Postes de madeira preocupam população

Apesar da baixa quantidade de postes de madeira, estrutura ultrapassada preocupa moradores com eventuais quedas

Postado em: 19-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apesar da baixa quantidade de postes de madeira, estrutura ultrapassada preocupa moradores com eventuais quedas

Goiás possui pouco mais de 341 mil postes de responsabilidade da Enel. Destes, 2006 são construídos em madeira

Gabriel Araújo*

Postes próximos às casas, com ondulações e cupins, essa é a preocupação de moradores da Vila Romana, zona leste da Capital. Na região, a utilização de postes de madeira ainda é comum, sendo trocados somente quando as estruturas estão prestes a cair. A utilização de postes de madeira diminuiu nos últimos anos, mas os poucos que restaram não contam com manutenção recorrente e podem levar riscos à população.

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De acordo com estudos realizados no último mês de maio pela própria distribuidora de energia no Estado, Enel, e acessadas com exclusividade pelo O Hoje, Goiás possui pouco mais de 341 mil postes de responsabilidade da empresa. Do total, 2006 são construídos em madeira e seis são postes de ferro.

Não existe uma legislação que impede a utilização de postes construídos em madeira, mas a principal reclamação é quanto a falta de manutenção nos locais, o que pode acarretar a problemas estruturais, como cupins e madeira podre. 

A distribuidora não respondeu quanto ao estudo e manutenção dos postes, apenas enviando um posicionamento em resposta. “A Enel Distribuição Goiás esclarece que do total de postes no Estado de Goiás, apenas 5% são de madeira. A empresa acrescenta que estes postes estão sendo substituídos gradativamente por não oferecer riscos à população ou a qualidade no fornecimento de energia”, afirma a distribuidora em nota.

Apesar disso, a falta de manutenção em algumas áreas preocupa a população. “Até a fiação dos postes é estranha, quando acaba energia em qualquer lugar próximo daqui acaba aqui também. Esse poste mesmo está no meio de uma rua, não deveria está aqui”, contou uma moradora da Vila Romana, região leste da Capital, que preferiu não se identificar.

O Hoje entrou em contato com a Enel questionando como funciona a manutenção de postes de madeira no Estado, mas até o fechamento desta edição não foi respondido.

Segundo a empresa, novos investimentos irão melhorar a distribuição e diminuir as quedas de energia no Estado. “Tem que colocar tecnologia, e é o que a gente está fazendo. No tempo, 2020, vamos estar com 40% menos de interrupções, que é quase que dobrar a qualidade que a gente tem hoje”, afirmou o presidente da Enel Distribuição Goiás, Abel Alves Rochinha.

A empresa ainda afirmou que no ano passado foram investidos R$ 830 milhões em tecnologia para modernizar as redes de distribuição. Nos próximos dois anos devem ser investidos mais R$ 2 bilhões em obras por todo o Estado.

A Enel é a maior companhia de energia elétrica da Itália, emprega mais de 75 mil pessoas e está avaliada em 38,6 bilhões de euros. No Brasil ela atua como distribuidora de energia elétrica em quatro estados, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul. No Estado, em 2017, a empresa construiu três novas subestações e foram ampliadas dez outras. 

Cabeamento subterrâneo é aprovado, mas deve demorar duas décadas 

O Projeto de Lei nº 00531, de 2017, que busca substituir os postes e torres de energia por árvores a serem regulamentadas pelo Poder Executivo de Goiânia foi sancionado pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). O projeto foi aprovado no último mês de maio em segunda votação na Câmara Municipal e busca melhorar a qualidade da linha de transmissão de alta tensão na Capital. “As árvores, além de terem o importante papel de amenizar o clima da cidade, têm função paisagística e de qualificação do espaço urbano, aumentando a qualidade de vida da população”, afirmou o autor do projeto vereador Elias Vaz (PSB).

A votação na Câmara Municipal aprovou o projeto que obriga a Enel Distribuição Goiás a instalar cabeamento subterrâneo de linhas de transmissão de energia acima de 69 quilovolts. Caso a empresa descumpra o estabelecido, será aplicada uma multa diária de 200 Unidades de Valor Fiscal de Goiânia (UVFG). Além disso, se a instalação da rede subterrânea em projetos datados depois da sanção do prefeito não ocorrer, outra multa de 1% sobre o faturamento mensal médio da empresa no ano anterior e de 0,5% caso a regra de realizar a substituição de no mínimo 5% ao ano não seja cumprida.

Segundo informado pelo vereador Elias Vaz (PSB), o principal objetivo é levar mais segurança à população, além de diminuir a poluição visual na cidade. “Foi uma decisão importante para garantir mais segurança à população e eficiência ao serviço. O cabeamento subterrâneo é realidade em vários países e agora será implantado também em Goiânia”, afirma o vereador.

De acordo com o texto do processo, a proposta obriga as concessionárias de transmissão e distribuição de energia elétrica a realizarem a substituição, evitando gastos do Estado. Além disso, fica estabelecido um prazo de 20 anos para que as mudanças sejam realizadas, com um mínimo de 5% em trocas anuais. “É um tipo de investimento que é mais caro no início, mas que traz benefícios a longo prazo. A cidade terá menos problemas com rompimentos de cabos, falta de energia e acidentes, sem contar a questão da poluição visual”, defende o parlamentar. A previsão é de que sejam plantadas árvores no lugar dos postes removidos após a retirada do cabeamento aéreo.

Ainda segundo o vereador, a nova lei deve ajudar outros projetos que ainda não foram totalmente implantados. “Seja por não ter sido iniciada a implantação, interrupção por falta de licença ou pendência no cumprimento de preceitos legais. Queremos também auxiliar na adequação dos projetos que encontram dificuldades no cumprimento de todas as exigências legais”, completou.

Cabos Inutilizados

Além do Projeto de Lei nº 00531, do ano passado, tramita na Câmara dos Vereadores um projeto que busca tornar obrigatória a remoção dos cabos e fiação aérea que estão sem uso e foram instalados por concessionárias que operam na rede municipal de fiação.

De acordo com o texto, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) seria a responsável pela notificação dos responsáveis pela instalação de cabos nos postes da Capital. Os responsáveis teriam um prazo de 30 dias para apresentar um plano de remoção da rede excedente e, em caso de não apresentação ou descumprimento do plano, a empresa poderá ser multada no valor de R$ 10 mil por dia.

O texto ainda determina que as concessionárias prestadoras de serviços de telefonia, televisão a cabo e internet terão um prazo de um ano para realizarem adequações nas instalações pela cidade. De acordo com o autor do projeto, vereador Vinicius Cirqueira (PROS), o texto busca corrigir os problemas causados pelo excesso de fiação. “Essa fiação solta se transforma em um emaranhado de fios não utilizados e acaba sobrecarregando os postes”, afirmou. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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