“Inventores” revelam segredo de primeiro avião construído em Goiânia 

Com subsídio da Goiás Fomento para a finalização do projeto, aeronave modelo Fits F2 promete facilitar pilotagem e voo mais barato

Postado em: 29-07-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Aeronave deverá ser o primeiro avião de 3 lugares a ter seu projeto aprovado na Agência Nacional de Aviação Civil | Foto: Reprodução

Com espaço para acomodar dois passageiros e um terceiro assento que suporta outra pessoa de até 50 quilos e 1,60 metro, a aeronave foi fabricada pelo empresário e engenheiro aeronáutico Luciano Ribeiro de Castro, o engenheiro mecânico e aeronáutico Celso Faria de Souza e o piloto de jatos executivos, Klezio Gomes Marinho Matos. O aeroplano se destacou na Aviation XP Centro-Oeste, feira de aviação que aconteceu em junho no Aeroporto Santa Genoveva. 

O piloto Marinho lembra que o projeto começou no final de 2019 e surgiu da junção das percepções de aviação de um mecânico e um aeronáutico – ambos engenheiros. “A ideia surgiu após avaliarmos que a necessidade de deslocamento no nosso país era muito grande, e havia pouca cobertura aérea de linhas nas cidades do Brasil, já que menos de 2% dos municípios do Brasil são cobertos”, apontou.

Em um dado momento, durante a pandemia, os engenheiros tiveram que vender parte da empresa, e essa pequena parte da empresa ajudaria a concluir essa aeronave. “Com a guerra da Ucrânia, a dificuldade de escoamento de produtos aeronáuticos por parte da Europa e dos Estados Unidos acabou que tivemos um braço muito importante e o financiamento da Goiás Fomento ajudou a concluir a participação da aeronave”, explica.

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Orgulhoso, Luciano de Castro explica que o FITS F2 traz novidades aprovadas pela ANAC, após a edição da Resolução 686, de 13 de julho de 2022, que visa simplificar, fomentar e modernizar o segmento aeronáutico no Brasil. Com isso, o empresário reconhece que a aeronave foi desenhada especialmente para o novo usuário da aviação, com novidades a exemplo da asa alta, que facilita as manobras, a pilotagem e é ideal para pilotos inexperientes. 

“Essa aeronave possui paraquedas balístico que permite o pouso em segurança, mesmo com pane total elétrica e do grupo motopropulsor, ou seja, em caso de emergência, não são os ocupantes que o vestem, é a aeronave que é integrada ao paraquedas”, acrescenta. 

Finalização 

Para concluir o projeto, os sócios adquiriram financiamento da Goiás Fomento no valor de R$ 385 mil, por meio da linha INOVACRED, que faz parte do Programa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública Finep, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). 

Conforme o presidente da GoiásFomento, Eurípedes do Carmo, como agente fomentador do desenvolvimento de negócios em Goiás, a instituição financeira, em parceria com a Finep, financia projetos inovadores para micro, pequenas e médias empresas e outras instituições que buscam aperfeiçoar a tecnologia existente. “Entendemos que a inovação é o caminho para aumentar a competitividade e garantir novos empregos. A GoiásFomento segue as diretrizes do governador Ronaldo Caiado e apoia todos os setores produtivos do Estado”, declarou.

A aeronave atende cinco setores da aviação, podendo ser utilizada para ministrar instruções de voo para pilotos privados, pilotos comerciais e voos por instrumentos. Ela pode ser utilizada por fazendeiros que perdem muito tempo e correm muito risco, se deslocando entre as suas faz cidade pode atender pessoas que moram numa cidade, tem uma casa de veraneio em outra cidade muito distante ou pessoas que tem empresários que têm empresas em pequenas cidades mais distantes e não precisa fazer umas visitas uma vez, duas por semana então o público-alvo é bem extinto

“Ela não tem limitações operacionais relacionadas à experimentais possuem. Por ser uma aeronave não experimental o contato bilateral com a ANAC já ocorre há mais de dois anos e a aceitação do projeto acreditamos que deve se concluir em três, quatro meses nós estamos em contato com a ANAC”, enfatiza.

O estado de Goiás é muito bem-visto pelo brasileiro devido a essa logística diferenciada. “Estamos no centro do país e ainda não possui no estado de Goiás um centro de pesquisa e desenvolvimento aérea social como uma fábrica de aeronaves que nós estamos concluindo as nossas etapas. Então acreditamos que podemos e vamos somar muito para esse desenvolvimento no nosso estado, gerando empregos diretamente”, complementa o engenheiro.

Público alvo 

Segundo os criadores, o avião tem o objetivo de atender cidades que necessitam de deslocamentos frequentes, mas que não são atendidas por linhas aéreas. “O aeroplano atenderá o empresário que possui filiais em diferentes cidades, assim como o homem do campo que se desloca da fazenda para a cidade, dentre outras possibilidades”, destaca o comandante. 

“O mercado que está guardando essa aeronave é muito grande no Brasil, porque a gente acredita que a necessidade de transporte no nosso país é ampla, considerando que temos mais de 5,5 mil cidades. Essa é uma aeronave que atende um pequeno fazendeiro ou um grande ou um empresário pequeno que tem uma rede de farmácias, supermercado ou uma escola de aviação que precisa atualizar as aeronaves que estão muito antigas. Então o público-alvo é bem distinto”, analisa Marinho.

O projeto finalizado no Aeródromo Brigadeiro Mário Eppinghaus, na Vila Mutirão, permite maior manobrabilidade e fácil pilotagem. O Fits F2 voa a 200 quilômetros por hora, tem autonomia de até 10 horas e o custo da hora de voo é em média R$ 150. O avião possui paraquedas balístico, o que permite o pouso da aeronave em segurança mesmo com pane total elétrica, além de painel moderno e minimalista.

A aeronave deverá ser o primeiro avião de dois lugares a ter seu projeto aprovado na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) após a edição da Resolução 686/2022, que visa simplificar, fomentar e modernizar o segmento aeronáutico no Brasil. “O Fits F2 já contará com algumas novidades permitidas dentro da nova legislação, como o Peso Máximo de Decolagem (PMD), que antes era de 600 quilos e agora 700 quilos, além da motorização elétrica, que será incorporada nos próximos anos”, finaliza Luciano.

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