Ex-comparsa de Beira-Mar é liberado

DGAP afirma que Leomar Barbosa foi solto após ‘erro’ e servidores da unidade estão sendo investigados

Postado em: 13-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Ex-comparsa de Beira-Mar é liberado
DGAP afirma que Leomar Barbosa foi solto após ‘erro’ e servidores da unidade estão sendo investigados

Rafael Melo


Continua após a publicidade

O presidiário Leomar Oliveira Barbosa, apontado como ex-braço direito do traficante Fernandinho Beira-Mar e conhecido como “Playboy”, foi solto irregularmente do Presídio Estadual de Formosa, no Entorno do Distrito Federal. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou o incidente na quinta-feira (12) e declarou que os servidores da unidade foram afastados e estão sendo investigados após o ocorrido.

A liberação do detento aconteceu na quarta-feira (4) após ter conseguido um habeas corpus. Mas de acordo com a DGAP, Leomar não poderia ter deixado a unidade pelo fato de existirem contra ele outros dois mandados na 1ª Vara de Execução Penal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Os servidores do presídio ‘ignoraram’ os outros processos no momento em que receberam o alvará de soltura. Após o ocorrido, uma sindicância foi aberta para apurar de quem foi a responsabilidade pelo erro. Leomar, que é visto como de alta periculosidade, ainda não foi recapturado e é considerado foragido.

Os servidores da unidade podem ser exonerados caso fique confirmado que eles agiram de má-fé. Em nota, A DGAP afirmou que também “determinou o imediato afastamento do responsável pelo cartório e dos servidores encarregados de fazer as consultas de praxe”. O Jornal O Hoje não conseguiu entrar em contato com os advogados de Leomar. 

O acusado começou cumprindo pena na Penitenciária Odenir Guimarães. Mas, neste ano, foi transferido para Formosa, uma unidade feita para abrigar presos considerados perigosos ou ligados a facções criminosas. A 5ª Vara da Justiça Federal em Goiás informou que o alvará de soltura foi emitido após decisão do Supremo Tribunal Federal.


Investigações

Em uma operação da Polícia Federal de 2011, foi descoberta uma nova rota do tráfico internacional que passa por dentro do Pantanal Mato-grossense. Na ocasião, os agentes apreenderam dois aviões e mais de seis mil cartuchos de munição que estavam escondidos em uma fazenda. De acordo com o apontamento das investigações, o arsenal pertencia a Leomar. 

Foram encontrados seis mil projéteis de fuzil 762. A munição abastecia principalmente metralhadoras automáticas de uso exclusivo das forças Armadas. “Essas munições iriam aos estados do Sudeste, principalmente para São Paulo e para Minas Gerais, para servir ao crime organizado”, afirmou na época o delegado que estava frente às investigações Eder Magalhães.

O próprio fazendeiro que cedeu a propriedade para esconder a munição levou os policiais até o local e desenterrou os tambores onde estavam os projéteis. A propriedade fica em Barão de Melgaço, a 110 quilômetros de Cuiabá, em uma região alagada do Pantanal. Na fronteira do Brasil com a Bolívia, existem centenas de fazendas. O que tem dificultado o trabalho dos policiais é uma estratégia usada pelos traficantes cada vez com mais frequência. Eles passaram a adquirir propriedades rurais na fronteira entre os dois países.


Histórico

Em 2001, Leomar de Oliveira Barbosa foi capturado na cidade paraguaia de Capitán Bado, durante ação conjunta da Polícia Federal com a Polícia Nacional do Paraguai, o suspeito foi alvo de investigação pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico. Para a PF o traficante pode ser considerado um dos principais do País, coordenando conexões do tráfico de maconha e cocaína no Brasil, no Paraguai e na Bolívia. 

Na época, os policiais prenderam Barbosa em sua fazenda, localizada a cerca de 35 quilômetros de Capitán Bado. Ele estava escondido em um túnel secreto de aproximadamente 100 metros, que ligava a mansão do traficante a uma pequena colina. A entrada ficava dentro de um dos armários da casa. Três homens faziam a segurança do local com fuzis M-16. Além de Barbosa, pelo menos outras seis pessoas foram detidas. Em 1999, ele já havia sido preso em Avaré com 157 quilos de cocaína. O traficante também tem uma condenação de 28 anos de prisão no Mato Grosso do Sul, por assaltos. 

Veja Também