Especialista dá dicas de como não se dar mal com procedimentos estéticos 

Especialistas ressaltam a importância de escolher um profissional qualificado, com histórico positivo, que trabalhe em uma clínica regulamentada e que utiliza técnicas legalizadas

Postado em: 28-07-2023 às 08h00
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Especialista dá dicas de como não se dar mal com procedimentos estéticos 
O mercado da estética tem crescido de forma exacerbada no Brasil | Foto: iStock

Nos últimos anos, o mercado da estética cresceu exponencialmente e a quantidade de técnicas acompanhou esse aumento. Alguns procedimentos estéticos são mais complexos e envolvem processos cirúrgicos. Nesses casos, a Resolução 1.621/2001 do Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu artigo 1°, aborda que a cirurgia plástica deve ser exercida por médicos devidamente qualificados, utilizando técnicas reconhecidas cientificamente. Entretanto, muitas pessoas não habilitadas realizam procedimentos estéticos e, às vezes, em estabelecimentos não licenciados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebe e monitora denúncias recebidas sobre os serviços de saúde e os serviços de interesse à saúde. Segundo a entidade, nos últimos anos, os serviços de estética e embelezamento aparecem como os mais denunciados e reclamados, com uma média de 60% das denúncias. A Anvisa ressalta que novos riscos de complicações para a saúde dos pacientes podem surgir com o uso cada vez maior de produtos e equipamentos de alta tecnologia e da variedade de procedimentos oferecidos em salões de beleza e clínicas de estética. 

A Anvisa alerta que diversos fatores ambientais e genéticos podem influenciar nas consequências de procedimentos estéticos, principalmente dos mais invasivos. Alergias, inflamações e infecções são reações prováveis e que podem levar ao adoecimento, à incapacidade ou até mesmo à morte. Por conta disso, é extremamente importante ter cuidado com os riscos relacionados às intervenções na aparência. A reportagem do Jornal O Hoje entrou em contato com especialistas da área da estética, que apontaram quais atitudes devem ser tomadas antes de optar pela realização de um procedimento estético. 

Continua após a publicidade

Pesquise antes

Segundo a esteticista Jordana Guimarães Souza, até mesmo os procedimentos que apresentam risco mínimo podem trazer complicações. “É importante frisar que independente do profissional da estética e da saúde que atue na estética, seu corpo é único e você pode sim passar por uma intercorrência ou efeito adverso a algum medicamento. Então, pese na balança, vale mesmo a pena mexer no seu corpo. Eu sei que queremos melhorar e envelhecer bem, mas busque sempre prevenir o envelhecimento da maneira mais natural possível, através de hábitos saudáveis e da alimentação”, afirmou.

A especialista ressalta que o profissional de estética necessita ter alguns cuidados. “Deve realizar uma boa anamnese (entrevista) do cliente, atentar à utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), à limpeza adequada dos instrumentos de trabalho, à utilização de produtos de qualidade e dentro da data de validade e fazer uso do conhecimento técnico e das atualizações científicas”, destacou. Assim como os médicos esteticistas são responsáveis por essas práticas de precaução e prevenção, os pacientes também devem ter obrigações em relação à saúde. 

Jordana Guimarães orienta aqueles que desejam passar por intervenções no corpo. “Veja os resultados do profissional escolhido, procure o nome dele no Google, nos conselhos de classe e descubra a formação, onde formou, no que especializou, se fez pós graduação, se é cadastrado no site da marca que você procura, se já teve algum problema na justiça. Estude sobre o procedimento que você deseja realizar, fisiologia, aparelhos. Seja curioso, marque uma consulta com mais de um profissional capacitado e feche o procedimento com aquele que te passou mais segurança”, aconselha.

Cuide depois

Após pesquisar bem e ter certeza que deseja se submeter a um procedimento estético invasivo, é importante saber que é possível evitar complicações após a cirurgia. A médica Débora Brito, que trabalha na área da estética há mais de 15 anos, explicou ao O Hoje quais cuidados devem ser tomados. “Primeiro, é seguir todos os protocolos do pós-operatório prescritos pelo médico. O segundo passo é selecionar um profissional capacitado para cuidar de você no pós-operatório, como a drenagem, o banho, a troca do curativo e aplicação de injeções”, salienta.

Segundo a esteticista, a insatisfação individual do cliente nem sempre é de responsabilidade do procedimento realizado pelo médico. “Às vezes é porque o nível de exigência e de perfeição da paciente é tão grande que não dá pra responder afinco. Normalmente, o grau de exigência das mulheres é mais elevado. A respeito de intercorrências, podem acontecer sim várias intercorrências como uma cicatriz de abdominoplastia romper alguns pontinhos e inflamarem”, exemplifica. No entanto, a médica adverte que muitas complicações podem ser evitadas pelo próprio paciente.

“Devido ao próprio organismo da paciente, porque quando ela sai do centro cirúrgico ela sai perfeita, só que aí na movimentação, às vezes, os pontos inflamam. Por isso, tem que ter muito cuidado na hora de deitar e de levantar para não provocar sofrimento na cicatriz”, orienta. Entretanto, a esteticista ressalta sobre a importância de se escolher clínicas e profissionais habilitados. “Não coloque sua saúde e sua vida nas mãos de falsos médicos. Verifique a regulamentação da clínica, dos profissionais, das técnicas utilizadas e de todos os medicamentos que serão aplicados no seu organismo. Assim, você pode seguir os cuidados pós-operatórios tranquilamente”, enfatizou Débora Brito. 

CosmoBeauty

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, chegou a cinco o número de goianas que denunciaram complicações de saúde após procedimentos estéticos usando produtos da empresa CosmoBeauty, que são produzidos em São Paulo. Elas tiveram reações graves e gravíssimas e chegaram a ficar hospitalizadas em unidades de terapia intensiva (UTIs). Ele é composto de ácido hialurônico reticulado e hidroxiapatita de cálcio, descrito como um “ácido hialurônico com bioestimulador”. A Anvisa informou que o produto teve a notificação como cosmético cancelada em junho de 2022. Por isso, não pode ser vendido ou utilizado. No entanto, a PCGO descobriu na apuração do caso que pelo menos 38 caixas do preenchedor foram comercializadas em um evento realizado em Goiânia, em 19 de junho. A Vigilância em Saúde (Suvisa) de Goiás proibiu a distribuição e comercialização. Portanto, empresas que têm estoques precisam guardá-los durante a vigência da determinação.

Veja Também