Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Cresce casos de diabetes

Somente em Goiás, o Ministério da Saúde estima que 320 mil pessoas sofram com a doença. Em dez anos o número de diabéticos no Brasil cresceu 61,8%

Postado em: 18-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Somente em Goiás, o Ministério da Saúde estima que 320 mil pessoas sofram com a doença. Em dez anos o número de diabéticos no Brasil cresceu 61,8%

Gabriel Araújo*


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Uma estimativa do Ministério da Saúde revela que a população com diabetes no estado de Goiás chega a 320 mil pessoas. Os números mais preocupantes são referentes à taxa de mortalidade da doença, no ano de 2000 a mortalidade foi de 14,9 para cada 100 mil/habitantes, enquanto em 2015 subiu para 25,7 óbitos para cada 100 mil/habitantes, o que equivale a um aumento de 30,4%.

Segundo dados da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (SES), a doença levou a morte 1.696 pessoas no Estado somente em 2015. Em 2016, foram internados 7.241 pacientes, o que acarretou a um gasto de R$ 3 milhões com tratamento na rede de Saúde.

Para a coordenadora de Doenças e Agravos não Transmissíveis da SES-GO, Selma Alves Tavares de Oliveira, o diabetes é uma doença silenciosa que leva a diversas complicações na saúde. “Essa doença é gravíssima. Além das mortes, pode causar derrame, cardiopatias, cegueira, infarto agudo do miocárdio, doenças renais e insuficiência circulatória nos pés que desencadeiam amputação de membros inferiores”, afirmou.

De acordo com a dona de casa Germina Pires de Sousa, 60 anos, a doença já atrapalha o dia-a-dia há 14 anos, quando foi diagnosticada pela primeira vez. “Sempre tive de fazer tratamento aqui no Hospital Geral de Goiânia Alberto Rassi (HGG), mas às vezes a gente sofre com os pés e a pele”, contou.


Nacional

Segundo estimativa do Ministério da Saúde, o número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos 10 anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em abril de 2017, revelou que as mulheres passaram a representar mais diagnósticos da doença, o grupo passou de 6,3% para 9,9% no período, contra índices de 4,6% e 7,8% registrados entre os homens.

De acordo com o estudo, no Brasil, o número de pessoas com diabetes aumenta com a idade e é quase três vezes maior entre os que têm menor escolaridade. Nestes casos, os brasileiros que têm até oito anos de estudo apresentam índice de diagnóstico de diabetes de 16,5%. O percentual cai para 5,9% entre os brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 4,6% entre os que têm 12 ou mais anos de estudo.

Já em relação à idade, o estudo revela que nas pessoas que estão entre 18 e 24 anos, o índice é de 0,9%. Entre brasileiros de 35 a 44 anos, o índice é de 5,2% e, entre os com idade de 55 a 64 anos, o número chega a 19,6%. O maior registro, entretanto, é na população com 65 anos ou mais, que apresenta índice de 27,2%. 


Primeiro Centro especializado vai atender exclusivamente diabéticos  

Foi inaugurado na manhã de ontem (27) o primeiro centro especializado no atendimento de portadores de diabetes em Goiás. O local passa a oferecer atendimentos de alta complexidade e já começa a realizar cirurgias e outros serviços. A previsão é que o Centro realize cerca de 2 mil atendimentos por mês.

O Centro de Apoio ao Portador de Diabetes (CAPD), como ficou definido, será gerido em uma parceria com o Governo Estadual e foi construído após o vereador Jorge Kajuru (PRP) iniciar o projeto. A obra foi custeada por emendas parlamentares liberadas pelo Governo Federal para os deputados Lincoln Tejota (Pros), Daniel Vilela (MDB) e ministro Alexandre Baldy. No total foram investidos pouco mais de R$ 3,5 milhões.

Para Kajuru, a criação do centro especializado é um primeiro passo na luta contra o diabetes. “É o dia mais importante da minha vida, não só na vida pública, mas como cidadão sabendo o que tanta gente passa com essa maldita e silenciosa doença chamada diabetes. A terceira que mais mata no mundo”, contou.

De acordo com o chefe do Serviço de Endocrinologia e Diabetes do HGG, Nelson Rassi, responsável pelo CEAD, o Centro será referência no atendimento a diabéticos e a seus familiares em todo o Centro-Oeste do país. “O paciente terá um atendimento global, com uma equipe multidisciplinar reunida dentro de um mesmo local para acolhimento do paciente, que não terá dificuldades com mobilidade ou custos, pois o serviço será exclusivamente pelo SUS”, contou.

Conforme informado pelo deputado Tejota, o CAPD irá oferecer diversos tipos de procedimentos, que vão desde o atendimento ambulatorial aos procedimentos de alta complexidade.  “O diabetes é considerado o mal do século, pois está relacionado a várias doenças crônicas, como infarto, derrame e amputação de membros. Dessa forma, ter uma unidade destinada exclusivamente ao tratamento desse grupo peculiar é uma verdadeira revolução na Saúde de Goiás”, completou.

Além do investimento estadual, o Governo Federal disponibilizou, através do Ministério da Saúde, cerca de R$ 6 milhões, além dos equipamentos e toda estrutura. O centro clínico passa a funcionar em um espaço no Lago das Rosas e os procedimentos cirúrgicos serão realizados no Hospital Geral de Goiânia Alberto Rassi (HGG). 

Com isso, o Estado investiu cerca de R$ 1,5 milhão, mais R$ 400 mil mensais de custeio. “O espaço foi criado para levar mais qualidade de vida aos usuários do SUS, ampliando o atendimento e promovendo a melhoria na assistência”, lembrou.


Diabetes

O Diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla que decorre da falta ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos, que é a manutenção metabólica da glicose. A doença se caracteriza por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente.

Segundo informações do Ministério da Saúde são dois os principais tipos de diabetes, o Tipo 1 é causada pela destruição das células produtoras de insulina, em decorrência de um defeito no sistema imunológico, este tipo ocorre em cerca de 5 a 10% dos diabéticos. Já o tipo mais comum, conhecido como Tipo 2, resulta da resistência à insulina e de deficiência na secreção de insulina no corpo, o que afeta cerca de 90% dos doentes.


Prevenção e controle

De acordo com o Ministério da Saúde, os pacientes com histórico familiar de diabetes devem ser orientados a manter o peso e a pressão arterial em níveis normais. Além de evitar medicamentos que potencialmente possam agredir o pâncreas, não fumar e praticar atividade física regular.

Já para pessoas que sofrem com a diabetes, é preciso tomar alguns cuidados. O Ministério orienta o paciente a realizar exame diário dos pés para evitar o aparecimento de lesões, manter uma alimentação saudável, utilizar os medicamentos prescritos e praticar atividades físicas, além de manter um bom controle da glicemia. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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