Cachos amarelos do ipê embelezam capital e alegram goianienses
Ipês encantam moradores que circulam no belo cenário amarelado da cidade, onde a cor das flores se contrasta com o céu e a vegetação seca
Por: Alexandre Paes
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Uma das épocas mais aguardadas pelos goianienses é a floração dos ipês amarelos. Entre galhos ainda por florir e pequenos buquês coloridos, a população já se encanta ao encontrar as árvores espalhadas pela cidade. Com uma beleza inigualável, a cor das flores se destaca no céu azul e no aspecto árido do Cerrado que deixa a vegetação seca.
“Admiro muito a questão de cores, formas, e a beleza das flores. Quando os ipês começam a amarelar, a paisagem dos parques, e até das ruas mais pacatas destacam os detalhes do centro-oeste e a beleza do cerrado”, comenta a jornalista Marielle Sales, que costuma caminhar todas as manhãs pelo Jardim Botânico.
A floração dos ipês-amarelos é uma das mais aguardadas, já que em média, a beleza dessas árvores dura cerca de 15 dias. A intensidade da florada é influenciada diretamente pelas condições climáticas, sendo que um inverno mais frio e seco tende a proporcionar uma exuberante exibição de flores.
“Nossas ruas ganharam um tom vibrante com o desabrochar das flores amarelas, anunciando o inverno e proporcionando um espetáculo natural aos moradores e visitantes”, conta o vendedor de água de coco, Luiz Lima Souto, que trabalha no parque e acompanha de perto a transformação visual do florescer das árvores.
Muitas pessoas aproveitam a beleza para fazer várias fotos. Existem espécies de várias cores, mas nessa época do ano predomina o amarelo. “Eu acho lindo, fica a lembrança. Eu nunca tinha visto assim, eu e meu esposo passamos aqui e fizemos um álbum de fotos com o celular mesmo”, disse a auxiliar de limpeza Priscila Santos Lima.
Segundo a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), estima-se que Goiânia possui uma média de 50 mil árvores de Ipês espalhadas por todo o município. E segundo o órgão, em geral, o Ipê começa a florescer após 5 anos de idade no ambiente natural, mas quando adubado floresce um pouco antes. “As mudas possuem desenvolvimento rápido, mas depois de um tempo o crescimento se torna lento e ela pode demorar cerca de 100 anos para atingir a idade adulta”, destaca a pasta.
Preocupação
O encanto não é só pelo deslumbramento com as cores do ipê. Por trás da beleza, existe a luta para sobreviver. O professor da PUC Goiás e biólogo Hélder Lúcio conta que a queda de temperatura é um fator que auxilia na floração. “Os ipês florescem na época em que as temperaturas são menores, e a árvore não derruba as flores por acaso, é para poupar energia nestes tempos de pouca chuva”, relata.
Além da estiagem, as flores que aparecem neste período enfrentam calor e ventania. Mas, por outro lado, encontram menos competitividade. “Como a gente observa, não tem tantas espécies em floração. O que acontece, ele vai atrair mais polinizadores para ele. Porque todo o ser vivo, o importante para ele, é a perpetuação da espécie”, explica.
O ipê se mostra forte em vários aspectos. Na ventania, a semente se espalha com mais facilidade, as flores em formato de cone atraem os pássaros. “Alguns casos, como o ipê-roxo, pode florir duas vezes no ano na mesma árvore, diferentemente dos demais. Ele é um dos que mais mantêm a florada, que dura entre 20 e 30 dias. O branco, por exemplo, dura entre três e oito dias”, diferencia o biólogo.
Os ipês são verdadeiras estrelas da floração. Espalhadas pela cidade, existem três tipos de espécie do ipê amarelo, todas do gênero Tabebuia (Bignoniaceae): o ipê-amarelo-felpudo, também conhecido como peludo; o Ipê-caraíba e o Ipê de Petrópolis. Os três possuem diferenças nas folhas e na floração, além dos tons de amarelo das flores também serem distintos.
O primeiro ipê a florescer é o roxo, que começa em junho. Em seguida, vem o amarelo, florescendo geralmente em julho e vai até setembro. O branco surge a partir de agosto, junto com o ipê rosa e, por último, floresce o verde, que é o mais raro entre os ipês, com alguns exemplares que podem ser encontrados nos bosques e parques de Goiânia.
Curiosidades sobre a planta
A planta apresenta diversas curiosidades, a começar pelo nome. Ipê é originário da língua tupi e significa casca dura. Tanto, que os índios utilizavam a madeira destas árvores para fazer arcos de caça e de defesa. O ipê amarelo já foi alvo de um decreto presidencial em 1961, quando Jânio Quadros, declarou que a espécie estaria imune ao corte, como forma de preservar a árvore símbolo do Brasil.
Na roça, entre os mais velhos, há quem diga que quando o ipê amarelo floresce é sinal de que vem chuva para molhar a terra seca. O botânico esclarece ainda, que antes de florescer, as folhas caem e as árvores ficam secas, mas quando as flores desabrocham, entre junho e setembro, a natureza fica em festa.
Apesar de serem mais comuns os ipês de cor roxa, rosa, amarelo e branco há outros tipos da planta que estão inclusive ameaçados de extinção. Por isso, é importante preservar, já que quando não há a ajuda do homem na hora de disseminar a espécie, o ipê conta apenas com o vento para levar as sementes e se reproduzir.