Índice de inadimplência aumenta 3,35% em Goiânia 

O setor de bancos segue como o principal destino das dívidas, com 64,34%. Na sequência, estão comunicação e o comércio

Postado em: 12-07-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O coordenador da CDL Goiânia, Felipe Teles, relaciona o aumento das dívidas às consequências econômicas do combate à pandemia de Covid-19 | Foto: Getty Creative

O número de inadimplentes em Goiânia teve recuo de ‐1,22% na passagem de maio para junho deste ano, segundo um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com o apoio da base de dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Na comparação anual entre os mesmos meses, o índice teve alta de 3,35%.

O coordenador da CDL Goiânia, Felipe Teles, relaciona o aumento anual das dívidas às consequências econômicas do combate à pandemia de Covid-19. “Os dados demonstram que até 2020 havia uma perspectiva de queda do número de inadimplentes, e de 2020 para 2021 inicia esse crescimento de inadimplência que culmina no final de 2022 com o ápice da série histórica”, explicou o coordenador.

Além disso, segundo o coordenador,o aumento da inflação, taxa de juros e a elevação dos preços dos produtos de insumos básicos da vida cotidiana, acabou apertando o orçamento doméstico das famílias e contribuindo para o endividamento. “As famílias tiveram diversos impactos diferentes em relação a manutenção da renda e o perfil de consumo, tudo isso contribuiu para o aumento da inadimplência”, disse.

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No entanto, Felipe Teles  destaca que há uma retomada gradual do crédito dos consumidores desde o fim da pandemia, especialmente no começo de 2023. “A gente identifica um pequeno aumento de um mês para outro. E nós temos registrado uma redução do número de inadimplentes desde o final do segundo semestre de 2022 até agora”, destaca.

Os devedores com participação mais expressiva estão na faixa etária de 30 a 39 anos, o que representa 26,43% do total, em seguida, estão as pessoas entre 40 e 49 anos, o que corresponde a 22,53%. O público com idade entre 50 e 64 anos, representam 19,53% e os de 25 a 29 anos são 12,80% do total. Quando os dados são divididos por gêneros, os homens continuam devendo mais, com 50,64%, contra o indicador de 49,36% das mulheres.

Para o coordenador, desde setembro de  2020, quando passaram a divulgar a cada mês o recorde da série histórica dos dados que são compilados desde 2011, que essa disparada da inadimplência vem sendo verificada. “A ponto de chegarmos a mais de 67 milhões de consumidores inadimplentes no final de 2022”, pontua. Segundo ele, apesar do número elevado de inadimplência, desde o segundo semestre do ano passado, especialmente a partir de 2023, há uma queda desse número.

Felipe Teles acredita que os dados são positivos e mostram a retomada da economia e do crédito do consumidor, mas chama atenção para o grande número de inadimplência e a média alta de dívidas que ainda há na capital. A recomendação da CDL é que o consumidor busque medidas para regularizar a sua situação com o credor, mas evite um número muito grande de parcelas e juros ao negociar a dívida, já que isso dificulta ainda mais a recuperação do crédito. 

Locais e quantidade de débitos

De acordo com os dados, em junho, cada consumidor inadimplente da capital tinha em média 2,155 dívidas em atraso. Na região Centro‐Oeste a média é de 2,134 dívidas por pessoa inadimplente, já a média nacional registrada no mês foi de 2,077 dívidas para cada pessoa inadimplente.

Na soma de todos os débitos, cada consumidor goianiense negativado devia em junho, em média, R$ 4.607,85. Ainda de acordo com os dados, 30,85% dos inadimplentes da capital tinham dívidas no valor de até R$ 500, percentual que chega a 44,40% quando se fala de débitos de até R$ 1.000. O tempo médio de atraso dos devedores negativados de Goiânia é igual a 27 meses, sendo que 34,61% estão inadimplentes entre um e três anos.

O principal local das dívidas continua sendo setor de bancos com uma concentração de 64,34% e uma participação mais expressiva no número de dívidas em junho. Em seguida, estão: comunicações, com 9,90%; comércio, 8,81%; água e luz com 8,16%; e outros setores com 8,79%. 

Quando analisados os dados relativos à redução de inadimplentes em 2023, de maio para junho a diminuição é especialmente mais avançada em Goiânia do que no centro Oeste e no Brasil. O recuo no número total de inadimplentes no país foi de -1,0%, no centro Oeste foi de – 0,79%, enquanto em Goiânia foi de -1,22%.

Empresa de calçados

Kenes Ferreira Santana, de 41 anos, é empresário do ramo de calçados e diz que a situação do comércio está muito complicada e que a inadimplência na sua loja tem chegado até a 20% do faturamento mensal. Quando entra em contato com os devedores, eles alegam que “estão apertados” e pedem para esperar até o próximo mês, segundo o empresário.

Na tentativa de recuperar o valor das dívidas, Kenes Ferreira passou a acionar a justiça. “Ultimamente estou passando para a assessoria jurídica, porque negativar nos órgãos públicos não adianta”, disse. Enquanto não recebe os valores, o empresário pega dinheiro do uso pessoal para “honrar os compromissos” da empresa.

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