Três irmãos que morreram após carro cair em lago são enterrados em Cristalina
As crianças de 1, 3 e 4 anos estavam em carro dirigido por homem embriagado que deu ré e caiu em lago no Distrito Federal
Por: Ronilma Pinheiro
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As três crianças que morreram afogadas após o carro em que elas estavam cair dentro de um lago no Distrito Federal (DF) foram enterradas nesta segunda-feira (31) no cemitério de Cristalina (GO), no Entorno do Distrito Federal (DF). O veículo era conduzido por um homem embriagado.
Em entrevista, a avó das crianças, Maria Adva Antônia de Jesus, pediu que o motorista pague pelo que fez e diz não acreditar no que aconteceu. “Não caiu a ficha ainda, não estou acreditando que meus três netos tão mortos”, desabafou.
A avó conta que Raimundo Francisco da Silva estava bêbado no momento do acidente e trocou as marchas do veículo. “Não sei o que deu nele, ao invés dele dar a ré, ele foi na primeira e acelerou. Ele tem que pagar, não foi porque ele quis, foi algum erro ali, mas espero que ele pague, foram três vidas que ele tirou”, relembra.
Os irmãos Sarah Vitoria Barbosa, de 1 ano, Henrique Gabriel Barbosa Maciel, 3 anos, e Miguel Luís Barbosa Maciel, 4, estavam no carro jogado na Barragem da Lagoa do Japonês, na DF-295, próximo à divisa de Goiás com São Sebastião, na tarde de sábado (29). Na ocasião, o motorista que dirigia sob efeito de bebida alcoólica, foi preso.
As crianças foram até uma represa em São Sebastião com a mãe Silvania Antonia Barbosa, 24 anos, a avó Maria Adva Antônia de Jesus, 57, e o motorista. O suspeito, identificado como Raimundo Francisco da Silva, de 52 anos, teria ingerido bebida alcoólica no período em que ficou no local e quando decidiram ir embora, apresentou dificuldades para realizar a manobra e o veículo acabou caindo dentro da água.
Após a tragédia, os três adultos conseguiram escapar do veículo. O motorista fugiu do local a pé. Os três menores infelizmente perderam a vida no acidente. Um deles, Miguel Luís, foi retirado do carro pelas mulheres. No entanto, quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, o menino estava às margens do lago, já sem vida.
Dentro do veículo, foram encontradas 15 latas de cerveja, sendo que quatro embalagens de 269ml estavam fechadas. Além disso, o teste do bafômetro de Raimundo, marcou mais que o dobro do que é considerado crime de trânsito. O homem tinha 0,63 mg/l de álcool no sangue. De acordo com o art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, a pena para casos assim é detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão da CNH.
O cabo Diego, da PMGO, explicou ao portal Métropoles que Raimundo chegou a socorrer uma das crianças, mas fugiu do local, percorrendo cerca de 6 km até sua residência. “Populares disseram que ele tinha trocado de roupa e empreendido fuga. Ele pegou carona para uma fazenda. Na fazenda, encontramos o gerente e um funcionário: Raimundo. Ele estava com a mochila. Provavelmente o gerente nem tinha ciência do acontecido”, explica.
O homem foi indiciado por homicídio qualificado, embriaguez ao volante e evasão do local, segundo a Polícia Civil do DF.
Testemunhas do acidente
Uma testemunha que pescava no local disse ao Metrópoles que, ao ouvir o carro caindo na água, ligou para os Bombeiros. “Todos estavam embriagados” e, inclusive, Raimundo “mal parava em pé”. A testemunha disse ainda que após ver o cenário trágico, o homem “saiu discretamente do local” enquanto ela tentava informar a localização ao Corpo de Bombeiros. Ou seja, fugiu.
De acordo com a avó das crianças, a filha Silvania teria dito que só entraria no veículo quando Raimundo estivesse longe da represa. No entanto, o homem teria dito: “Você está pensando que eu estou bêbado? Eu não estou bêbado, não. Pode entrar todo mundo aqui”, relata Maria Adva.
“Na hora em que a gente entrou no carro, em vez de ele colocar a marcha ré, colocou a primeira e jogou o carro para dentro da barragem. Meu netinho ainda gritou para ele parar, mas, em vez de ele tentar parar o carro, parecia que ele acelerava mais”, disse a avó.
“Não houve intenção”
Em nota publicada no último domingo (30), a defesa de Raimundo disse que “não houve intenção” do motorista em matar as crianças. Ele responde por homicídio doloso, pois teve a intenção de assumir o volante do carro.
Ainda no texto, os advogados Júnio Oliveira e Marcos Roque que compõem a defesa do suspeito, destacam que nos autos do processo, ainda não existe qualquer evidência que Raimundo acelerou o veículo em direção ao lago e que motorista prestou socorro a uma das crianças, assim como narrado por familiares e testemunhas à polícia.
O homem teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, durante Audiência de Custódia realizada na manhã de domingo (30), fundamentando a sua decisão pela gravidade em abstrato e na comoção social dos fatos.
A defesa alega ainda que, após o acidente, Raimundo teria ido até sua residência trocar de roupas para se apresentar à polícia e que não se opôs ao cumprimento do rito penal.