Ferramenta da SES-GO identifica 445 crianças com esquema vacinal em atraso em Goiás

Inicialmente o Sistema de Busca foi executado em 11 municípios do estado e será ampliado para 31 municípios a partir do mês de agosto

Postado em: 27-07-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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Inicialmente o Sistema de Busca foi executado em 11 municípios do estado e será ampliado para 31 municípios a partir do mês de agosto | Foto: Divulgação SME

Desde o mês de junho que o estado conta com a implantação do Sistema de Busca de Susceptíveis/Não Vacinados – que são crianças com maior risco de adquirir doenças preveníveis por vacinas – desenvolvido por profissionais da SES/GO, que auxilia os municípios na busca ativa de crianças que estejam com o calendário vacinal em atraso.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES/GO), a partir do sistema foi possível executar estratégias e ações de vacinação em 11 municípios do estado de Goiás, no primeiro semestre de 2023. Foram identificadas 445 crianças com esquema vacinal em atraso, das quais 129 tiveram o cartão de vacina atualizado. As demais tiveram a situação regularizada por meio de correção de duplicidade de cadastros, atualização de dados do Cartão Nacional de Saúde (CNS), correções das inconsistências e regularização de doses aplicadas não inseridas no e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS), que é uma estratégia para reestruturar as informações da Atenção Primária em nível nacional.

A SES-GO informou ainda que a utilização do Sistema de Busca promoveu a mobilização das equipes de saúde nas buscas pelas crianças não vacinadas, atualização dos registros de vacinação, contato dos trabalhadores de saúde com a população, sensibilização dos pais para a importância da vacinação, além de possibilitar a otimização de doses de imunobiológicos por meio da sistematização e programação das ações.

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A ferramenta que ainda está em fase de aplicação e teste, foi utilizada primeiramente nos municípios de Senador Canedo, Araçu, Avelinópolis, Brazabrantes, Campestre de Goiás, Caturaí, Damolândia, Itaguari, Jesúpolis, Santa Rosa de Goiás e Taquaral de Goiás. Os municípios foram escolhidos porque possuem população inferior a 50 habitantes com até um ano de idade, com exceção de Senador Canedo.

A partir do sistema que foi utilizado nos 11 municípios e será ampliado para 31 municípios a partir de agosto, é possível ter acesso às crianças com atraso vacinal, bem como aquelas com doses previstas. Dessa forma, os dados ficam disponíveis para que sejam realizadas a busca ativa e o planejamento para evitar atrasos.

Importância da vacinação

De acordo com a gerente de Imunização da SES-GO, Joice Dorneles, as vacinas,  de um modo geral, têm grande importância na vida de todas as pessoas e atualmente é realizada em todo o ciclo de vida. “ Da criança, adolescente, gestante, e dos idosos. Então, todo o ciclo de vida é contemplado pela vacinação”, detalha. Manter o cartão de vacina atualizado é importante para que o cidadão tenha maior segurança em relação às doenças que podem ser prevenidas por meio da vacina.

Em relação às vacinas da primeira infância, a situação é ainda mais delicada, uma vez que existem alguns imunizantes que precisam ser tomados em fases específicas, como é o caso da vacina da primeira infância, que deve ser tomada no primeiro e segundo ano de vida, haja vista que quando nascem,  as crianças não têm um sistema imunológico pronto, por isso é necessário que elas têm essa proteção vacinal, que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos.

“Vamos falar por exemplo da Rotavírus que é uma vacina que é feito na criança com dois meses e com 4 meses e a partir do sétimo mês a criança já não pode fazer mais”, explica a gerente. Caso o pai ou responsável pela criança deixe de realizar a vacinação no período adequado, ela não poderá mais tomar o imunizante, por isso é importante manter o esquema vacinal atualizado e tomar as doses na data certa.

Vale ressaltar ainda que a imunização não garante apenas o bem-estar do indivíduo, mas em alguns casos, do coletivo também. “Quando a gente tem campanhas de poliomielite que é de gotinha, a gente faz um reforço dessa vacinação para que essa criança esteja protegida e também consiga proteger não somente essa própria criança mas também a coletividade”, exemplifica Joice Dorneles. De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão da poliomielite ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções da orofaringe, ao falar, tossir ou espirrar.

Queda na cobertura vacinal no país

Desde 2016 que o Brasil apresenta queda consistente de vacinação, mas esta problemática não se limita apenas ao país, pois as baixas coberturas vacinais têm preocupado autoridades em saúde em todo mundo. Em 2015, os índices de cobertura vacinal, que chegaram a 97%, caíram a 75% em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde. As maiores quedas dizem respeito às vacinas para a BCG (38,8%) e a Hepatite A (32,1%), entre 2015 e 2021.

Para a gerente de imunização a baixa cobertura vacinal se dá por inúmeros fatores, mas destaca que o medo da vacina é um dos aspectos que levam a hesitação na hora de tomar o imunizante. “Hoje você tem amplamente informações, então é preciso filtrar essas informações porque muitas são falsas, é preciso ir à fonte. Tem vários sites que são confiáveis sites do Ministério da Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS) que as pessoas podem procurar a veracidade dessas notícias”, orienta.

De acordo com ela, de uma forma geral as coberturas têm variado entre 70 e 80% no estado, e a estimativa da saúde é que essa porcentagem chegue a 95%, que é o estipulado pelo Programa Nacional de Imunização. “ A gente precisa sim buscar essas crianças, esses adolescentes, os adultos a serem vacinados, para que a gente não tenha risco de ter reintrodução de outras doenças que já foram até eliminadas doenças”, disse.

Até o momento, Goiás já aplicou 194 mil doses que são parte do calendário nacional de vacinação em crianças de até 1 ano. As maiores coberturas vacinais são de febre amarela, com 74%, e tríplice viral, em 83%. Mesmo assim, os números estão abaixo do índice recomendado pelo ministério da saúde, que é de 95%.

PNI 50 anos

O Programa Nacional de Imunização (PNI) foi criado em 18 de setembro de 1973 e atualmente é referência em todo o mundo. Este ano, completa 50 anos de existência. O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas vacinas no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibilizadas de forma gratuita para a população.

O programa oferece mais de 20 vacinas, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. São 48 imunobiológicos (vacinas, imunobiológicos especiais, soros e imunoglobulinas) disponibilizados gratuitamente. O Brasil possui mais de 38 mil salas de vacinação localizadas nos municípios, sendo mais de 900 salas em Goiás.

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