessa faixa etária atingiu 95% de cobertura. “Nós precisávamos de um painel que contabilizasse as crianças que estavam com a vacinação em atraso com doses já previstas”, afirmou a gerente de imunização da SES-GO, Joice Dorneles.

Assim, foi criado o Painel Imuniza, que tem o intuito de tentar zerar o número de doses pendentes na população infantil. Com a plataforma, as prefeituras dos municípios poderão procurar as famílias destas crianças, a fim de sanar um dos maiores obstáculos alegados pelos pais que deixam seus filhos sem as vacinas em dia, segundo Joice. “Muitos alegam o difícil acesso ao imunizante, pelos locais de vacinação funcionarem somente em horário comercial”, apontou a gerente de imunização.

Outra justificativa dada por muitos pais para não vacinar os filhos é o medo. “Por causa da Covid, muitas pessoas tiveram uma apreensão de serem vacinadas, especialmente por, em alguns casos, o imunizante ter causado alguns efeitos adversos. O que é preciso entender, caso estes efeitos sejam sentidos, já que não aparecem em todo caso, é o seguinte: eles são transitórios. A vacina é prevenção e traz proteção para doenças que já foram erradicadas, como o sarampo e a poliomielite”, enfatizou Joice Dorneles.

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