Ir ao dentista duas vezes ao ano é essencial para manter saúde bucal, diz especialista

Negligenciar a saúde bucal pode ter como consequência não apenas problemas como cárie e mau hálito, mas até doenças em outras partes do corpo

Postado em: 31-07-2023 às 08h43
Por: Ronilma Pinheiro
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Negligenciar a saúde bucal pode ter como consequência não apenas problemas como cárie e mau hálito, mas até doenças | Foto: Ministério da Saúde

A saúde bucal é um fator que vai muito além de uma questão de autoestima e pode ser a chave para uma vida mais saudável. Além de afetar significativamente na aparência, contribuindo ou prejudicando a autoimagem, a saúde da boca também pode ter efeitos graves no resto do corpo.

Dessa maneira, negligenciar a saúde bucal pode ter como consequência não apenas problemas como cárie e mau hálito, mas até doenças em outras partes do corpo, que podem surgir a partir de infecções da boca, segundo os especialistas. 

Além da cárie, a falta de cuidados com os dentes pode acarretar uma série de doenças, conhecidas por doenças periodontais, como a gengivite e periodontite, mau hálito e aftas, segundo a cirurgiã-dentista Ranielly Sales Campos.

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Nesse sentido, Ranielly destaca alguns pontos essenciais na hora de realizar a higienização dos dentes, como a utilização do fio dental antes da escovação; utilizar escova com cerdas macias e creme dental; realizar a escovação de 3 a 4 vezes ao dia, dando ênfase na escovação noturna.

De acordo com a especialista, os tratamentos mais procurados são restaurações, onde os pacientes chegam no consultório reclamando de dor em algum dente e na avaliação, que é o exame clínico e raio-x, o motivo da dor é identificado. Para além destes, está também a busca por estética. “Tem os pacientes que querem melhorar a estética, com clareamento, faceta de resina ou porcelana, tratamento com aparelho ortodôntico, implante dentário ou prótese”, destaca a dentista.

Pesquisas sobre saúde bucal

No Brasil, as pesquisas sobre saúde bucal ainda são poucas, no entanto de acordo com o Ministério da Saúde, os problemas mais comuns são:  a cárie, caracterizada pela desintegração do dente provocada pela higiene inadequada, ingestão de doces e carboidratos ou, ainda, por complicações de outras doenças que diminuem a quantidade de saliva na boca; lesões bucais e aftas, que são inchaços, manchas ou feridas na boca, língua ou lábios; mau hálito; gengivite; placa bacteriana; tártaro; câncer de boca.

Um dos fatores que levam ao baixo número de pesquisa, é a baixa adesão da população em participar das pesquisas realizadas pelas instituições. Recentemente, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (Projeto SB Brasil), principal forma do Ministério da Saúde avaliar a condição de saúde bucal dos brasileiros, precisou ser adiada devido ao pouco número de respostas. Das quase 30 mil pessoas que foram convidadas a participar da pesquisa, a taxa de resposta, até o mês de maio deste ano, era de 51,7%.

No entanto, os resultados preliminares da pesquisa indicam que há muitos brasileiros precisando ir ao dentista com urgência. Entre os idosos com idade entre 65 a 74 anos, 44,9% necessitam de algum tipo de tratamento imediato, devido à dor ou infecção dentária de origem bucal.

Entre o público de 35 a 44 anos, foi identificada a necessidade de realizar ao menos um procedimento odontológico eletivo em 48,4% dos adultos examinados. Além disso, o SB Brasil chama atenção para a alta proporção do componente “cariado”, o que significa que, no momento do exame, a pessoa tinha ao menos uma cárie não tratada.

Programa Brasil Sorridente

Em maio deste ano, o projeto de lei nº 8131/2017, que inclui a Política Nacional de Saúde Bucal, com o Programa Brasil Sorridente, foi sancionado, sendo inserido definitivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A sanção ocorreu sem vetos e foi publicada no Diário Oficial da União.

O senador Humberto Costa (PT-PE), autor da proposta, justificou que era necessário tornar a saúde bucal uma política permanente de Estado, amparada no plano legal. O Programa Brasil Sorridente foi criado em 2004, durante a gestão de Humberto como ministro da Saúde, no governo Lula, e foi relançado em maio deste ano.

Na ocasião, Humberto relembrou que em 2017, o projeto foi apresentado com o objetivo de impedir que o Brasil, um exemplo de política de saúde bucal, deixasse de ser sorridente e voltasse a ser o país dos “banguelas”.

Diretrizes e competências

Ao menos dez diretrizes são listadas pela política e devem ser observadas na atenção à saúde bucal no SUS. Entre elas, há o estímulo à participação de representações da sociedade na elaboração das futuras estratégias. A obrigação de resolver toda demanda manifesta e a realização de realizar pesquisas nacionais periódicas também são diretrizes do documento. O texto defende ainda que todas as redes de atenção à saúde devem possuir serviços relacionados ao cuidado oral. 

Além disso, a Lei Orgânica da Saúde, que trata do SUS, também foi alterada para incluir competências da direção nacional, estadual e municipal do sistema de saúde quanto à política. Em nível nacional, cabe à direção elaborar diretrizes e as normas para a estruturação física e organizacional dos serviços de cuidado bucal. No caso das direções estaduais do SUS deverão não só coordenar mas também executar essas ações. Já aos diretores municipais compete apenas a execução desses serviços.

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